NÃO É DE HOJE O TRAMBIQUE EM NOSSO PAÍS

Este texto não faz coro àqueles que buscam no passado justificativas para os erros presentes. Sendo assim, os trambiqueiros de plantão (mensaleiros e diaristas, operadores de lava-jato e petroleiros), corruptos e corruptores, devem todos ir para o lugar que lhes é devido, a cadeia (e mais: ressarcindo a nação com todo o dinheiro roubado).

Ingenuamente, eu julgava que a história do trambique no Brasil era coisa de pouco tempo. Claro que tinha conhecimento de um deslize aqui, outro acolá, mas eles eram creditados como exceções de uma regra: o país era limpo.
        
Em passeio a Porto de Galinhas, no Estado de Pernambuco, tomei conhecimento de um fato histórico que me deixaria com os cabelos em pé, caso ainda os tivesse.
        
O local era conhecido com Porto Rico, já que usado para exportação de pau-brasil e açúcar, dois produtos que valiam ouro em épocas passadas, no tempo do Império.
        
Escravos eram trazidos da África para o trabalho nas lavouras de cana. E tudo corria bem, até que o escravismo começou a ser abolido no mundo e o Brasil se viu obrigado a fazer suas concessões – a Lei do Ventre Livre, por exemplo, foi uma delas.
        
Mesmo quando o furor abolicionista se alastrou, africanos eram trazidos clandestinamente para o trabalho nas lavouras. O artifício usado era acomodá-los debaixo de engradados... de galinhas de Angola.
        
Quando a carga chegava ao porto, a senha para os senhores de engenho era:
        
- As galinhas chegaram!
        
Confesso que desconhecia esse fato histórico. Não sei se ele é de seu conhecimento. Se for, para que esta leitura não seja perda de tempo, acrescento um dado que descobri no passeio. Quando chegamos ao Distrito (Porto de Galinhas pertence ao município de Ipojuca), o motorista da Agência de Viagens que nos transportava fez espalhar entre os habitantes do local: - Novas galinhas chegaram!
        
Quando voltamos para casa e olhamos no espelho, passando as mãos nos bolsos da calça, descobrimos como fomos depenados! Tratado como galo de Angola, acabei pagando o pato, sendo espoliado sem dó ou piedade por aqueles que buscam vingança para as humilhações sofridas por seus antepassados.


Etelvaldo Vieira de Melo   

1 comentários:

Andréa disse...

He He He... Os escorpiões foram devorados.....

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