ISTO OU AQUILO? NÃO É NADA DISSO


Crianças e bebês fazendo coisas engraçadas, confira e compartilhe ...
Imagem: quibesurdo.com.br


Existem várias possibilidades entre o isto e o aquilo: uma coisa pode ser isto ou aquilo; também pode ser isto e aquilo concomitante; até mesmo pode ser nem uma coisa e nem outra, algo diferente do isto ou do aquilo.
Exemplos disso:
F Perguntaram ao Roberto Carlos, nos tempos em que ele era uma ‘brasa, mora’:
- Roberto, o que você prefere: uma flor ou um carrão?
- Prefiro uma flor dentro de um carrão – respondeu o rei, já com aquele sorriso de mala velha.
F Certo político, viajando pelo interior de Pernambuco, teve o carro estragado numa cidadezinha. Entrando num casebre, em conversa com a família dali, perguntou em certo momento a uma menininha de uns seis anos de idade:
- Me diga uma coisa: de quem você gosta mais – do papai ou da mamãe?
- Gosto mais é de carne – a menina respondeu com os olhos brilhando.
O mundo do político, às vezes, é muito complicado, tão complicado que quase justifica seu indecente padrão de vida comparado ao da maioria do povo brasileiro. Ele está sujeito a passar por situações bem constrangedoras, quando iria preferir ser uma avestruz, enfiando a cara num buraco, ao ter que se posicionar entre isto ou aquilo.
Governador Ibaneis Rocha adia reabertura do comércio do Distrito ...
Imagem: Poder360

O diálogo narrado a seguir é quase que a transcrição de uma reportagem do jornal DCM, de 17/06/2020: o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, se irrita com uma repórter da Folha de São Paulo, ao ser instigado a se posicionar entre isto e aquilo.
- O senhor acha que ele deveria ter se manifestado? – perguntou a repórter, querendo saber se o presidente Bolsonaro deveria ter feito algum tipo de declaração sobre o ataque ao Supremo Tribunal por parte de seus apoiadores.
Esta pergunta irritou Ibaneis. O presidente merecia uma crítica; por outro lado, fazer a crítica significava correr o risco de sofrer represálias econômicas. O que ele fez foi tomar o telefone da repórter.
- Você está muito, olha, muito no ‘acho’. Eu não respondo no ‘acho’.
- Mas...
- Não adianta, porque esta entrevista não está dada, porque eu não estou aqui para achar. Você está achando.
- Mas o celular é meu...
- Você está achando falou o governador, enraivecido. – Você vai apagar a entrevista e acabou.
- Não, governador, a gente está conversando.
- Não estamos conversando. Você está querendo que eu ache. Eu não estou aqui para achar.
- Eu não estou querendo. Estou aqui para perguntar a sua opinião, a opinião do governador – falou a repórter.
- Por favor, eu não estou aqui para lhe dar opinião, estou aqui para dar a entrevista.
- Mas é o que estou fazendo, estou perguntando e o senhor está respondendo.
- Você vai abrir isso aqui e apagar – falou o governador, que sai andando com o celular.
- Governador, por que eu vou apagar a entrevista?
- Porque eu não estou aqui para achar.
- Nós estamos tendo uma conversa. O senhor é o governador do Distrito Federal...
- Vamos acabar com isso. (Chega de conversa.)
Nisso, intervém um assessor:
- O senhor tem o direito de não dar a entrevista.
- E eu não vou dar – falou Ibaneis. – E esta entrevista não está dada, e eu quero que ela seja apagada.
- Tá – falou a repórter em tom de conciliação. – Agora, posso conversar com o senhor? Eu vou tirar ela do gravador e vamos conversar.
- Eu não quero conversar com você. Por favor, tchau.
Fala novamente o assessor, dirigindo-se à repórter:
- Você pode apagar a entrevista?
- Não estou aqui para achar, eu sou governador, estou aqui para decidir – arrematou Ibaneis Rocha.
Depois disso, a entrevista é retomada.
Como não sou nenhum governador, estou me achando com todo direito de achar. No caso, achei essa conversa muito divertida, mostrando o aperto do governador em ter de esconder o que ele acha.
Você também acha? Ou não?  
Etelvaldo Vieira de Melo


NA ONDA

Ivani Cunha


INSISTÓRIA

 

Dele contei ele o causo.
- Negó seguim: Gravidei, Paulão.
Mimirô dibá, remendô:
- Tu num já sabe, Dorva? Reinmarquei cousamento adismarcado coa Daliska.
Pidi ajuda. Surpriquei.
- Pau mau mau quejo queijo.
- Ranca logo das banhice o fii do um.
- Pau, sseu pã.
- Arranca, sinão te mato. Troxa! Adeuse.
Foi-se. Se impartiu-se fins de onde.
Tive a Tau. Pai qual Tau. Intonces vim us terrero, fia teve Pai de Santo e isprito médios.
Saino do batizo, vô voo vino cum ela aos causamento. Primera das fila. Pau vê-qui-nem viu.
Mais suzinha na bona missa, rezo urtiga boi brava pro mode home arripiassem se.
(Eu fiEugada  nos  istado a-sifres.).
Mai menomia tal, Tau nem viviveu studinha murrindinha no caxão.
- Pro que quês?
- Vumito  prurusvido ventosvirado.
Deu 1 mêis 3 2. Se adispuis do mundo nas carcinha. Apois poi custurei  pros orro
bençuei rato e cachorro. Quis caí na vida. Aí caí. Mais fumei, bibi,cambei. Muié à-toa
mantuda
teudona
Inté qui a tar covid zê si  tombô se-sim nas mãe do corpo. Veíndia Uxua vei, fôia vrede.                       Pacença é nasciença. Cando endistubada dos dotô canudo, dispego sor da terra.
Archidurmeço queta.
Nos céu... vavê incontro a mudalminha Tau.
Aí danamo suadô nos deuso coronado.
Graça Rios

PROSA DE BRANCO NO BANCO

Pajé de aldeia no Acre é a atração de roda de conversa no câmpus ...
Imagem: pelotas.ifsul.edu.br

- ‘Abati’ em tupi-guarani significava “milho” farto, saúde, engorda, mas fizeram-no parte do vocábulo “abatidas”.
Cauim, bebida sensual de festas casadeiras transmudou-se em droga, tráfico, malandragem.
- Manioca originava-se da lenda dela, a filha linda do cacique, Mani, em sua oca. Hoje as carcomidas jovens índias vivem no meio dos carapanãs e muriçocas das celas ou favelas.
- Jiquitiaia era “pimenta”; iautica, “batata”; mendobi, “amendoim”. Supimpas cozinheiras tupiniquins inventavam, juntando delícias aos nomes, iguarias para os ritos no Rio Sagrado.
- A ganância calou-lhes os sentidos gustativos e etimológicos. Iara preferiu mostrar os seios entre aguapés sujos no Parque Municipal por causa dos turistas ricos, paqueras de ninfetas.
- Caipora - ou Caapora - representava azar no amor ou sorte das amazonas. Atualmente, é catapora, câncer, dengue, sífilis, transmitidos nos bordéis às Uiaras e Iracemas.
- Assim como a árvore, a criança, o negro, as mulheres indígenas possuem 19 marcas de memorável abril/extinção na Folhinha Nacional. Sem cafuné, jurema ou pajé, marginalizadas aqui e acolá, deveriam ter, sim, primeiro de abril, Quarup e mentira.
- Dia de enterro das ébrias peles- de-blush-sombra-batom.
- Guerreiros, ouvi!
Graça Rios


HISTÓRIAS PROS TEMPOS DE QUARENTENA: VIÚVA-NEGRA


Top 10 das aranhas mais venenosas do mundo - Estranho Mundo
Imagem: estranhomundo.com.br

    RAIMUNDINHO DA GEOVITA era um sujeito de muita artimanha, mais manha do que arte; sua idade era indefinida acima dos sessenta, mas demonstrava muita disposição, por causa da baixa estatura, um bigodinho saliente, um inseparável boné e um carrinho de mão, enquanto circulava pelas ruas do bairro, prestando serviço de capina nos quintais das residências.

    Conheci Raimundinho por causa de uma limpeza no quintal de minha casa, indicado que foi por um vizinho, irmão seu de crença religiosa.
    Logo fiquei sabendo de seu transtorno por estar casado com uma mulher que havia sofrido um derrame, estando entrevada em cadeira de roda.
    Raimundinho falou do drama, dando a entender que o problema era mais sério para o seu lado, ele que se julgava com toda a disposição de ataque, já não mais podendo contar com a mulher para fazer as respectivas defesas.
    Talvez em razão de seu impasse existencial, acabou desenvolvendo o hábito de terminar as frases com um risinho nervoso, que repicava por duas, três vezes. Certamente pela mesma razão, era só entusiasmo quando encontrava mocinhas de sua igreja, agindo igual a galinho novo em galinheiro cheinho de frangas.
    Sem atentar para detalhes que abonavam seu comportamento, eu achava tudo aquilo muito estranho, especialmente quando não o via jogando conversa fora com outro homem, irmão de igreja que fosse. Mas eu pensava: - Deixa pra lá, cada um sabe de si.
    O tempo passou, como tudo na vida passa, e a mulher de Raimundinho partiu desta para aquela outra, deixando-lhe o sinal verde para que seu carro pudesse sair da primeira marcha, da qual estava refém até então.
    Foi ele mesmo quem me contou tudo isso, tempos depois, com fisionomia aliviada, bigodinho aparado e pintado de preto (e sem o risinho aborrecido).
    Para meu espanto, ele disse mais:
    - Sabe que me casei novamente? Deixei a casa onde morava para meus filhos e estou morando na casa de minha esposa. Também voltei para meu antigo emprego de porteiro noturno.
    Como aprecio algumas tiradas bíblicas, pensei comigo: - Como bem diz o apóstolo, melhor casar do que abrasar.  Depois, olhando sua fisionomia satisfeita, de quem havia ganho uma partida de futebol e com o título de artilheiro: - Não há nada nesta vida que não se ajeite, a não ser a morte.
    Depois desse encontro, não vi mais Raimundinho. Tive notícias suas dia desses, quando me encontrei com um senhor amigo e, entre conversas de falar mal da vida alheia (um de meus inúmeros defeitos), fiquei sabendo de sua nova situação de vida.
    Raimundinho havia se casado com uma mulher muito boa, excelente cozinheira. O detalhe preocupante é que ela já estava no seu quarto casamento, tendo todos os três maridos anteriores morrido de morte morrida, sendo o último deles pastor de sua própria igreja.
    O senhor amigo me adiantou:
    - Quando Raimundinho chega do serviço, deve tomar um banho e ir nuzinho para a cama com a mulher.
    Ao ouvir aquilo, fui tomado de preocupação. Está certo que Raimundinho guardou muita lenha pra queimar, mas, no ritmo empreendido, vai acabar com o estoque logo. Coitado, não sabia que havia se casado com uma “viúva-negra”, aquela espécie aracnídea que devora os machos após o sexo. Alguém que seja mais íntimo de Raimundinho precisa alertá-lo do risco de vida que corre. Por acaso, estimado leitor, não seria você esse amigo?

Etelvaldo Vieira de Melo

DO LAR MAU FALAR

Cultura com Leitura: Fábula: o Gato e o Rato


O gato Sonoro vinha comendo (no bom sentido) todos os supremos ratos (no mau sentido).
Chegando súbito, Sonoro capturava corruptos sujinhos e os entregava aos gastos do polvo.
- Quem gosta de engolir ratos, também adora engolir sapos. Eu não, violão.
Os sujismundos, sem as dores do polvo ou leão, passeavam o tempo assim:
- Corona, corona, Sonoro, Sonoro. Corona, corona, corona, Sonoro, Sonoro, Sonoro.
Enjoado com a papagaiada dos picapaus, Sonoro abria o pano, surgindo em cena mais veloz
que o vento. Toma tento: Será ele? Será um avião? NÃO.
- Olhai lá, ó Virulências, vem vindo o Sonoro.
E a raça mammalia arrepia pia peia peida .
Corrida de puxar os sacos.
Tão aboirrecidos se mostravam que resolveram convocar pototó colar
entrar no ar uma assembleia urgente, sem luz cruz! ou gente diferente.
Um tal membro Chordata  agarra a palavra e escalavra sentença:
- Vamo botá guizo no pescoço dele.
Palmas, palmas, palmas, pés, pés, pés, caranguejo do mangue não é peixe...
Todo mundo achou soluços solução para o fato de rato.
- Viva Chordato! Todos de acordo? A corda! A corda!
Palma, palma, palma.
Aí, um animalzinho cheiinho de sarna e muito colloré minguê alevantou esta prosapopeia:
- Incelenças, perdoai minha insolência. Tô lascado de sol a sol,
ré com ré. Vamo cozê o suado sudário. QUEM VAI PONHÁ O GUILZO NESSE mito?
Vômitos. Lataria.
Bozaria. Silêncio. Lêncios lenços lacrimosos, Lacrimosa do Réquiem felídeo Mozart.
Bla, blá, blá, bló, bló, bló. Caititu, caititó, cai aqui, um sem a dor inscreveu na desatada rata ata
- : - Pelas zil covas abertas dades por encerrar a errata sectária secção.
Gatuno, amigozim da trupe:
- Upa, upa, cavalim chin chin! Quem mandou mamar na gata comeu gato por lebre?
Imoral da prestórica pretoria:
‘Messiânica é a alva lavra sobre a alcoolumbrica de poder roer.’
DESMAMEM.
Graça Rios


HISTÓRIAS PROS TEMPOS DE QUARENTENA: BODE VELHO QUER CAPIM NOVO


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Floriano Fatiota nasceu numa cidadezinha do interior das Minas Gerais. Quando colheu a primeira flor da juventude, resolveu por bem tentar a vida na capital, já que a perspectiva de sobrevida em sua cidade lhe parecia sombria, tenebrosa.
Assim, na base da cara e coragem, juntou seus pertences numa mala e rumou pra capital. Ali, logo se ajeitou no ramo da construção, atuando, primeiro, como servente para, logo depois, tornar-se um pedreiro de colher cheia.
Para disfarçar um problema que lhe parecia extremamente grave, o fato de ser analfabeto, deixou crescer um bigode, pensando que aquilo poderia servir de despiste. Quando aparecia uma situação que exigia um conhecimento mínimo da escrita, ele afagava o bigode, como a dizer pro interlocutor:
- Mas isso não se resolve com poucas palavras, não!
O outro, então, cuidava de lhe explicar, tintim por tintim, a demanda, deixando Floriano totalmente a par do que se tratava. Satisfeito com sua estratégia, dava uma alisada final no bigode para comentar:
- Está bem, vamos tocar assim o negócio.
Tantas situações estressantes, somadas à solidão de um estranho na cidade grande, fizeram com que se tornasse um viciado em bebida alcoólica. Não que ele fosse um alcoólatra propriamente; ele bebia mais para calibrar o medo, a insegurança e uma natural timidez. Portador de uma boa resistência, passava desapercebido como ele se segurava por detrás de umas bebidinhas e do bigode.
Com muito trabalho e persistência, foi se aprumando, comprou um lote, construiu uma casa e se casou. No dia do casamento, ele fez o favor de deixar a noiva esperando, porque havia bebido tanto que se esqueceu da hora.
Tudo isso não impediu que ele tivesse uma vida de casado normal para sua maneira de entender a vida. Tiveram alguns filhos, que cresceram, casaram e, depois, a sua esposa morreu.
Floriano viu-se, então, vivo, livre, leve e solto. Enquanto casado, ele se segurou como foi possível, nunca dando margem para falatórios, agindo sempre com integridade, pagando o que fosse possível para não entrar em qualquer tipo de confusão.
Mas aconteceu que sua mulher morreu, partiu dessa, deixando-o livre na flor da melhor idade. Nessa altura, ele já não se escondia por detrás do bigode. Havia frequentado uma Escola de Alfabetização, chamada de EJA, já sabia muito bem bordar o nome e fazer algumas leituras rasteiras. E estava solteiro.
Foi então que ele partiu para a guerra. Percebeu que havia muitas mulheres disponíveis no mercado, era só ter paciência, armar a arapuca ou colocar isca no anzol, que algo de bom ficaria preso ou fisgado. Cuidou melhor da aparência, matriculando-se numa academia de ginástica. Quis também entrar numa academia de dança, mas foi convencido por um amigo a adiar tal projeto.
- Acho melhor você deixar para mais tarde – explicou o amigo. – Como você tem um problema de catarata, há o risco de levar gato por lebre, ou seja, você escolhe lá uma mulher pensando que é uma coisa; quando for ver, ela é outra coisa bem diferente. É melhor operar as vistas, primeiro.
Assim ele fez. Ele que tinha uma vista meio turvada, agora está enxergando que é uma beleza.
Como tudo de bom na vida tem um reverso, Floriano enfrenta um dissabor: foi se apaixonar por uma mulher bem mais nova, cheia de boniteza, além de ser uma pessoa muito agradável. Está claro que já contabilizou várias conquistas; quando se encontra com aquele amigo, como despiste para ouvidos terceiros, essas conquistas são enumeradas por códigos: A, B, C, D... Assim, eles se comunicam, sem que outros deem com as línguas nos dentes, isto é, venham a fazer fofocas. Tantos troféus, entretanto, não conseguem amenizar a dor no coração de Floriano. Ele só tem pensamentos para a sua Adalisa.
Adalisa só fala em amizade, mas Floriano quer mais, quer aquilo. Quando ele vem chorando pro seu lado, com cara de pidão, Adalisa desconversa e dá um chega pra lá nele.
Floriano se sente desesperado, chegou a procurar orientação técnica. Falaram que, diante de uma retranca, a melhor tática é jogar pelas pontas. Ele fez assim, mas o resultado foi pífio, não passando de um 0X0. Resolveu, depois, marcar sob pressão, mas não existe preparo físico que aguente fazer isso durante todo o jogo. Quando resolvia ir pro abafa, todo no ataque, ela avançava a zaga e o deixava em impedimento.
Floriano está decidido a abandonar esta partida. Como última cartada, num desespero de causa, fez como aquele rapaz que, após assassinar os pais a facadas, pediu clemência aos jurados dizendo ser órfão. Floriano falou assim para Adalisa:
- Sua presença faz meu coração disparar, minha vista fica embaralhada e começo a tremer.
Adalisa olhou pra ele, sem nada dizer.
- Vou me afastar de você, já que não existe espaço para mim em sua vida. Adeus.
E assim ele fez. Com o coração sangrando, ele se afastou, arranjando logo uma substituta (como as mulheres gostam de falar, a fila anda). Não se trata de nenhuma Adalisa, mas tem poucos quilômetros rodados.
 Quando Floriano chegou naquela afobação, ela aplicou-lhe um cartão amarelo, com a advertência:
- Calma com o andor, que o santo é de barro.
Aquilo foi só conversa, pois, no terceiro ataque, Floriano já havia marcado gol.
Com isso, acabou se esquecendo da paixão por Adalisa. Contou também uma simpatia para velho deixar de gostar de menina mais nova: torrou a ponta de uma espiga de milho com sal grosso e bebeu daquele caldo. Foi tiro e queda.
Aquele amigo, já mencionado por outras duas vezes, manda pedir desculpas pelas brincadeiras, que não falou nada por maldade, diz que Floriano é um senhor de grande coração e que merece todas as felicidades possíveis e imagináveis. Ele recontou o caso aqui pra gente rir um pouco, dentro do possível, nesses tempos difíceis de quarentena.
Etelvaldo Vieira de Melo



NADA SEI

Uma recomendável viagem aos primórdios do planeta em busca da vida mais light.
Ivani Cunha

VOVÓ JÁ ESTÁ A CAMINHO

Realidade Inventada: A senhora de guarda chuva vermelho!
Imagem: queridoimaginario

– Mãe, por que enterraram o papai?
– É isso que se faz quando as pessoas morrem.
– Está chovendo...
– É, sim!
– A chuva pode molhar ele.
– Pode, filho.
– Então, ele fica resfriado...
– Não fica, não.
– Você pôs o guarda-chuva naquela caixa roxa?
– Bobagem, João.
– Tem muito inseto debaixo da terra. Vai ficar todo picado. Mato, lobo mau, minhoca...
– Jorge não sente dor. Nem cócegas de minhocas.
– Por que tá chorando, mãe?
– Um cisco no olho. Sai, cisco!
– Amanhã pai volta pra brincar, não é?
– O Jorge descansa. Vamos deixar ele na paz.
– ...mas ele tem que botar o Dragão-Robô na cama! Contar o fim d’Os Meninos Perdidos.
– Deixe de histórias, João. Você dorme sozinho.
– Gosto dele me vestindo o pijama.
– Eu mesma te visto.
– Quero papai... Sniff!
– Não chore. Pus um urso novo no seu quarto.
– O papai! O papai!
– Vou ligar para vovó. Quer, filho?
– Ela vai ao cemitério comigo, buscar o meu pai?
– O Jorge vem nunca mais pra casa.
– Enxuga o olho, mãe. Vem, eu sei que vem. A vovó, ele ouve.
– Joãozinho, nessas alturas, a terra, as formigas,
– ,comeram papai? Fala, mãe!
– Não é bem isso. O Jorge voou.
– Criou asas? Voou sem me levar? Está louca!
– Um dia a gente vai voar para onde Jorge foi. Olhe, meu bem, vamos costurar o Capitão Cueca.
– A vovó? Ligue pra minha vó!
(– Mamãe, sou eu. Joãozinho... Eu preciso... Tá bom. Espero um cadim. Corre! Estou... Posso até...).
– João, vó vem. Está trocando a roupa.
– Acho bom! Os dois, buscamos papai. Nós temos a força. Pronto!
Graça Rios

EXERCÍCIO PARA QUARENTENADOS

Segundo orientações médicas, o exercício proposto a seguir é ótimo para os tempos de quarentena (atuando no hipocampo neural, libera extrato básico de fluoxetina, que irá atuar nas células periféricas, proporcionando sensação de bem-estar e relaxamento).
Além desse efeito calmante sobre o corona, ele também oferece carona para a Síndrome de Ansiedade e Pavor, provocada pelo presidente (da República) que está aí (SPB), com suas ameaças de tiroteio, golpe e ditadura.
O Exercício: Criar um Dicionário, buscando significados novos para palavras usuais. A título de ilustração, veja o modelo abaixo, postado neste blog em 19/03/2016.
Caso queira compartilhar suas invenções, é só postá-las na seção de Comentário (ou, então, enviar pro meu zap ou email). Dependendo do número de palavras catalogadas, poderemos criar uma segunda edição para o, agora, Nano Dicionário Eleutério & Leiturinos. Grato. Cuide-se.

NANO DICIONÁRIO ELEUTÉRIO


 EXCEDENTE: o dente de siso.
AMOR: palavra mágica que viaja até Roma quando se olha no espelho.
CERVEJA: líquido que quer ser visto antes de ser bebido.
DEDO-DURO: maneira correta de chamar quem faz delação premiada (DELAÇÃO PREMIADA: maneira incorreta de chamar quem é dedo-duro).
FELICIDADE: algo que é encontrado até na cidade, mas que tende a sumir com a idade.
GATO: lá onde moro tem muitos, nas casas, nos telhados, nas ruas, nos postes. Alguns deles miam.
KIKO: palavra usada para indicar desinteresse: “E o kiko?”.
JAMAIS: uma palavra que se deve usar jamais.
: onde está a nota musical?
ULTRAJE: roupa ofensiva.
VATAPÁ: baiano pedindo ao filho para ir tapar um buraco.
VARREDOR: tomar um analgésico.
SERPENTE: cobra que sonha em ser passada na cabeça de homem com cabelo.
VACILAR: casa de alguém inseguro.
VAGAMENTE: pessoa desatenta, distraída.
ZUM: o “um” passando correndo; ZUM-ZUM: conversa de dois insetos; ZUM-ZUM-ZUM: de duas mulheres.
BISCOITO: muito bom! Parabéns!
VAGABUNDA: uma bunda indefinida, disponível.
VAIDADE: alguém lamentando a passagem do tempo.
VAIDOSO: alguém mandando um idoso ir.
ESCORREGADOR: quando você pisa numa casca de banana e cai com a bunda no chão; ELEVADOR: sobre um tijolo; DOADOR: o tijolo.
TEMERÁRIO: ter medo do fisco.
TEMERIDADE: ter medo de ficar velho.
TEMIDO: ter medo do que ficou para trás.
TERAPIA: importante para a lavagem de roupa suja.
GRAMPO TELEFÔNICO: TIM, está CLARO que é preciso ficar VIVO ao dizer qualquer OI.
TERRAÇO: terra boa.
TESTADO: o que passou por uma testada e resistiu ao teste.
TESÃO: um “t” grandão, potente, teso, tesudo.
TOMADOR: dizer para alguém aceitar o sofrimento.
TRANQUILIZANTE: chapinha dos nervos; TRANQUILIZAR: passar chapinha nos nervos.
SECRETAR: esconder o excretor.
SEDAR: desprendimento.
SEGURADOR: anestésico.
SEXUADO: intensa atividade sexual.
SEXUALMENTE: falar mentira sobre sexo.
SIMPATIA: pessoa educada e que cumprimenta parentes.
SOALHO: tempero caseiro.
SOAR: pastel de lanchonete de rodoviária.

Etelvaldo Vieira de Melo


DEFINIÇÕES

Um cartum pra descontrair os leitores. Espero encontrar outras expressões que possibilitem definições bem humoradas, bem como sem nexo, se for o caso.
Ivani Cunha