UMA PEQUENA LEITURA DO QUE SE CHAMA LETRAMENTO

A importância do letramento na Educação Infantil
imagem:educacao.estadao

Em se tratando de letramento do professor, acreditamos haver aí elementos essenciais implícitos que vão além do conhecimento e segurança linguísticos, seja qual for o idioma a ser lecionado. Colocamos esse item: domínio escrito e oral da matéria em primeiro plano, pois os seguintes dependerão amplamente dele. Uma classe de Inglês, por exemplo, percebe rápido o nível idiomático do professor, quanto à fluência e respostas fornecidas a seus questionamentos.
Entretanto, não basta o letramento intelectual do mestre. Há muitos deles altamente qualificados na letra, mas falta-lhes o desejo psicológico e emocional de bem lidar com a ausência de conhecimento alheio.  A afetividade é uma forma de amenizar as dificuldades dos discentes, ainda que o lente não seja um ‘virtuose’ da matéria. Paciência e amor = letramento e delícia em estudar para sempre do a, b, c aos romances de Shakespeare.
Falemos agora do letramento do aluno com relação à do professor. Por esse caminho chegaremos à Didática. Ser letrado no Inglês, lidar sem rancor com a gramatiquice (Gramática é poder, ascendência, superioridade, padronização) torna-se um desafio para o mestre, a criança, a gente grande. O ensino de um indivíduo urbano obedece à língua culta, de acordo com seu ambiente, classe social, economia, porém difere do rural. Naquele, o vocabulário industrial, comercial, turístico, é natural pela frequência do uso. Nesse, há uma devida adequação ao viver e motivos locais. Exemplo disso, seriam o gado, os rios, as plantas, a alimentação, a cordialidade, a família, nas primeiras palavras. Então, a estratégia didática deve ser diferente em cada caso. A utilização do alfabeto seria igual, mas o tipo de escola, carteiras, objetos, gestos, linguajar, não. Assim, o menino que aprende Inglês no interior, parece-me, teria de tornar-se bilíngue: escreveria e falaria o registro campestre, a fim de se comunicar com os falantes locais; e o mais erudito, no convívio com elementos da cidade grande. 
Ainda cogitamos do professor que prepara o intercambista ou o candidato à vaga na escola, digamos, americana. Cremos que o letramento, nessa hipótese, incluiria, sobretudo, fatores tecnológicos à disposição no estabelecimento de Ensino. Lições de Geografia, História, costumes, hábitos, gírias, tudo solicitaria o letramento lato sensu. Sobretudo, a pesquisa, o convívio linguístico acentuado na escola, a assistência às palestras com nativos, a leitura de filmes, teatro, cinema, seriam fundamentais para isso. Nem se fale dos livros, sempre debaixo dos olhos.
Observe-se que utilizamos neste comentário a amplitude visual da professora Magda Becker Soares, relativa a letramento. Esse tema é vasto, uma vez que inclui a análise das políticas públicas e interesses políticos. A cada época surge um novo método, um novo nome, um novo interesse geralmente autoritário em torno da definição de ‘letramento’. Ora usam-se métodos sintéticos: alfabetização, silábico, fônico; ora, métodos analíticos: palavração, sentenciação, global. De qualquer forma, analisamos aqui a língua Inglesa, como modelo, trazendo desde o sentido da pré-alfabetização até à completa compreensão leitural e escrita de textos altamente complexos.
Infelizmente, o professor quase nunca se reúne com os colegas para escolher o melhor trabalho para os alunos. Recebe pronto o Programa, a metodologia, o encaminhamento das etapas. Os livros de exercícios trazem o conteúdo ‘certo’ e as respostas ‘exatas’ para ‘ajudá-lo’. Daí, as dificuldades posteriores do estudante em compreender, interpretar e criticar o que escuta, lê, escreve, seja a lápis, seja no computador.
Graça Rios

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