BLOGU’EUS
Vamos supor que eu queira criar um blog para postar meus
escritos. Pode até ser, mas não é que eu considere esse tal de blog um saco de
lixo eletrônico; acho, sim, que se trata de um recurso acessível, democrático,
para expressão e compartilhamento de ideias e textos.
Tomada a decisão, depois de muito pensar, repensar,
sopesar, ponderar, sou aconselhado pelo tutorial a escolher um nome sugestivo e
apelativo, elegante e charmoso, insinuante e provocativo para que meu espaço na
Internet tenha o merecido destaque frente à enxurrada de concorrentes.
Analfabeto funcional das novidades tecnológicas, procuro
me precaver com todos os cuidados para que possa sobreviver com um mínimo de
decência nessa terra hostil e sem lei, frequentemente assaltada por bandoleiros
modernos, denominados hackers, que infestam os computadores com vírus letais.
Depois disso tudo e mais tudo isso, chego ao nome fatal,
símbolo de minha vitória ou danação: Blog das Coletâneas Belas & Ridículas
(BCBR).
- Belas: porque
quero atingir aquele estrato de pessoas sensível à qualidade, que não se
satisfaz com o medíocre e o vulgar. Quero atrair aquelas pessoas que se
encantam com a beleza e com as coisas bem feitas.
- Ridículas
porque se trata de um rótulo, e existem pessoas que gostam de estabelecer
rótulos e orientam suas vidas em função dos mesmos. Tais pessoas detestam
detalhes, os pormenores, as dissertações e descrições. Nos medicamentos, por
exemplo, contentam-se em tomar conhecimento do nome genérico, dizem que a
leitura da bula é coisa de hipocondríaco. O rótulo é, pois, algo fulminante e
mortal, como um tiro certeiro. O rotulante passa os olhos por sobre o objeto em
questão e dispara, simplesmente: “Isso é ridículo!" E pronto. Mas eu
preciso dele, dentro da máxima de que “falem mal, mas falem de mim”.
- Coletâneas:
* Crônicas: Trata-se
de um gênero literário posicionado entre a inspiração da poesia e a
transpiração do conto ou do romance. Com ele, não há o risco de se perder o fio
da meada; discreto, está indo embora, quando você pensa que está chegando ou
quando demonstra um mínimo de cansaço. A crônica é eclética e, como a
burguesia, tem um discreto charme (nem sei como me ocorreu tal analogia).
* Poemas: Escritos
também belos e ridículos, que visam a um enfrentamento com o signo literário.
No meu caso, ouso buscar recursos em outros autores (simulacros) e escrever até
hai-kais.
- Coletâneas Belas & Ridículas:
Qualquer pessoa, com um mínimo de bom senso, irá se perguntar o que isso estará
querendo dizer. Levada pela curiosidade, aproxima-se e cai nas malhas da
leitura. Só então, irá perceber que, a exemplo de muitos predadores, usei do
artifício da falsa isca para torná-la minha vítima. Mas isso é força de
expressão, pois quero fazer de cada leitor um amigo e cúmplice.
- BCBR: pra quem gosta de
sigla. (Podia ser BBCR, pegando carona com a famosa emissora britânica – mas
seria ousadia demais, e eu bem sei que modéstia e caldo de galinha não fazem
mal a ninguém.)
Então, está aí. Alea jacta est! Blogu’eus!
P.S. Depois de muito pensar, chego à conclusão de que a
sigla do blog será BBCr, pois aqui não é lugar para modéstia e devo aproveitar
todas as chances para aparecer; aqui – como cantava Tim Maia – vale tudo. Esta
é minha 2ª falsa isca. Agora, só torcer para que a Lua me seja favorável e o
mar esteja para peixe.
Graça e Etelvaldo
Nota: Todas as semanas, aos sábados, postaremos um ou mais
trabalhos.
Puro
gesso
(Pur
hoje é só)