O BEIJO, VÉSPERA DO ESCARRO

imagem: Freepik


         A você,

que desconhece /

a tênue trança dos

 

filamentos fluídicos

de um halo /

e as Macbeths de

 

patológica vigília, /

tintadas em

rembrandtescas

 

       telas várias;

           A você,

     alma avoenga,

 

propriedade do

carbono ferido

ido que

 

a hostil gleba

atra escarva

na própria ânsia

 

      dionísica do gozo;

              A você,

    agregado abstrato      

          

da vã paixão,

molambo ambulante,

língua paralítica,

 

                 A você,

          abro o convite:

          Quebre a força

 

centrípeta

das amarras.

Arranque asas

 

descarnadas

de feias moscas.

Busque em si

 

cancro assíduo:

consciência

tateante

 

entre tênebras.

Realize

ultraepilético

 

esforço: ali estou,

em orográfica

crua biblioteca. /

 

Quem sou?

Procedo de

um tropismo

 

ancestral com

todo o fogo

telúrico do verso

 

Decomponho-me

chama e morte

seráfica.

 

Resido

entre caveiras:

poesito ferrolho

 

Olho-me

vibrião molécula

augusta imunda.

 

Sou anjo revelador

do seu EU

interior.

 

                 G. Rios


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