Os tempos são difíceis, são tempos duros,
portanto, mudem as pessoas e
os tempos serão melhores.
(Santo Agostinho)
O Brasil vive atualmente um momento ímpar com a questão
ambiental. A degradação do Meio Ambiente decorre, em grande parte, de licenças
expedidas pelos poderes públicos – prefeituras municipais e licenças do Estado.
Tudo isso acontece em desacordo com a legislação. A caricatura ajuda a entender
o retrato do governo de Minas e de muitas prefeituras. Interessante que para
comer a banana com a casca, o governador de Minas Gerais consultou uma
nutricionista. Isso me dá o direito de perguntar: Por que não consultar a
legislação sobre o meio ambiente e os órgãos competentes antes de conceder uma
licença ambiental? Essa e outras exigências atravessam a política, pois o
momento histórico que estamos vivendo vai além de uma política partidária e
exclusivista. Mais que em outros períodos históricos, nossa realidade é diversa
e plural. A melhoria moral da política brasileira é a base para que possa
existir uma saída desta situação complexa em nível nacional, estadual e
municipal. Como lembra o poeta Maurício Segall: “Brasil, país sonhado,/ Brasil
inferno vivenciado”. A questão ambiental é grave em Minas Gerais devido ao
projeto excludente e corrupto. É bom lembrar a luta pela Serra do Curral, o
rompimento de barragens nas bacias do Rio Paraopeba e Rio Doce. Tudo leva a
crer que há um consenso geral sobre a necessidade de preservar o meio de vida e
salvar o planeta. Um compromisso com esta causa engloba meio ambiente,
desenvolvimento e sociedade civil. O pensador Milton Santos dizia: “O
território é o chão. O território são as pessoas, a identidade, os fatos e o
sentimento de pertencimento”. Se o
desenvolvimento é a meta a ser atingida, é possível alcançá-la com a
preservação ambiental. Caso contrário, no futuro não teremos mais o Brasil, mas
um pedaço de floresta, um chão batido, uma vala por onde passava um rio etc.
Será o “Exílio da canção”, de Gonçalves Dias, somente estampado em calendários
e “souvenirs”. A esse quadro, acrescento o desrespeito à vetusta cidade de Ouro
Preto, patrimônio cultural da humanidade, recentemente. O governo Zema
flexibilizou regras de licenciamento ambiental favorecendo o desmatamento da
Serra do Botafogo, comprometendo o clima, a biodiversidade e destruindo esse
espaço natural. Quando essa devastação começou, a população gritou, os
ambientalistas se movimentaram, vários órgãos e departamentos da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP) se posicionaram para impedir o cortejo de
incidentes nos arredores da cidade. No entanto, nenhuma voz foi ouvida, nenhum
documento mereceu um olhar crítico e sério. Tudo foi espezinhado em sua
dignidade e em seus mais sagrados direitos. A omissão (e negligência) do Estado
não respeitou os direitos da sociedade em relação a esses bens. Era preciso
salvar “a casca da banana” que nem deu cacho e, ainda, não sacrificar o altar
do capital. O balcão de negócios nos órgãos do governo mineiro é o retrato
corrupto dessa história, segundo a operação realizada pela Polícia Federal no
dia 17 de setembro deste ano. É um combo nocivo ao meio ambiente. Diante deste
cenário, “é preciso estar atento e forte”, pois a questão ambiental é uma
questão social. Os setores conservadores e a lógica autoritária defendem a
problemática ambiental como sendo uma questão técnica e desenvolvimentista. Não
podemos assistir passivamente a este cardápio desidratado dos poderes públicos.
Precisamos tirar a ética do exílio e do desterro. O atual sistema político
necessita de saneamento. O mundo, a vida, a criação precisam ser preservados. É
sempre bom lembrar que o nosso voto em 2026 tem poder de mexer, remexer e
inventar outra política. A saída é mudar o atual cenário político: outros
deputados e outros senadores. Os políticos que temos são pobres demais, só têm
dinheiro. É difícil, mas mobilizar é preciso. É preciso abrir os olhos para as
coisas que estão acontecendo. Assim, dialogo com a canção “Clareou (Deus é
maior)”, de Serginho Meriti e Rodrigo Leite: “Pode a dor uma noite durar /Mas
um novo dia sempre vai raiar / E quando menos esperar, clareou”.
(Mauro Passos)

1 comentários:
Em seu famoso discurso, Martin Luther King disse:
“Com esta fé poderemos talhar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar os acordes dissonantes de nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé podemos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir à cadeia juntos, defender a liberdade juntos, conscientes de que seremos livres um dia”
Faço dessas, as minhas palavras pra você!
Sophia Flora
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