CONGRESSO NACIONAL: BLINDADO E PRIVATIZADO

 


Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína.

(Caetano Veloso)

 

A democracia no Brasil está fora dos trilhos. Por quanto tempo continuaremos com os políticos que hoje são deputados estaduais, federais, senadores? E continuaremos com a mesma sucessão de prefeitos? Há exceções? Pena que são poucas. Diante da desordem e da banalidade política, está ocorrendo um esvaziamento da ordem democrática. Isso que está ocorrendo é um processo de longa duração. A menos que o fim do mundo chegue antes. Portanto, esse quadro político pode continuar, mas sem responder às necessidades da nação. Sua longa duração terá implicações enormes. Será a “Era da crise” (é o termo da moda): crise ambiental, crise ética, crise na educação, crise na saúde, crise urbana, crise energética, crise, crises... É o efeito devastador da atual política no Brasil. A violência política, portanto, é grande e grave. A PEC da Impunidade (PEC 007), votada no Congresso Nacional, aconteceu em poucas horas (eles não adiam o mal). Detalhe: blindagem rima com pilantragem. “Macunaíma”, no seu canto, iria rir dessa situação. O processo de luz e sombra, construção e ruína traça o atual mapa do Brasil. Assim, foi selada a privatização do Congresso. Agora, a prioridade é dos políticos (particularmente dos políticos com fichas sujas). O cidadão foi desalojado de sua cidadania. Como adiar o fim da democracia? É preciso uma mobilização política. Indignar-se e contagiar. Sem um trabalho com as camadas populares, continuaremos com o mesmo congresso, o mesmo senado e os mesmos governadores. Enfim, com os mesmos políticos (ou outros piores). Precisamos dar uma volta por cima e mobilizar grupos e pessoas. É urgente reagir e pensar: como atingir mais grupos, mais pessoas? Usar os espaços públicos, inclusive as Câmaras Municipais para debates, encontros, teatros, projeção de filmes. Com criatividade, lucidez e organização podemos fazer um bom trabalho com o povo, os jovens, os(as) trabalhadores(as). O que mais importa é a redescoberta de um novo horizonte político. Em um país onde a questão política se submerge a cada dia, envolvida num redemoinho de desrespeito, corrupção sem precedentes (pense na corrupção da mineração em Minas Gerais), precisamos ter um verbo como bússola: AGIR. Uma ação organizada e participativa. Para colocar a política brasileira nos trilhos é preciso “consciência política”. Não pensemos duas vezes, três bastam. Sem educação política, participação e mobilização o Brasil não vai para frente. Na antropofagia política que vivemos, para não sermos devorados, é preciso resistir. Juntos podemos mudar o Congresso Nacional com a cor da ética, justiça e respeito nas eleições de 2026. O caminho é encontrar saídas. Este é um sinal de esperança e um programa de ação coletiva, dirigida por solidariedade. Por meio de uma discussão aberta, a população pode se colocar a par dos problemas e partilhar tentativas de solução. Como escreveu Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

 

(Mauro Passos)

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