O DIA DO ÍNDIO

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Imagem: pedagogiaaopedaletra.com

Aos 19 de abril, comemoramos o Dia do Índio. Serão eles ainda os donos do Brasil? O que sucedeu com seus costumes, tradições, língua e religião? Por que os Krenak  perambulam, nessa data, pelas ruas e escolas de Belo Horizonte, vendendo flechas sem pontas, facas sem gumes, adereços desbotados, chocalhos, danças da chuva que não têm?  Não deveriam então oferecer alimentos e flores aos deuses, e rituais à Mãe Natureza? Ora, após o “trabalho”, embebedam-se, colocam pedras nas ferrovias, picham edifícios, prostituem-se. Os Ianomâmis são dizimados, nesse Feliz Aniversário, pelas doenças e posseiros brancos. Os Xingus nem sabem se há poluição ilimitada no rio Amazonas e afluentes.  Desde que o rei de Portugal ordenou-lhes falar o Português, ao invés do tupi-guarani, os morubixabas só fazem macaquear a sintaxe lusíada, como diz Manuel Bandeira. Abati significava “milho”, mas agora é o início do termo “abatido”. Manioca sugeria a lenda de Mani, em sua oca. Jiquitiaia era “pimenta”; iautica, “batata”; mendobi, “amendoim”, porém a miséria calou os sentidos e a tribo (“junta de jovens millenius”) estaca o carrinho na porta da igreja – que preguiça! –, a fim de aproveitar a voz do padre (Amém!) e completar “Doim!” Tupã travestiu-se de cristão, o boitatá incorporou-se no boi esfomeado por soja e pasto, destruidores das florestas. O Curupira calçou botas ao contrário, a Iara preferiu morar no Parque Municipal, o Caipora ou Caapora virou azar ou catapora, endereçada aos pequenos Iracema e Peri (José de Alencar rola na tumba). Os banhos infindáveis nos igarapés e rios coloniais navegáveis tornaram-se suor e piolhos para os Karajás. Hábitos saudáveis de outrora transmudaram-se em drogas, malandragem, cadeia. Por aí vão...
Portanto, a comemoração no dia 19 deveria passar para o primeiro de abril. Os políticos mentem sobre os incentivos à FUNAI, a FUNAI mente sobre a aplicação deles na saúde e resiliência dos silvícolas. A data continua sendo motivo de roubalheira e extorsão pública. Assim como a árvore, a mulher, o negro, os indígenas possuem a marca da discriminação na Folhinha Mariana. Sem cafuné, jurema ou pajé, melhor seria realizar o Quarup, dia de enterro  do pele-vermelha que, caso não se Raoni, logo se Sting.
Graça Rios

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