Véspera de aniversário do Blog BBCR (1ª
Postagem: 24/10/2012)
A
exemplo de Martin Luther King, também tenho um sonho. Naquele famoso discurso
(I Have a Dream), realizado em 28 de agosto de 1963 nos degraus do Lincoln
Memorial em Washington, considerado um dos maiores da História, aquele que foi
assassinado por lutar contra o racismo e a intolerância dizia sonhar com um
mundo onde as pessoas “não seriam julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo
de seu caráter”. Meu sonho é mais comedido e voltado para interesses
mesquinhos. Mas, fazer o quê? Há muito tempo me dei conta que cada um sabe onde
seu calo aperta.
O meu aperta não quando vem chuva, mas todo sábado pela
manhã, entre 10:30 e 11:00. Nesse espaço de tempo, faço as postagens de Graça e
minha no blog BBCR. A noite de sexta para sábado já é mal dormida; quando
acordo, sinto-me ansioso para transcrever os textos, pois imagino – e está aqui
o meu sonho – que milhares de leitores os aguardam ansiosamente, quase
provocando um colapso na Internet. Sinto um alívio temporário, quando clico por
duas vezes o ícone “Publicar”. Fazendo lembrar um pouco aquele comediante
conhecido por Mr. Been, ainda pela manhã, retorno, três, quatro vezes, ao
computador para confirmar se está tudo direitinho, se o texto não sumiu.
Esse sonho tem outras duas variáveis. Numa delas, apareço
qual Steve Jobs, quando ainda vivo, naquele suspense de lançamento da mais nova
versão do iPhone. Imagino meus leitores tais como aqueles jovens apaixonados
por novidades tecnológicas, dormindo em filas diante de lojas, agasalhados com
cobertores. Fico constrangido, imaginando meus leitores dormindo frente aos
computadores, aguardando a postagem da semana. No sonho, lamento não poder ir
até cada um, oferecendo-lhe uma xícara de café.
Na outra variável, os leitores se comportam como
consumidores no Black Friday (o americano, pois o nosso é tapeação), naquela
ansiedade e naquele empurra-empurra para comprar algo a preço de pechincha.
Esse é meu sonho e você tem todo o direito de achar que
ando com um parafuso (ou vários) a menos. Você pode pensar assim, porque não
vivencia o que passo, aquela angústia tão bem descrita por William Faulkner: “Ele (o escritor) tem um sonho. Que o
angustia tanto que ele precisa se livrar dele. Ele não tem paz até que isso
aconteça. Vai tudo por água abaixo: honra, orgulho, decência, segurança,
felicidade, tudo, para se ter o livro escrito. Se um artista tiver que roubar
sua mãe, não hesitará”.
Quando meu estado febril
baixa um pouco, chego a me conformar com minhas limitações e insignificância,
vejo que meu sonho é pura fantasia. É nessa hora que sou salvo por uma terceira
variável: penso que escrevo para a posteridade, que haverá um dia em que meu
trabalho será reconhecido, mesmo não estando presente para desfrutar tamanha
alegria. Então, imagino que todas as postagens estarão guardadas nas “nuvens”,
um termo criado recentemente para designar um espaço cibernético, onde dados
são armazenados. Como esse termo é ainda um tanto nebuloso para mim, vez por
outra me vejo olhando para as nuvens no céu, pensando que nelas estão
armazenados todos meus textos. Espero que nenhum venha a cair numa nuvem de
chuva. Os palavrões que emprego, caindo na cabeça de alguém, podem causar um
dano fatal. Irei, então, me tornar uma pessoa tristemente famosa; os jornais
poderão estampar em manchetes: Tempestade
de palavras do Blog BBCR provoca destruição e caos! Autor se encontra atrás das
grades! E meu sonho poderá virar pesadelo.
Etelvaldo Vieira de Melo
1 comentários:
Prezado Etelvaldo, seu lindo sonho já é uma realidade e está às vésperas de fazer aniversário. Bbcrblospot é um sucesso e sou um dos que ficam ansiosos a cada amanhecer de cada sábado. Abraços , grande cronista! Vicente
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