RACIOCINANDO SOB HIPÓTESES

 
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O sentimento de gratidão é, para mim, uma grande virtude. Quero dizer com isso que nunca devemos cuspir no prato em que comemos. Veja o exemplo de meu caso específico.

Todos sabem que neste país, de praias brancas ensolaradas e de povo heroico, o magistério é a segunda profissão mais destratada, humilhada, vilipendiada, ridicularizada. De tal modo que, quando alguém se declara professor, ele é olhado com sentimento de pena, com alguns mais sensíveis chegando a verter copiosas lágrimas, tamanho o grau de dó. Também é frequente entre os profissionais da Educação aquele ditado que diz “Hei de vencer na vida, mesmo sendo professor”.

Já a profissão mais esculachada é a do político, mas esse - tirando honrosas exceções – não está nem aí, preocupado tão somente em enganar seu eleitor, enquanto amealha em malas montanhas de dinheiro roubado de impostos. Está aí Michel Temer que não me deixa mentir.

Sobre ser professor, declaro em alto e bom som que fui um. Para meus ex-alunos, só peço desculpas por não ter sido um profissional melhor. No entanto, aprendi que o sucesso é relativo, já que sempre procurei ser honesto, e a honestidade sempre traz resultados.

Outro exemplo que me ocorre vem da classe das prostitutas.

Os dicionários dizem que prostituição é a atividade de vender serviços sexuais em troca de dinheiro ou bens. A mulher que faz isso é chamada de puta, cacote, mulher da vida, piranha, vaca, prostituta.

Interessante como um mesmo conceito pode ser expresso com palavras diferentes, sendo umas mais contundentes, enquanto outras “douram a pílula”, amenizam seu significado. Uma coisa é chamar uma prostituta de “marafona” e outra é denominá-la “garota de programa”.

Em Brasília, garotas de programa que fazem seu métier, marcam ponto, nas duas casas legislativas eram chamadas de “marias-emendas”; hoje, com o avanço cibernético, elas são denominadas “influenciadoras do sexo”. Tal negócio é tão próspero que tornou o Congresso Nacional o maior centro de prostituição do Distrito Federal. Quem diz isso não sou eu, mas jornais usados como fontes de pesquisa.

Tocando em frente, vamos supor, raciocinando sob hipóteses, que uma dessas garotas tenha feito programa com determinado político e, ao fim, tendo sido bom para ambas as partes, tenham decido estreitar a relação através dos sagrados laços do matrimônio. Em um segundo momento, vamos supor que esse político, por circunstâncias diversas, tenha subido na escala eleitoral, chegando ao posto de presidente da república.

Chegando a esse ponto, vamos supor que um(a) jornalista venha a público, dizendo que aquela garota tal casada com aquele tal político era uma garota de programa. Diante desse quadro, qual seria a sua melhor reação? Negar, fazer piti, birra, entrar com ação de danos morais contra a denunciante?

Poderia até acontecer dessa ex-garota de programa, agora cercada de todos os lados por políticos profissionais, tenha tomado gosto pela coisa e se aventurado no jogo eleitoral, candidatando-se à presidência do país, apoiada também-e-especialmente por gente que se diz religiosa e que adora misturar política com religião.

Olhando para esse quadro cheio de hipóteses, penso que a melhor resposta da garota a uma possível denúncia de ter sido ela uma garota de programa seria assumir com orgulho seu histórico de vida. Agindo dessa maneira, honrando seu passado, não cuspindo no prato em que comeu por determinado tempo, ela seria vista com outros olhos, merecendo de minha parte não uma pedrada, mas o mais alto elogio e o mais puro respeito, quem sabe, até mesmo meu humilde, discreto e sincero voto. Porque o sentimento de gratidão continua sendo para mim uma grande virtude, uma boa prova de caráter.

Etelvaldo Vieira de Melo




CONGRESSO NACIONAL: BLINDADO E PRIVATIZADO

 


Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína.

(Caetano Veloso)

 

A democracia no Brasil está fora dos trilhos. Por quanto tempo continuaremos com os políticos que hoje são deputados estaduais, federais, senadores? E continuaremos com a mesma sucessão de prefeitos? Há exceções? Pena que são poucas. Diante da desordem e da banalidade política, está ocorrendo um esvaziamento da ordem democrática. Isso que está ocorrendo é um processo de longa duração. A menos que o fim do mundo chegue antes. Portanto, esse quadro político pode continuar, mas sem responder às necessidades da nação. Sua longa duração terá implicações enormes. Será a “Era da crise” (é o termo da moda): crise ambiental, crise ética, crise na educação, crise na saúde, crise urbana, crise energética, crise, crises... É o efeito devastador da atual política no Brasil. A violência política, portanto, é grande e grave. A PEC da Impunidade (PEC 007), votada no Congresso Nacional, aconteceu em poucas horas (eles não adiam o mal). Detalhe: blindagem rima com pilantragem. “Macunaíma”, no seu canto, iria rir dessa situação. O processo de luz e sombra, construção e ruína traça o atual mapa do Brasil. Assim, foi selada a privatização do Congresso. Agora, a prioridade é dos políticos (particularmente dos políticos com fichas sujas). O cidadão foi desalojado de sua cidadania. Como adiar o fim da democracia? É preciso uma mobilização política. Indignar-se e contagiar. Sem um trabalho com as camadas populares, continuaremos com o mesmo congresso, o mesmo senado e os mesmos governadores. Enfim, com os mesmos políticos (ou outros piores). Precisamos dar uma volta por cima e mobilizar grupos e pessoas. É urgente reagir e pensar: como atingir mais grupos, mais pessoas? Usar os espaços públicos, inclusive as Câmaras Municipais para debates, encontros, teatros, projeção de filmes. Com criatividade, lucidez e organização podemos fazer um bom trabalho com o povo, os jovens, os(as) trabalhadores(as). O que mais importa é a redescoberta de um novo horizonte político. Em um país onde a questão política se submerge a cada dia, envolvida num redemoinho de desrespeito, corrupção sem precedentes (pense na corrupção da mineração em Minas Gerais), precisamos ter um verbo como bússola: AGIR. Uma ação organizada e participativa. Para colocar a política brasileira nos trilhos é preciso “consciência política”. Não pensemos duas vezes, três bastam. Sem educação política, participação e mobilização o Brasil não vai para frente. Na antropofagia política que vivemos, para não sermos devorados, é preciso resistir. Juntos podemos mudar o Congresso Nacional com a cor da ética, justiça e respeito nas eleições de 2026. O caminho é encontrar saídas. Este é um sinal de esperança e um programa de ação coletiva, dirigida por solidariedade. Por meio de uma discussão aberta, a população pode se colocar a par dos problemas e partilhar tentativas de solução. Como escreveu Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

 

(Mauro Passos)

ESPERADA RENOVAÇÃO E A DEMOCRACIA EM EXPONENCIAL (4x1)

 


Algum dia dividiremos

a liberdade em fatias

e nos amaremos – sem fome –

em absurda alvorada.

(Bartolomeu Campos Queirós)

 

Na espera da primavera que se aproxima, dou boas-vindas à nova estação já antecipada com o “Prêmio Nobel de Política” para o Supremo Tribunal Federal (STF). Contra os lemas e “zemas” atravessados sinalizo o mérito, a competência, a dignidade e o nível de cada componente do STF que defendeu a democracia, a soberania do país contra a “tentativa de golpe” orquestrada por Jair Bolsonaro. Com uma justa composição de argumentos jurídicos e provas, Alexandre de Morais sustentou os princípios certos e condenou todos os réus que planejaram o golpe contra a democracia. Flávio Dino numa atmosfera de sensibilidade e leveza mostrou conhecimento, lucidez e competência em seu pronunciamento. É um clássico, de palavra mansa, com um dom de cordialidade e simpatia. Como diz o poeta Manoel de Barros: “As coisas desejam ser olhadas de azul”. A Ministra Cármen Lúcia com uma fala livre, sincera e carregada de afeição ponderou: “Ditadura vive da morte. Não apenas da sociedade, não apenas da democracia, mas de seres humanos de carne e osso”. Com um acervo e “habitus” de sabedoria, esta ministra deixou claro o significado de uma ditadura. Não é apenas “uma questão de interpretação” como disse o Zema. Detalhe: Valho-me de uma máxima de Virgílio: "Latet anguis in herba" (A cobra se oculta debaixo da erva). O presidente Cristiano Zanim conduziu as sessões com respeito, diplomacia e elegância. Manteve a ordem, a primazia da verdade e o ético da política, diferente das reuniões conduzidas por Bolzonaro, quando presidente da nação. O Brasil que desejamos deve ter a medida de sua perfeição na riqueza das diferenças e no cuidado das instituições do regime democrático. Unidos com o STF e contra a violência bolsonarista, o favoritismo tarcizista e a manipulação zemista será possível restabelecer a justiça tão ofendida. Assim, podemos sair desta depressão histórica. Mais ainda: fazer valer os direitos humanos, sociais e políticos. É bom lembrar que a tolerância anda de mãos dadas com a verdade e a justiça. Isso nos convida a interrogar os fatos e o cenário sombrio do mundo contemporâneo (do Brasil contemporâneo). Outro Brasil é possível. E com renovação. Sua exponencial está no exercício da união, diálogo, coragem e interpretação dos acontecimentos. Utopia ou sonho? Sonho e utopia para descobrir a verdadeira extensão do mundo e da vida. E, assim, “nos amaremos em absurda alvorada”.

(Mauro Passos)

QUEM SOMOS NÓS NUMA PRÓXIMA ELEIÇÃO

 
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O que SENTIMOS sobre a guerra híbrida (projeto de Trump contra o Brasil para impedir a consolidação de um projeto nacional soberano e sobre o perigo de perdermos nossa soberania)?

O que SENTIMOS, sobre o genocídio na faixa de Gaza (que mostra a indiferença das pessoas diante um genocídio)?

O que SENTIMOS sobre a adultização infantil, quando essa mazela é tão velha e começou com as crianças filhas de escravos, que os patrões fazendeiros as usavam como objetos sexuais? Essa monetização atual, é também política de manipulação (Deus, Pátria e família). As crianças sempre estiveram no sinal de trânsito trabalhando, nem os políticos e nem nós nunca falamos sobre, ou fizemos algo para mudar isso, mas as big techs monetizaram esse assunto para ter lucro, quando elas mesmas se negam a apoiar a regulamentação das redes sociais, onde essas mesmas big techs monetizam aberrações políticas, sexuais, emocionais.

O que SENTIMOS se estamos numa situação de vassalos, orquestrados por Dudu Boçalnaro, que continua recebendo seu salário para destruir o Brasil?

O que SENTIMOS por esse Judiciário? Por Alexandre de Moraes, um ministro colocado pelo golpista Temer? Que votou pela NÃO concessão do habeas corpus do ex-presidente Lula, quando o imputado a ele foi CRIME INDETERMINADO? Podemos confiar nesse Judiciário que apoiou o impeachment de Dilma sem CRIME, sendo presidente da mesa dos golpistas Lewandowski, hoje ministro da Justiça? Gilmar Mendes chamava os ratos da Lava Jato de heróis do Brasil, e hoje os chama de organização criminosa!

O que SENTIMOS se a classe dominante (bancos/banqueiros) cresce no PODER que rege a nação e rege a política monetária nacional? 

O que SENTIMOS se sabemos que quem dominar a Inteligência Artificial vai dominar o mundo e vão decidir quem ganha e quem perde uma eleição?

Será que ainda SENTIMOS? Será que a SENSIBILIDADE, que é a verdadeira forma de inteligência, ainda nos permeia?

O QUE SOMOS, além das escolhas condicionadas?

Quem sou eu na política brasileira? Um vassalo inculto de extrema direita do submundo bolsonarista ou um esquerdista que apoia o neoliberalismo lulista? Outra opção seria inválida ou hipócrita, pois a direita apoia a extrema direita, e a esquerda radical apoia a esquerda neoliberal!

Acredito que temos que ENTENDER as coisas como elas são, para podermos ENFRENTÁ-LAS como elas verdadeiramente são.

Não existe neutralidade axiológica, todo mundo tem valores e todo mundo escolhe conforme esses valores.

Por que alguém vota num imbecil miliciano que exalta o AI5 e a ditadura de 64, que homenageia Ustra (um torturador cruel de mulheres), que hostiliza o STF por defender a democracia, que diz que preto tem que ser pesado em arroba, que diz que prefere um filho ladrão do que gay,  que usa a fé para perseguir, que anda com a bandeira de Israel - que já matou 20 mil crianças até agora, que tinha uma minuta de golpe com plano de assassinar Lula, Alkimin e Alexandre de Moraes, que nunca fez nada pelo povo, que comprou 51 imóveis com dinheiro vivo e outras bandidagens, que tem 5 filhos com 3 mulheres diferentes e é o representantes de Deus, Pátria e Família?

Esse público é o mesmo que votou em Zema, um poço de imbecilidade e de imoralidade financeira. É o mesmo público que votou em Cleitinho que, de repositor de mercadoria de uma venda, com lacração e mentirada, virou deputado, senador e agora está em primeiro lugar no ranking para governador de MG! Sai um super burro e entra um super jumento, e talvez esse coma abacaxi com casca, espero!

 Como dizia Freud, quanto mais fraco, inculto, solitário e desesperado for o sujeito, maior é seu desejo de integrar movimentos autoritários que prometem redimi-lo de sua insignificância e frustações cotidianas!

Essa é a prova de que se pode ter um grande intelecto, mas não se tem inteligência, porque na inteligência existe a capacidade inerente de SENTIR tanto quanto de RACIOCINAR.

Sabe onde a direita nada de braçada? Nos meios digitais, com apoio das big techs americanas, máquina de fazer imbecis alienados. Os discursos da extrema direita são CONTRA O SISTEMA, contra o STF, contra o Congresso, contra salário decente, contra educação, segurança e saúde). Com a alienação, ignorância política, interesses pessoais de grupos e pessoas desprovidas de sentimento de comunidade, esse discurso manipulador consegue lavar muita mente de segunda mão. A degradação do Congresso, com o baixo clero bolsonarista, segue uma intenção e forma de destruir as instituições, mostrar que tudo não presta e que tudo é uma palhaçada. E estão conseguindo seu objetivo, temos uma crise no sistema político, o povo não acredita no STF, nem no parlamento e nem no presidente! A extrema direita é a única força revolucionária da atualidade, pois o inculto quer violência e uma sociedade autoritária!

Por que alguém ainda vota no Lula como se ele fosse a esquerda brasileira? Ele tem hoje 7 ministros bolsonaristas? Por que nos enganamos pensando que um governo de "frente ampla" é de esquerda? Não temos uma esquerda revolucionária, que faça uma ruptura total com o neoliberalismo, mas temos a continuidade dos liberais nesse sistema que sustenta essa massa de gente colocada em instituições públicas e privadas, com bons cargos, com salários altos e benefícios, para manter o estado atual e a situação de desigualdade social permanente!  Podemos dizer que temos um governo de esquerda, se o vice-presidente é o neoliberal tucano Alkimin, esse senhor que jogava tropa de choque em cima de professores, senhoras de idade, e o secretário de segurança pública era o Alexandre de Moraes? Imagina se Lula morre e esse neoliberal violento assume, o que seria do nosso voto de esquerda? Na verdade, nosso discurso sempre foi uma utopia, e precisamos ter consciência que votamos em Lula para evitar o pior. E talvez façamos isso novamente, pois o milico fascista Tarcísio está com os olhos cheios de sangue (especialistas da ONU destacam a devastadora brutalidade das políticas de Segurança de Tarcísio, e ele diz que não está nem aí)! Perguntaram para o Jones Manoel, historiador e militante do PCB, qual liberal da direita ele ainda considera ético, e ele respondeu: Fernando Haddad.  A esquerda liberal é apenas uma melhor proposta, um remediador para a situação em que estamos mergulhados, e para que não tenhamos de volta o caos absoluto do submundo bolsonarista! Lula chegou à presidência, mas não chegou ao PODER. Ele disse que está acontecendo um genocídio em Gaza, mas só falou, não fez nada, porque NÃO TEM PODER PARA FAZER. As pessoas que cuidam da política monetária não foram eleitas por ninguém, mas Galípolo banqueiro foi escolhido por Lula. É bom lembrar que a independência do Banco Central se deu com Boçalnaro e Guedes, para que o eleito Lula não controlasse a política monetária nacional, mas sim os banqueiros.

Outra questão importante, é o uso da fé para manipular a política e angariar poder. Silas Malafaia não é um pastor, ele é o líder da extrema-direita com uma linguagem de mafioso, é um agente político que adultera o repertório bíblico para manipular fiéis e obter ganhos políticos. Hoje, segundo o próprio Malafaia, numa entrevista que está no documentário APOCALIPSE DOS TRÓPICOS (Netflix), afirma que os evangélicos têm mais de 30% dos votos nacionais, e ri como se o poder fosse dele. É bom lembrar que a Alemanha não era ateísta, ela era uma Alemanha CRISTÃ, e teve uma teologia que deu sustentação ao nazismo. Malafaia se utiliza da Bíblia para dar sustentação ao discurso da extrema-direita, que segue padrões de violência, autoritarismo e controle sobre as mentes das pessoas.

Concluindo:

A política no Brasil se reduziu ao voto, o meio técnico não cria lideranças e a eleição se tornou um instrumento de alienação, pois não se aprende nada numa campanha eleitoral! O VOTO é mais um processo de RAIVA do que de credibilidade em alguém! Estamos todos fazendo parte de uma chamada digital, somos apenas parte de um algoritmo! Hoje temos duas fés, uma no sistema capitalista e a outra na tecnologia - se uma falhar, a outra vai resolver - mas a dança dessas duas juntas está comendo o planeta. Um rio não volta a ser um rio daqui a 100 anos, uma montanha não volta a ser uma montanha, estão exaurindo a terra e tudo sendo apropriado por acionistas da mineração.

Só temos um planeta, e ele está sendo destruído..., mas tudo bem, ainda estamos vivos, dizem os canalhas.  Fica a pergunta: a ciência poderá fazer alguma coisa pelo planeta depois que ele virar pó?

Os Estados Unidos, ao longo dos anos, construíram um manual de justificativas para intervir em outros países, dizem que é para proteger vidas, a democracia, combater o narcotráfico, mas o que buscam são os recursos naturais, controle geopolítico e influência econômica. O Dudu bananinha deu uma entrevista para o submundo da Folha de S.P. e disse que se não tiver Boçalnaro na eleição de 2026, Trump não reconhecerá o resultado da eleição.  Há um acordo de desestabilização do nosso país, não como crime de lesa pátria, mas um crime objetivo, de tornar a eleição sem Boçalnaro ilegítima, e permitir a ocupação física dos Estados Unidos no Brasil, o que seria o 2o "round" do golpe. Esse recado golpista nos faz concluir que, também o foco do bolsonarismo é o Senado para destruir o STF, e que Zema, Tarcísio, Caiado e Ratinho Junior, quatro bolsonaristas, serão apenas fantoches dessa engrenagem maligna para confundir o povo. Infelizmente, precisamos entender que, agora, não se trata mais, de somente eleger Lula, mas de garantir a SOBERANIA NACIONAL.

O Congresso vai pautar a anistia para livrar Boçalnaro e seus comparsas, a chance de justiça e responsabilizar esses filhotes da ditadura é uma mobilização, pressão digital, gente nas ruas! Mas o povo não sabe o que é um instrumento de poder, ele domina ou será dominado por ele, e a opção do povo brasileiro foi ser dominado por ele. Os militares vivem como uma casta, Boçalnaro transformou seus soldos em valores milionários, e esses vão manter esse privilégio, nem que seja pela força, como sempre fizeram. Se o alto comando militar era legalista, por que não deu voz de prisão para o Boçalnaro quando tiveram acesso à minuta do golpe e da proposta do Bozo?  A esquadra estadunidense já está em frente a Venezuela, é um pulo para mudar o rumo para o Brasil, mas o lucro e os privilégios do capital exportador são mais importantes que a soberania do Brasil, os ratos do União Brasil e Progressista já estão entregando seus ministérios no governo, para aprovar a anistia e fechar o pacto com Dudu bananinha - que representa os USA. Lula é o instrumento ideal que os capitalistas podiam ter - banqueiros e agronegócio nunca lucraram tanto quanto com Lula, e esses mesmos exigem cortes constantes nos programas sociais. A extrema-direita ataca e a esquerda se defende, a extrema-direita vai para as ruas e a esquerda assiste comendo pipoca, a esquerda fica procurando encontrar a linguagem enquanto a direita encontrou a linguagem da lacração.

Podemos ser alguma coisa, que não seja essa narrativa de extrema-direita (ou direita), esquerda liberal (ou esquerda radical)? Vou me mover pensando eu sou isso, ou ainda tenho a possibilidade de exercer a liberdade de não pertencer a tudo isso? Para fazer parte desse complexo capitalista, identitarismo, pluralidade, identidade, diversidade, precisamos deixar de ser quem somos e sermos apenas um clichê social. O bolsonarismo intensificou a colonização do privilégio: A SUA FAMÍLIA NÃO PRECISA TER OS PRIVILÉGIOS DA MINHA FAMÍLIA, essa premissa conquistou muita gente abjeta. Mas essa foi e é a história do Brasil, escravidão e tortura do povo indígena e do povo preto (depois incluíram os pobres). O mal é tão difícil de combater quanto a imbecilidade da burguesia, eles não negociam, eles impõem. O Brasil continua numa periferia secundária dos Estados Unidos, a classe trabalhadora se desorganizou com a perseguição aos sindicatos, uma burguesia que não tem projeto para o Brasil, mas SOMENTE para suas famílias, e continuará explorando o trabalhador sem direitos e devastando o meio ambiente. Nessa minha fala, sobre tantos homens de terno e gravata e cérebros senis, termino homenageando os índios que contemplam a natureza ao invés de enxergá-la como dinheiro, que dançam e cantam por prazer de estarem vivos, que entendem que esse solo é um ente vivo e sagrado, que entenderam que a gente não está num mundo de recursos que possam explorar infinitamente. Peço perdão a eles pela violência e pelo que sofreram e sofrem ainda por injustiças, com violência em suas terras, pelo rompimento da barragem que cobriu o Rio Doce, rio que era considerado um ancestral dos Krenaks, que sentiu a dor da perda do rio com se um deles fosse, pois o rio era a vida deles. Podemos ser alguma coisa além da política? Podemos pensar uma nova ética capaz de respeitar a diversidade e a natureza (uma verdadeira sustentabilidade)?  Qual político reconhece as diferentes cosmovisões e formas de valorizar as culturas indígenas e suas sabedorias, além de reconhecer o capitalismo devastador? Votar para presidente em 2026 será para todos nós um grande desafio, teremos de ver os fatos profundamente caóticos e podres e, a partir da compreensão, da ausência de conflito interno, observar que candidato possa ter uma vida sã, com pensamentos benignos e inteligentes, com uma mentalidade holística, harmoniosa e longe de toda hipocrisia. É difícil encontrar? É! Mas precisamos de alguém que se aproxime mais disso! Nós temos uma responsabilidade com as próximas gerações!

Ellen Pietra