VALE A PENA LER DE NOVO: O JABUTI E A COISA (FN 13 - INVENTOS & LEITURAS)

 
Imagem: Vecteezy

Andava um jabuti tranquilo e sorridente, balançando sua cabecinha de lá para cá, quando deparou não com uma pedra no meio do caminho, mas algo parecido com uma maçã. Como gostava de jogar bola, enquanto tomava distância, falou:

- E lá vai o cágado pela direita. Estica para o jabuti, que se prepara e atira!

Enquanto chutava o objeto, gritou:

- É gol! Gooolll do jabuti!

Rolando, o objeto parecia ter dobrado o tamanho. O jabuti se aproximou lentamente, mesmo para os padrões de um jabuti. Cauteloso, pegou um pedaço de pau e deu uma porretada na coisa:

- Plam!

A coisa dobrou de tamanho.

O jabuti, assustado, desandou a dar porretadas:

- Plam! Plam! Plam!

A cada cacetada, a coisa dobrava de tamanho.

Foi quando uma coruja falou, lá da copa de uma árvore:

- Alto lá, jabuti! Se continuar a bater desse jeito, a coisa vai tomar todo o caminho. Se não mexer com ela, vai continuar como era no início.

Moral: Quando deixada em paz, a discórdia não prospera. Quando provocada, ela aumenta e se torna incontrolável.

Este é um dos principais problemas da Internet e suas Redes Sociais. Em nome da liberdade de expressão, muitos só cuidam de espalhar a discórdia, pois é através da discórdia que eles crescem e têm vez, seduzindo aqueles desprovidos de consciência e senso crítico.

Etelvaldo Vieira de Melo


VALE A PENA LER DE NOVO: O CÃO E O FERREIRO (FN 11 – INVENTOS & LEITURAS)

 
Imagem: Vecteezy

Numa oficina de ferreiros

Um cãozinho matava o tempo

Dormindo a sono solto:  ronc-ronc-ronc – fiuuu...!

Enquanto isso

Marretas batiam em bigornas:  plam-plam-plam!

 

Quando os homens paravam para comer

O cão ficava desperto e contente.

Abanando o rabo, ia encostar-se nos donos.

 

Então, alguém disse:

- Como não acordas com o barulho de malhos tão pesados

- plam-plam-plam -

mas acordas ao mais leve ruído de nossos molares

- nhec-nhec-nhec? -

 

Ao que o cão respondeu:

- Au-au-au!

 

Moral

Assim são certas pessoas:

apáticas diante do que não lhes agrada,

mas atentas a tudo aquilo do qual esperam tirar proveito.

Etelvaldo Vieira de Melo


VALE A PENA LER DE NOVO: A NAU DOS INSENSATOS (FN 26 – INVENTOS & LEITURAS)

Imagem: Pinterest



 

Aquela cidade, quando se sentiu ameaçada

Colocou guarda por toda murada

Para evitar surpresa e cuidar da defesa.

 

Quando algo é visto ao longe, o alarme dispara e anuncia:

O que será? Todos a postos! Alerta geral!

Falam os afoitos: - Trata-se de ameaçadora nau!

Quem sabe, uma poderosa esquadra de infantaria!

 

Em meio à discussão, o medo começa a se acalmar

Até que uma onda atira na praia o objeto fatal:

Uma velha canoa nas águas a boiar!

 

Moral:

Assim é tudo na vida, como uma fantasia, uma ilusão

Assim é o perigo, a desgraça, o prazer, a felicidade, o sonhar:

De longe é uma coisa, de perto não é nada, não!

 

Etelvaldo Vieira de Melo

VALE A PENA LER DE NOVO: TUDO O QUE SOBE DESCE (FN 14 - INVENTOS & LEITURAS))

 


Tomado de orgulho e de vaidade, Didi era um gato que em si não cabia. Ele se achava. Quando olhava pro espelho – pelo menos sete vezes ao dia – ficava todo arrepiado e dizia:

- Como sou lindo! Eu me amo! Não há pela redondeza, com certeza, gato de pelo mais macio, de voz mais maravilhosa, de tamanha beleza.

Para se certificar do alcance de seu sucesso, foi visitar o Gato Vitalino, artesão que fazia em argila esculturas de famosos. Didi colocou óculos escuros, um chapéu, uma capa e um par de botas, para passar por anônimo. O mestre mostrou-lhe várias estátuas. Lá estavam Garfield, Tom e Frajola, todos reconhecidamente famosos. Mas Didi não viu a sua estatueta.

- Por acaso tem a escultura de um gato angorá? – perguntou como a despistar.

- Angorá está com cotação baixa. Não vale a pena fabricar.

- Não tem a do Gato Didi?

- Ah, essa aí, nem bem é produzida, logo fica esgotada! A procura é tanta, que mal dou conta das encomendas. Sucesso igual nunca vi.

Estufando o peito de orgulho, afastou-se o Didi.

E o tempo passou: 1, 2, 3, 4, 5 anos...

Didi ainda se olhava no espelho, às vezes incomodado por uma ou outra ruga, um ou outro pelo branco.

Certo dia, resolveu voltar à oficina de Mestre Vitalino. Desta vez, havia várias estátuas suas. Perguntou o preço do Gato Felix:

- Cinco latas de sardinha!

- E a Anabelle?

- Três latas de atum!

- E quanto é desta ali? – perguntou, apontando para a sua.

Ao que o Mestre respondeu com desdém:

- Bah! Esta não vale um vintém. Levando as outras, desta eu lhe darei duas de brinde!

Moral: Se você é de levantar voo com o sucesso, não se esqueça de levar consigo um paraquedas!

Etelvaldo Vieira de Melo