Passarim está triste
Passarim desaprendeu de
cantar
Por que tanta tristeza,
passarim?
Foi por causa do monstro
reluzente
vestido de negro
cuspindo horror
e gritos de temer?
Sim. Ele se achegou até minha
casa
e – oh, que dor doida doída!
jogou-a ao chão.
De antes, toda manhã era assim:
Eu pousava num de seus galhos,
Ipê Amarelo, para ver o sol
nascer.
Então, feliz, eu cantava cheio
de esperança.
Hoje, ficou comigo a tristeza
o vazio de minha voz calada.
O sol desapareceu de minha vista
e, minha vida,
já não faz sentido cantar.
É por isso que nas cidades
ainda se vê outro pássaro a
dizer:
Bem-que-te-vi! Bem-que-te-vi!
Pra quem ele fala assim desse
jeito
se todos estão de olhos e
ouvidos fechados?
Etelvaldo
Vieira de Melo
3 comentários:
É longe da nossa casa, mas é perto da casa de um monte de gente, então estamos seguros mas não estamos bem.
Liberdade é sempre bom!
É contra mim que luto.
Não tenho outro inimigo.
O que penso,
O que sinto,
O que digo
E o que faço,
É que pede castigo
E desespera a lança no meu braço.
Absurda aliança
De criança
E adulto,
O que sou é um insulto
Ao que não sou;
E combato esse vulto
Que à traição me invadiu e me ocupou.
de Miguel Torga
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