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“Quem poupa o lobo,
sacrifica a ovelha.”
(Victor Hugo)
Por trás de toda ação existe uma oculta
razão, é o que repete sempre um amigo.
Quando Alexandre de Moraes começou a
aplicar a Lei para punir aqueles que atentaram contra a democracia no país,
parte da Imprensa, chamada por Paulo Henrique Amorim de PIG – Partido da
Imprensa Golpista, sentiu-se incomodada e cuidou de jogar por terra a
credibilidade e a ação do ministro, tentando encobrir os tubarões-empresários
que financiaram a tentativa de golpe. Entre suas artimanhas está a de colocar
sob holofotes Marco Aurélio Mello, ex-ministro do STF.
Não faz sentido pedir a um engenheiro,
cujos projetos quase todos fracassaram, ocasionando até mesmo perdas humanas,
para avaliar o trabalho de um colega. De forma similar, é muito suspeito
recorrer ao depoimento de Marco Aurélio sobre a ação do ex-colega Alexandre.
Como haveria de dizer o título daquele filme: - Marco Aurélio, seu passado
condena.
Marco Aurélio foi indicado ao Supremo
por Fernando Collor de Mello, seu primo, em nepotismo descarado. O “Caçador de
Marajás” forjado pela Rede Globo ainda não havia entrado em desgraça frente aos
detentores do Poder, e o Congresso, por via de consequência, não tinha afiado
as garras para cassar o caçador.
Agora, tendo passado muita água por
debaixo da ponte, o Fernando foi, enfim, condenado por causa de suas falcatruas
(roubos), mas gozando do consentimento de uma tal “prisão domiciliar”, artimanha
inventada para não deixar tubarão ver o “sol nascer quadrado”, que isso é coisa
da ralé. (Caso eu fosse advogado, iria trabalhar “pro bono” em favor dos
“ladrões de galinha”, requerendo para eles essa tal prisão. Com isso,
estaríamos ao menos resolvendo o problema da superlotação nos presídios no
país.)
Antes de ir para o Supremo, Marco
Aurélio havia sido nomeado, em 1981 por João Figueiredo - aquele que preferia
cheiro de cavalo a cheiro de gente, para ministro do Tribunal Superior do
Trabalho (STT).
Seu dossiê, enquanto ministro do Supremo
Tribunal Federal, é extenso e marcado por ações em favor de grandes bandidos, para
os quais distribuiu habeas corpus a rodo: Salvatore Alberto Cacciola
(responsável por um rombo de 1,5 bilhão de reais aos cofres públicos; Suzane
Louise von Richtthofen (jovem de classe média-alta paulista, julgada e
considerada culpada pelas mortes dos próprios pais); Antônio Petrus Kalil (O
“Turcão, acusado de explorar caça-níqueis); Luiz André Ferreira da Silva (o
“Deco”, vereador do município do Rio de Janeiro, considerado um dos mais
perigosos milicianos da Zona Oeste do Rio); Bruno Fernandes de Souza (goleiro,
preso e condenado a 22 anos e 3 meses de prisão pelo crime de homicídio); Odemir
dos Santos (o “Branco”, integrante da facção criminosa PCC, preso por lavagem
de dinheiro e tráfico de drogas); Moacir Levi Correia (“Bi da Baixada”,
responsável pela expansão do PCC no Estado de Santa Catarina, condenado por
homicídio e associação criminosa).
Outras de suas ações controversas.
06/2013: único ministro a votar contra a prisão do deputado federal Natan
Donadon (PMDB-RO); 2020: mandou soltar o traficante André do Rap, apontado como
chefe do grupo criminoso PCC (decisão revertida
pelo presidente do STF, mas a essa altura o traficante já estava
foragido da polícia); 28 e 29/04/2010: votou contra a ação da OAB que visava
impedir que a lei da Anistia mantivesse os agentes públicos do regime militar
resguardados por aquela lei; 06/ 2010: foi um dos quatro ministros que votaram
contra a constitucionalidade da aplicação da Lei Ficha Limpa para as eleições
daquele ano.
Anotando esses dados, vejo que Marco
Aurélio foi condescendente com bandidos, notadamente os do PCC. Por
coincidência, saiu agora a reportagem de uma ação da Polícia Federal, jogando
por terra a teoria abraçada pelos bolsonaristas e pela extrema-direita de que o
partido PT tinha ligação com o PCC. A investigação policial mostrou que, pelo
contrário, um dos principais tentáculos do PCC está lá na Faria Lima, bunker
dos donos do dinheiro no país.
Pois bem. Com esse histórico, não vejo o
ex-ministro Marco Aurélio como pessoa indicada para destilar opinião sobre as
presentes ações de Alexandre de Moraes, já que me parece mais aquele engenheiro
de projetos fracassados. Mas o PIG, movido por ocultas razões, dá vez para ele.
E, em uma das entrevistas, ele vociferou:
-
Estou triste com a deterioração da instituição (Supremo). A história é
implacável e acerta as contas depois. Não viveremos dias melhores no Brasil com
atos de força. Vamos marchar com temperança. Alexandre de Moraes deveria ser
colocado num divã: sua conduta é autoritária. Bolsonaro tem recebido tratamento
vexatório (por ser obrigado a usar tornozeleira), como se fosse um criminoso de
alta periculosidade.
Resumo da ópera: Alexandre de Moraes
está errado, é preciso passar pano para aqueles pobres inocentes que foram
fazer piquenique em Brasília no dia 8 de janeiro, o Bolsonaro não é criminoso e
nem um pouquinho perigoso, o Brasil é o país da temperança e o brasileiro é um
bonzinho.
Ora, ora. Sabe-se que o golpe fracassou
não por falta de intenção, mas de incompetência. Sabe-se também que defender
Bolsonaro é querer ver o país “jogando fora das quatro linhas”, isto é, sob um
regime de força, uma ditadura. E quem defende ditadura não pode ser democrata. E
sabe-se também, para quem quer enxergar, que Alexandre de Moraes está agindo
muito bem, conforme ele mesmo diz: “Faremos o que é certo: receberemos a
acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e
quem deve ser absolvido será absolvido”.
Tenho sempre comigo aquela recomendação
de Victor Hugo, epígrafe deste texto. Para o ex-ministro Marco Aurélio Mello,
deixo de presente dois pensamentos de um seu xará, aquele imperador romano:
“Aquele que não
transmite luz, cria sua própria escuridão”;
“Não perca mais tempo
discutindo sobre o que um bom homem deve ser. Seja um.”
Etelvaldo Vieira de
Melo