Felicidade e infelicidade dependem da
maneira como nos posicionamos diante dos acontecimentos e da própria vida. Você
já observou aquela pessoa que, aparentemente, tinha tudo pra ser feliz e, no
entanto, se sentia frustrada, infeliz. Também viu aquela outra que tinha tudo
para não estar de bem com a vida, tantas eram as dificuldades que enfrentava.
Todavia, encontrava motivos para estar feliz.
Explicar tal contradição é até simples.
É como se você fosse a um estádio assistir a uma partida de futebol. Sua visão
do jogo será determinada pela posição onde você irá ficar: na arquibancada ou
cadeira; no fundo, na lateral ou na parte central. De maneira semelhante, sua
visão da vida será melhor ou pior dependendo da maneira que enxerga e se coloca
diante das coisas que acontecem. Daí, a necessidade de se escolher o melhor
ângulo, escolher a melhor posição, para se aproximar o melhor possível do todo.
E aqui cabe a pergunta: está você escolhendo a melhor posição para enxergar os acontecimentos e as pessoas?
"Um pouco além de Ghor havia uma
cidade. Todos os que ali viviam eram cegos. Certo dia, surgiu um rei com seu
séquito. Trazia seu exército e acampou fora da cidade, no deserto. Viera com
ele um elefante de grande porte, usado pelo rei para atacar e para intensificar
o temor do povo.
As pessoas do lugar
estavam ansiosas para ‘ver' o elefante, e alguns cegos da população cega se
precipitaram como loucos procurando encontrá-lo. E assim que o acharam, se
puseram a tateá-lo.
Cada um pensou saber
algo sobre o animal, porque podia tocar uma parte dele.
Quando retornaram para
junto de seus concidadãos, estes logo formaram grupinhos, ávidos de
esclarecimento. Todos estavam ansiosos, buscando, equivocadamente, conhecer a
verdade dos lábios daqueles que estavam enganados.
Perguntaram sobre a
forma e aspecto do elefante, escutando com interesse tudo que lhes era dito.
O homem a quem coubera
tocar a orelha do elefante foi indagado sobre a natureza particular do animal.
E ele informou:
- É uma coisa grande,
rugosa, larga e grossa como um tapete felpudo.
E aquele que apalpara a
tromba disse:
- Eu conheço a
realidade dos fatos, trata-se de um tubo reto e oco, horrível e destruidor.
Um outro, que tocara as
patas do animal, declarou:
- É algo poderoso e
firme como uma pilastra.
Cada um tinha conhecido
e tocado apenas uma parte das muitas do animal. E cada um o percebera
erroneamente. Ninguém conhecia o todo...”
SHAH, Idries. História dos Dervixes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976, p.27.
Caso estivessem organizados para
executar a tarefa e as avaliações fossem somadas, a população teria uma visão
mais acertada sobre o que é um elefante. De forma semelhante, a vida merece
diferentes olhares. As experiências e a reflexão possibilitam essa multiplicidade
de olhares e tornam a vida mais saborosa e plena de sentido.
Albert Einstein disse que “a medida da
inteligência é a capacidade de mudar”. Hoje, com a redes sociais, assistimos ao
fenômeno dos indivíduos viverem confinados em bolhas, compartilhando as mesmas ideias
impostas. A partir daí, cada um julga conhecer e ser dono da verdade, quando,
de verdade, nem sabe reconhecer o rabo de um elefante. Coitado!
Etelvaldo Vieira de
Melo
0 comentários:
Postar um comentário