Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora.
(Grupo Revelação)
No ginásio, hoje ensino fundamental, a gente aprendia a
descobrir o sujeito e o predicado das orações. Por exemplo: “Gandhi pregou a
não-violência”; “Dom Helder foi um bispo profeta”. “Paulo Freire é o patrono da
educação brasileira”. “Irmã Dorothy deu a vida pela Amazônia”; Zilda Arns
trabalhou pela saúde; “Henfil combateu a fome”. Nesses exemplos temos o sujeito
das orações: Gandhi, Dom Helder, Paulo Freire, Irmã Dorothy, Zilda Arns,
Henfil. Uma pessoa se torna sujeito quando tem capacidade de dialogar, ouvir,
conviver e respeitar. O sujeito prioriza a vida, assume desafios, tece
relações. Respeita até os menos dignos. Os predicados estão grifados. São
predicados que crescem em verdade, cuidado e partilha. Cultivam “a semente do
amor”. As palavras dão forma aos sentidos e significados. Detalhe: a arte está
no verbo “fazer” – mais ainda, saber fazer com respeito. Considerando a
realidade atual e os problemas do cotidiano na política, cultura, educação e
religião, sentimos saudades desses líderes. Uma questão: Estamos órfãos de
pessoas boas, honestas e do bem? O mundo deu muitas voltas. Como pensar o
Brasil no quadro trágico que vivemos hoje? Rubem Alves lembra “o que a memória
ama fica eterno”, gera novos líderes, profetas, pastores, políticos,
educadores, religiosos. E, hoje, temos no Brasil pessoas que lutam pelo bem,
pela justiça, pela democracia, pela ética na política e por uma religião
inserida no tecido do cotidiano, por um lado, Por outro, temos pessoas que
ocupam cargos, mas não são líderes. Não têm predicados. Fazem silêncio. Emudecem
os sentidos e os significados. Em lugar da “não-violência” são a favor do uso
de armas; em lugar da profecia são omissos; não trabalham pela educação; não
defendem o meio ambiente; não fazem nada pela saúde; não combatem a fome. São
pessoas que vão empurrando a democracia. Aqueles líderes, com predicados,
conferiam vigor à esperança, renovavam a confiança mobilizando as pessoas e os
grupos para a compreensão e mudança da realidade. Essa dimensão não pode ser
esquecida em nenhuma área, particularmente na política. É hora de saber o que
fazem os atuais deputados e senadores. Que tipo de sujeito é cada um? Qual o
predicado deles – o bem-estar da população? O cuidado com a democracia? O
fortalecimento do serviço público e da saúde? Boas condições de trabalho e habitação?
Educação para todos? Para terminar: Considere os políticos mais votados em sua
cidade. Faça um quadro com o nome de cada um e veja se votou a favor ou contra
o bem-estar social. Qual o predicado deles para serem deputados ou senadores? É
preciso analisar, pensar e avaliar. É um exercício de cidadania, por isso exige
lucidez, coragem, vontade de mudar. “Quem cultiva a semente do amor... colhe o
que plantar”.
(Mauro Passos)

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