VERDADE PARA SER LIVRE, SABEDORIA PARA SER FELIZ


A pedido de Percilina Predillecta

Considerando a Liberdade como possibilidade de fazer escolhas, podemos dizer que todo ser humano é livre, uma vez que sempre está fazendo escolhas, tomando decisões. Até mesmo quando deixa nas mãos de outro o poder de decidir, ele está fazendo uma escolha, a de não escolher.

Nesse sentido, a Liberdade é algo inerente à natureza humana, de modo que existir é ser livre. Assim, ela parece mais condenação do que um bem, um castigo que cobra preço elevado: o de sermos culpados, responsáveis sempre por nossas escolhas.

No plano da Política, uma máxima parece dar razão a essa teoria, quando diz que “o povo tem o governo que merece”. Se a classe política é sinônimo de imundície, se os dirigentes são imprestáveis, a culpa em última análise é daqueles que os elegeram.

Em outro sentido, nem toda escolha decorre da Liberdade. É o que se depreende da citação bíblica (João 8:32): “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. Assim sendo, “não alcançamos a Liberdade buscando a Liberdade, mas sim a Verdade; a Liberdade não é um fim, mas uma consequência” – no dizer de Leon Tolstói, concordando com o texto bíblico.

Mas o que é a Verdade? Verdade é a ideia que está em conformidade com os fatos, é o certo, correto, exato, autêntico. Sabendo o que é verdadeiro, o indivíduo poderá tomar atitudes conscientes, responsáveis, livres.

Como contraponto à Verdade, temos a Mentira, que é a negação do correto, a falsidade, a trapaça, o engodo, a inverdade.

O conhecimento da Verdade leva, pois, à Liberdade. Pessoas livres são aquelas capazes de dispor de si mesmas, tomar decisões e assumir as consequências de suas atitudes. Elas conhecem, aceitam e sabem conviver com a Verdade. Já aqueles que cultivam a Mentira irão propagar o erro e a falsidade, contribuir para a escravidão (que é a negação da Liberdade). Os regimes totalitários, de escravidão, de ditadura, buscam destruir a essência do viver, que é a Liberdade. Sem Liberdade, as pessoas perdem o espaço da felicidade. Para destruir a Liberdade, procuram sufocar a Verdade.

Ainda em João (14,6), Jesus falou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.  É muito reconfortante para aquele que crê ter a convicção de qual Caminho seguir, de qual Verdade abraçar e qual Vida viver. Richard Bach lembra, a propósito: “Quando você chega ao limite de toda luz que conhece, e está a ponto de dar um passo na escuridão, FÉ é saber que uma dessas coisas vai acontecer: vai haver chão, ou você vai ser ensinado voar.”

É essa dimensão de fé que acaba se constituindo uma vantagem do religioso sobre o ateu, que irá se servir tão somente de sua frágil e limitada razão, que nem sempre lhe garante chão ou asas para voar.

Evitando, enquanto possível, os terrenos pantanosos da Metafísica e da Teologia, quis, através deste texto, fazer um confronto entre Verdade e Mentira, mostrando que a Razão (a fé, para o religioso) é que possibilita encontrar a Verdade, que a Liberdade é consequência da Verdade e berço do Amor. Por fim, é o Amor que nos permite viver com Sabedoria (vida com sabor) e é a Sabedoria que nos torna felizes. De modo que não há felicidade sem Sabedoria e não há sabedoria sem Amor. O amor, por sua vez, depende da Liberdade, ela que só é possível através da Verdade. Somos livres na medida em que conhecemos a Verdade, amamos na medida em que somos livres, somos sábios na medida em que amamos, felizes na medida de nossa sabedoria.

Assistimos hoje a um uso sistemático e perverso da Mentira com o propósito de desestabilizar as instituições democráticas do país, instituir o caos e implantar um regime de força, uma ditadura, com as pessoas confinadas em rebanhos. Muitas já vivem assim, em suas bolhas das redes sociais ou nos ‘cercadinhos’ de suas ‘igrejas’.

Sabemos bem como a Mentira é maligna, demoníaca: “uma mentira pode dar seis voltas pelo mundo antes que a verdade tenha tempo de vestir as calças” (Mark Twain); “uma mentira estraga mil verdades” (provérbio africano).

Benjamin Franklin disse que “onde mora a Liberdade, ali está a minha pátria”. Precisamos ter cuidado com aqueles que, usando de mentiras, buscam sufocar a Verdade, amordaçar a Liberdade, esses bens supremos da vida, berços e moradas do Amor, da Sabedoria e da própria Felicidade.

Etelvaldo Vieira de Melo


2 comentários:

Unknown disse...

Excelente texto, Etevaldo. Uma sugestão: publique no Facebook. Este texto é para ser lido, estudado e discutido. Meu abraço.
Mauro Passos

Julia disse...

Muito bom e correto pai!

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