TEM CONSERTO?


- Ingenaldo, o Ano Novo já está ficando velho, mas o desentendimento e as brigas entre os grupos ideológicos nas redes sociais continuam cada vez mais acirrados. Mesmo irmãos não se entendem, como é o caso dos atores Thiago e Bruno Gagliasso, que estão sem se falar há três anos. O que quero saber de você: acredita que as pessoas no Brasil ainda possam viver em harmonia ou, pelo menos, em estado de tolerância?

- Penso que a harmonia só é possível entre aquelas pessoas que ainda não cortaram o rabo umas das outras, Eleutério.

- Como assim? Não entendi.

- Vou explicar, recorrendo a uma alegoria. – E Ingenaldo passou a declamar em tom dramático (você pode fazer o mesmo, que vai ficar bem legal, acredite):

Já não pode andar sorridente

Aquele pobre lavrador

Que por causa de uma serpente

Vive a chorar de dor.

 

Seu único filho querido

Andando por trilho descuidado

Foi por uma cobra ferido

Sendo pela morte levado.

 

Tomado de ódio e de dor

Jura vingança o pai a chorar

E armado de facão

Esconde-se num desvão

Querendo a víbora matar.

 

Quando esta sai da toca, desfere-lhe a facada

Mas a cobra fica viva, embora mutilada:

Por causa da ansiedade, o gesto não é fatal

Decepando tão somente a cauda do animal.

 

E agora, pergunta o lavrador

O que você foi aprontar?

Como viver em paz

Com a cobra podendo te matar?

 

Diante disso, quis ele saber:

- Não é possível uma trégua como solução?

Não dá mesmo pra esquecer?

 

Falou a serpente: - É difícil o perdão.

Tu lembrarás sempre do filho ao morrer

E eu... do meu rabo, que puseste a perder.

 

E conclui Ingenaldo:

- É sempre muito difícil a convivência de pessoas que fizeram um ao outro sofrer. Infelizmente, Eleutério, penso que é muito difícil, praticamente impossível uma conciliação.

P.S. E você, amado e amável Leiturino: já decepou o rabo de alguém? Melhor perguntando: acredita que é possível um entendimento entre as pessoas que brigam por questões ideológicas? Se acredita que sim, o que é preciso ser feito? Ou você concorda com Ingenaldo, considera que a relação entre as pessoas de opiniões diferentes sobre política aqui no Brasil só tende a piorar? Não deixe de manifestar seu ponto de vista.

Etelvaldo Vieira de Melo

FIAT LUX

As pessoas desmontam descabelam desmancham-se horrorizadas com a covid-19 zikadengue aids (que voltou a vapor) e doenças venéreas (idem). Perdem cedo contato com a divindade.  Creem apenas no eco ego noivo de Narciso. O mundo tecnológico (ilógico) botou-lhes mils ovos nos olhos. Sacodem tagarelam discutem em linguagem fonovisual (C V U Q K?). Videogamem com ostras (serei a sereia?) lengalengam flertam com plutões glutões. Daí me chamarem papagaia dos livros, por viver escrevinhando pesquisando tomando chopins no bar. Também, por vestir-me viuvalegre do sofrimento discórdia tristeza incompreensão duradoura. Na música, Deus está. Na pesquisa, estão sábio. Na escrita, mactub. Filhos pequenos. Lecionando dois turnos, nada de fazer compras. Chego tarde, armários vazios. Geladeira, só água. Ainda sem a Capes/Mestrado, possuo, hoje, dez reais correntes. As crianças esperam. Nem trisco. Voo à Casas da Banha, agarro quatro carrinhos gigantes. Cato tudo de melhor nas prateleiras. Abarroto todas as “viaturas” e sigo contrita até o Caixa. - Ê, João bambalalão, hoje era ontem! Chame a polícia (ambos gargalhando). Óbvio que viro vara verde. Sabia, sábio sabiá? Começo a dispor zentas mercadorias na mesa. Tremor de terra. Suor e quase lágrima. Passo o primeiro carrinho. - Foi urrá, disanimô, lião?  Silêncio.  - Será...?  Encho o balcão com novos produtos. - Why, uai? Tenho ainda múltiplos embrulhos sem entrega. - Uê, malê! Sei que...  Passa passa, gavião. Tudo passa, uva-irmão?   - Num é uma graça?   - Mas...  - Muita grana, nessa hora. Carregue as compras, madame. O Sérgio leva pr’ocê. Saio louca, encho tudo que é buraco do apê. - Mãe vai à Caixa Econômica. Podem comer sossegados. Tia Valéria tá vindo. -Táxi, disparesse pneu. Tenho pressa. - Rose, minha fiel gerente, por favor! Os bandidos depositaram uma quantia enorme na minha conta. E eu não tenho mais...  - Calmaria, sinhá Maria.  Vou ver.  - ...você verde, né?   - Qisso, pá virada? Aqui tem vinte mil. Seus e por que não meus? Ki mané bandidos! - Como, como? - Com garfo e colher au Grand Restaurant.  - Eeeeeé?? (Aguaceiro caral).  - Um tal Colégio Zoroastro Viana Passos, Sabará, ficou te devendo aulas de Francês em 1978. O tutu caiu aqui - Pluft ploft!-  faz cinco minutos. Carpe diem, Rios melados...   Hein? Milagre? Talvez, mas a segurança ao entrar naquele recinto veio D? Puó essere. Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay - disse Cervantes.

Graça Rios

NEM SEMPRE É O QUE APARENTA SER

No final de 2019, durante sessão plenária da Assembleia Legislativa de São Paulo, um deputado, Fernando Cury (Cidadania), abraçou sua colega Isa Pena por trás, ‘apalpando’ seus seios.

Em declaração ao Conselho de Ética da Câmara, ele disse: “O abraço que eu dei na deputada foi um gesto de gentileza porque eu iria interromper a conversa que ela estava tendo”.

O deputado também disse que vai rever seu comportamento, porque “muitas pessoas se sentem constrangidas com isso”, com seu jeito de mostrar carinho. Enquanto isso, os membros do Conselho foram “empurrando com a barriga” uma decisão se votavam ou não pela cassação do deputado de mãos cheias de dedos. O deputado Wellington Moura (Republicanos), por exemplo, pediu dois dias para analisar o voto do relator, que era favorável à suspensão do mandato de Cury por seis meses.

O nobre colega Wellington deve ter analisado os vídeos do flagrante em busca de respostas para as perguntas: Tocou ou esbarrou? Apertou ou alisou? Apalpou ou massageou? O Fernando atacou da linha dos três metros ou pisou na linha? Cometeu dois toques? A bola tocou na antena ou foi direto para fora? Questões altamente técnicas e metafísicas, como podem ver.

No dia da votação, para convencer seus pares, mostrou fotos de Cury com os filhos:

- Ele é pai, um deputado que é família, que é marido de uma só mulher – falou com voz embargada. - O deputado que eu conheço há 6 anos é uma pessoa que ama sua esposa. É um cara carinhoso. Foi excessivo, errou com a Isa Penna, mas é um cara que merece uma segunda chance como todos nós. – E arrematou: - Quem não tem culpa, que atire a primeira pedra!

Aí, os colegas engoliram em seco e, por maioria, decidiram pela proposta de Moura, uma suspensão temporária por 119 dias, uma licença, a bem dizer, com os funcionários do gabinete de Fernando Cury continuando a receber suas pecúnias normalmente (e sujeitas a possíveis ‘rachadinhas’).

Este exemplo mostra que as coisas nem sempre são do jeito que aparentam; elas podem ter um sentido que nem fazemos ideia. Quando passa a mão no seio de uma mulher, o deputado em questão quer mostrar que é educado, gentil e atencioso.

A lição que tiro desse fato vai para as mulheres. Quando você estiver andando na rua e, por acaso, alguém aperta seu seio, não pense de imediato estar diante de um tarado ou estuprador. Pode ser um deputado em gesto de gentileza, demonstrando carinho e atenção.

O segundo exemplo vem da Indonésia, contando a história de Siti Zainah, uma moça de 25 anos.

Ela conta que, certo dia, estava na sala de sua casa quando “sentiu” uma rajada de vento. São suas palavras:

- Depois da oração da tarde, eu estava deitada de bruços e, de repente, senti uma rajada de vento entrar na minha vagina.

Zainah foi levada às pressas para uma clínica de saúde comunitária, onde deu à luz um bebê (de 2,9 quilos).

Segundo Eman Sulaeman, diretor da clínica, Siti provavelmente teve uma “gravidez enigmática”, que é quando uma mulher não sabe que está grávida até entrar em trabalho de parto.

Independentemente de explicações científicas, é bom as pessoas ficarem precavidas quando estiverem em decúbito ventral ou prona, isto é, deitadas de bunda para cima, de bruços. Antes de fazerem isso, é bom que elas fechem as janelas e tranquem as portas. Assim, evitarão as possíveis rajadas de vento e suas consequências.

Etelvaldo Vieira de Melo

PILATES SEM DOR

Queridas piriguetes.

 

Onze horas. Pilates. Comecemos com exercícios de alongamento. Levantem os braços até de fé pôr as mãos no teto. Panturrilha. Para cima, para baixo, até trinta. Fácil, fácil. Respirem fazendo tchá tchá tchá. É o tchã. Bombom. Peguem a corda. Estamos no carro. Dirijam para a esquerda, depois para a direita. Mais rápido rápido. Puxando a corda até arrebentá-la no último fio. Larguem o carro, corram pra ponte. Barriga no firmamento. Desçam dele espremendo uma vértebra de cada vez. Desmanchando xixi. Agora, pé de palhaço, pé de bailarina, noventa noventa vinte vezes. Estiquem o corpo deitado da ponta do muro à outra parede. Belezinhas! Noventa noventa, colem umbigo nas costas. Nada impossível. Tranquilo. Colando até a superbonder acabar. Pé de palhaço, pé de bailarina. Ninem as coxas por baixo. Ninem, ninem. Balangandando. Chão da esquerda, chão da direita, evitando cair. Eh,eh! Minhas garotinhas estão o máximo. Rodem as pernas cento e vinte graus. Não. Só o tornozelo noventa. Okay. Debruças. Vão empurrando os tacos. Arranquem um, cinco, dez. Poeira? Sem pressa. Respirando cachorro cansado. Rá, rá, rei. Pronto! Ponham a corda num dos pés, passando um pelos ossos do outro. Assim, assim. Óbvio. Segurando-a, rolem sem parar. Pé de palhaço, dançando bailarina.Súbito, alcancem a parede inversa cabeça com segunda cabeça. No problem. Almofada no meio dos joelhos, noventa noventa. Apertem apertem até os músculos desandarem líquidos. Certim, minha gente. Online. Online, levantem devagar, mas em movimento acelerado. Brusco. Respirando comendo fogo bebendo própolis. Pé de palhaço ao levantar. Assentem rápido na cadeira. Não. Na pontiiinha dela, braços estendidos, bailarina. Mãos nos pés, vão levando o corpo pra frente 120. Two hundred and twenty volts equivalent to many watts. WHAT ENGLISH! Pra trás, 220. Ué, ô Xulé, pé pé pé de buscapé. Deslizando, preguem o cotovelo na cadeira. Ótimo. Ele continua colado aí até o the end da aula. Sentem sentem levantem. Sentem sentem levantem, ombros nas costas ombros na barriga. Dezessete vezes. Empurrem o calcanhar alcançando a campainha da casa. Voltem pro carro, altíssima velocidade. Corram de novo pra ponte sem estacionar. Bumbum secou mamá sumiu. E agora? Pernas de índio. Respirem boca a boca, ó silvícolas. Hora de relaxar. Voando macaqueando por cima da casa. Retorno tipo ghost à sala. Setenta vezes oitenta.

Nada mais havendo a constar, dou por terminada a aula de hoje.

               Graça, quais os melhores momentos deste Pilates?

-Quando faço cocô às seis horas da manhã e quando entorno xixi no banheiro às quinze da tarde.

                                              São momentos monumentos.

Graça Rios

VIDA SEM COMPAIXÃO



Bem que Raul Seixas já cantava há dois mil anos atrás (mas ninguém prestou atenção): “Ói, olha o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral”.

E o Mal foi chegando, chegando, até se instalar de vez. Enquanto isso, o Brasil chegava a um ponto onde a vida do ser humano passou a valer quando muito uma bala... de revólver. É o que pude depreender de uma notícia veiculada no jornal O TEMPO do dia 26/02/2021.

Tudo começou com um cachorro fazendo barulho em um prédio, latindo e arranhando a porta do apartamento de sua dona ou cuidadora. Aquilo incomodava demais um dos moradores, que reclamava no grupo de Whatsapp do condomínio. Para acertar a situação, o síndico propôs uma reunião entre o desafeto, a dona/cuidadora do cão, ele e mais outro morador, que iria atuar como testemunha. A reunião seria na noite da quarta-feira, dia 25, na garagem do prédio onde moravam.

Parece que a conversa não transcorreu em tom amigável, com o reclamante, que não usava máscara, se mostrando muito exaltado. A certa altura, ele falou, enquanto sacava uma arma:

- Vocês acham que eu sou bobo.

E atirou. Primeiro, contra o síndico, mas a arma falhou; depois, atirou contra a dona do animal. Atingida numa perna, ela caiu no chão e ali ficou chorando de dor.

- Você deu sorte – falou o homem raivoso. E disparou sua arma novamente contra o síndico.

Este caiu no chão, fingindo estar ferido, enquanto que a bala ricocheteava na pilastra da garagem. O outro morador conseguiu correr, assim que foi dado o primeiro disparo, e fugiu do local.

O suspeito fugiu logo após o crime e não foi mais encontrado – detalhou o autor da reportagem.

Como são as coisas! Em pleno período de pandemia, quando deveríamos estar unindo forças no combate desse mal, encontramo-nos cada vez mais divididos e caminhando para uma guerra fraticida, graças ao mau exemplo de um presidente destemperado, que só cuida de fomentar o ódio e a discórdia. Em vez de promover a compra de vacinas e de insumos para salvar a vida dos brasileiros, o que ele cuida é de tripudiar as medidas de segurança, jogar suas responsabilidades nas costas dos outros e incentivar o uso de armas de fogo, dizendo que está fazendo isso para atender as pessoas “de bem”.

Se até agora o risco de sermos atingidos por balas “perdidas” era possível, daqui para a frente ele se torna bem provável e assustador.

Em 2020, só a polícia do Rio de Janeiro matou, em média, 3 pessoas por dia. Agora, com o armamento das “pessoas de bem” e o descontrole da pandemia, vamos ter mortes pra tudo quanto é lado.

É então que as pessoas normais, desnorteadas, irão repetir Raul Seixas, perguntando: - Quem vai ficar, quem vai partir?

Olhando para o céu, muitas irão perceber o sinal das trombetas, dos anjos, dos guardiões - e de Deus, deslizando entre brumas de mil megatons.

Etelvaldo Vieira de Melo



SAMBA, SAMBA, SAMBA, LELÊ! (III)

22

Desta janela da frente,

um dente leiteiro

(ou coveiro)??

saltou alto pro colchão.

(CONTOU-ME OUTRO, SÃO.)

23

Uni-duni-tê,

Tu também é colorê.

Serve logo teu sorvete

de salamê-minguê.

24

Libelinha, ausente,

fora da linha?

Vinde vos calar

ouvindo o maestro

AUTISTA

reger e brilhar.

25

Galinha choca

come minhoca.

Bobagem sua

estourar pipoca.

26

Meidia,

macaco chia.

- Tô todo molhado.

Tira minha fralda,

titia.

27

Bicho-Dragão.

Abaixe o fogo.

Desfeito o logro,

preste atenção!

Acaba a novela,

Arabela donzela

apaga o portão.

28

Quem cochicha

lagarto é.

Rabo espicha,

jacaré.

29

Verde alface, logo amarela.

Azul amora, após branca.

Mimosa rosa:

o tempo arranca.

30

O boi faz bé-bé.

E a vaca?

A galinha faz có-có.

E o galo?

O cachorro faz au-au.

E a cadela?

O bem-te-vi faz piu.

E a fêmea?

Graça Rios

COM MUITO MIMIMI, A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS NO REINO ANIMAL

 

Quando a ira dos céus desabou

foi na forma de uma peste, terrível mal

fazendo mil estragos por onde passou.

 

Muitos e muitos animais tiveram destino fatal

Outros se arrastavam em dor

sob efeito da moléstia ou entorpecidos de pavor.

 

Para deliberar sobre a questão

de padecimento tão cruel

propôs uma assembleia sua majestade o leão.

 

Disse ele: - Súditos amados

Certamente por termos cometido uma ofensa ferina

por um flagelo de Deus estamos sendo açoitados.

É urgente que aplaquemos a ira divina.

 

A princípio, na ideia de jejum pensamos

Entretanto, em abstinência todos já estamos.

Depois ocorreu-nos a proposta de uma confissão geral

Assim poderemos descobrir o responsável por tamanho mal.

 

Posto em votação,

o parecer do rei foi aprovado por aclamação.

 

Prosseguiu o monarca: - Não quero privilégio a mais

Se for o criminoso, com prazer pelo meu povo morrerei.

Confesso que, nas horas da fome, não respeitei a vida dos animais:

da corça, da ovelha e nem mesmo dos humanos racionais.

Se julgueis que são esses os crimes que o céu está clamando

dizei-o francamente que pelo bem de todos me imolarei.

 

Tigre, hiena, lobo, javali e outros aplaudiram:

- Vossa majestade está zombando! – e riram.

Crime, isso que praticou? Nem pecadinho venial seria!

Se comeu ovelhas, veados, pastores, muita honra lhes fazia.

 

O mesmo aconteceu com cada animal feroz em sua confissão:

em vez de ser condenado, recebia palmas e perdão.

 

Quando foi a vez do burro falar, ele só pode com voz embargada dizer:

- A única desfeita pela qual peço perdão

aconteceu certa manhã em que me encontrava sem comer:

Quando vi a pastagem do mosteiro e sua relva verde e orvalhada

fui incapaz de resistir à tentação.

 

Todos clamaram diante de tal confissão:

- Que sacrilégio! Que aberração!

Que cinismo! Que atrevimento!

É por causa deste miserável todo nosso sofrimento.

 

E o burro foi cumprir a sua sina

sendo imolado à justiça divina.

Moral:

É por isso que burro tem olhar desconfiado

Sempre sobra pra ele quando há algo errado.

 

Etelvaldo Vieira de Melo

SAMBA, SAMBA, SAMBA, LELÊ! (II)

 11

Ana Maria entrou

na gaiola.

O vestido

- fedido –

O chinelo

- flagelo –

A luva

- viúva -

Adeus, viola!

12

O sapo não lava o pé,

mas a filha cururu

lava a cara,

a barriga,

o chulé.

13

Ciranda cirandinha,

Volta e meia vamos dar.

Cuidado com a pança cheia

ao cirandar.

14

Fiava a velha em seu lugar.

Vem a mosca.

É dengue.

Perrengue, xerengue,

a velha... FIAUUU.

15

Olho de vidro,

leproso, descarnado,

pobre.

Que importa?

Estamos na cozinha

fazendo chocolate pro Mestre Aleijadinho.

16

Marina morena Marina,

sabes nadar?

- Nado muito bem

nada            nada

nada                  nada

nada   nada    nada.

Que calor!

17

- Os escravos de Jó

jogavam Caxangá.

- A trupe21 joga vídeo-game. Depois se liga no hip-hop:

rabear... apepinar... trotar... destroncar.

18

Narizinho adoeceu.

Geada.

Chá de sabugo de milho, cama, gemada.

Num instantinho tá curada.

19

Mamãezinha quando dorme,

rrrronca muito, meu irmão.

Eu sozinho, Batatinha, me esparramo pelo mundão abrasão formigão corujão jiboia

20

Em cima do piano

tem um tanto de  tralha

e mais outros trens.

- Dona Chiquinha Gonzaga,

quer tocar meu parabéns?

Graça Rios

PRÉ-JOGO