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Passando por
dificuldade em encontrar um personagem ou um tema para minha dissertação
semanal, fiz-me (pode?) estas perguntas:
- Não existe aqui no
bairro uma possível personagem?
- Os jogos de videogame
não lhe sugerem nada?
- Os programas e filmes
de TV a que assiste não lhe trazem nenhuma inspiração?
Ontem, andando pela rua,
encontrei o Chiquito, uma figura bem interessante: foi dono de um varejão de
verduras e legumes chamado “Varejão do Chiquito”. A mandioca ali vendida fazia
sucesso tal a sua maciez, cozinhava num instante. As donas de casa não se
cansavam de dizer: “- Boa mesma é a mandioca do Chiquito! Não tem nada igual."
Bom, acho que o
Chiquito pode se tornar matéria-prima para uma futura crônica. Preciso,
primeiro, fazer um levantamento de dados, sobre ele e sobre as mandiocas, o que
vai me tomar certo tempo. Minha necessidade é mais premente.
Sobre videogame, enjoei
da plataforma que disponho: só traz jogos de violência. Quis mudar, mas, como
ali tudo depende do dólar e estando ele nas alturas – por causa do Temer & Companhia – acabei desistindo,
suspendendo a assinatura. O que foi bom, pois assim poderei me recuperar melhor
do calo na palma da mão, culpa da “lesão por esforço repetitivo” (LER), de
tanto pressionar os botões da manete.
Os programas de TV, por
causa das eleições, andaram falando muito de política, tema que já explorei ad nauseam. Agora, por recomendação médica
e por orientação de pessoas próximas, estou proibido de falar no assunto.
Quanto aos filmes, já
há muito enjoei daqueles de guerra e daqueles cujos mocinhos são agentes da
CIA; agora, enjoei (não me chame de cara enjoado!), enjoei dos efeitos visuais
produzidos por computação gráfica. É tanta a quantidade de recursos tecnológicos
que os filmes de ação, por exemplo, acabaram perdendo a graça, tamanho o
exagero. Resultado: migrei pra outra operadora, quero dizer, migrei para as
séries.
Durante um tempo,
assisti àquelas de investigadores e coisas tais. Até enjoar (de novo!), ao perceber
que a fórmula, de tanto ser usada, acabou perdendo a graça: com os recursos da
modernidade, por nada, os exames de DNA acabavam dando desfecho às
investigações. Quando o/a mocinho/a ficava num beco sem saída, logo vinha um
técnico passando cotonete nas bocas dos suspeitos. Aí, bingo! – o caso era
solucionado. Assim estão os seriados modernos: sem mais e sem menos, lá vem um
exame de DNA. O fosfato que você queimou tentando digerir a trama acaba sendo
jogado na lata de lixo! Uma bruta sacanagem!
Ainda bem que a NETFLIX,
sentindo o meu drama de não ter mais a que assistir, resolveu me presentear com
uma série onde o detetive principal tem que usar, quase que somente, do recurso
de seu faro apurado, sem essa de DNA, só com um pouco de impressão digital. A série
é cubana e se chama “Quatro Estaciones em La Habana”. Confesso: ver cenários de
tanta pobreza quase joga por terra minhas convicções socialistas. Havana parece
estar caindo aos pedaços, com prédios se desmanchando e seus poucos carros
antigos. Uma pobreza de fazer dó.
Assistindo à série,
você percebe que, em Cuba, profissionais liberais - como médicos, engenheiros,
economistas - não têm o glamour que os nossos ostentam: é frequente encontrá-los
nos botequins bebendo cachaça. Se a série fosse atualizada, teríamos ali a
presença de “mais médicos”, aqueles que acabam de retornar do Brasil (o que possibilitou
à amiga Vivelinda Matusquela a observação mordaz: o governo brasileiro, ao
expulsar os cubanos do “Mais médicos”, não só tornou a saúde do país mais
precária, como contribuiu com o aumento do alcoolismo em Cuba).
Quanto ao detetive da
trama, além de fumar um cigarro atrás do outro, costuma interrogar as
testemunhas assim: “- Você é cubano e gosta de uma fofoca. Então, conte pra
gente o que sabe”. Achei bem legal, mais interessante do que a técnica
utilizada pela Lava Jato, que usa o suborno nas delações (o que mostra uma
diferença brutal de valores: lá, o que prevalece é o afeto; aqui, o dinheiro).
Está certo, ao fim de
tudo, como está vendo, já não estou aderindo ao socialismo cubano. Enjoei ao
ver tanta pobreza. Agora, o que o cubano perde em pobreza ganha em calor
humano. Quem assistir à série pela NETFLIX vai entender o real sentido daquela
frase enigmática de Che Guevara: Hás que
endurecer, pero sin perder a ternura jamás.
Você me mandou ir pra
Cuba. Fui, mas não gostei. Da próxima vez, me manda ir pra Europa, pra França,
Paris. Você sabe: estou ficando muito, muito enjoado.
Etelvaldo Vieira de Melo
3 comentários:
Kkkk pois eu só quero ir p os arredores.
Kkkkkkkkkk. Não gostou de ir para Cuba? Oh, pensei que gostaria. Kkkkkk
Não acho que está ficando enjoado, tudo tem sido copiado demais, originalidade passa longe. Rsrsrs.
Márcia Costa
Pensei que tinha gostado* corrigindo. Kkkkk
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