Quando da criação deste blog, formei o compromisso de tornar este
espaço um local leve e bem-humorado. Ao longo do tempo, acabei levando alguns escorregões e pisando na bola, especialmente quando o assunto tratado era a política. Nesse caso, não posso me sentir culpado, pois a política no Brasil carece de bom humor, tendendo mais para drama, suspense, ação policial e terror. Até cena aparentemente engraçada, sob o viés político, deixa de sê-lo (uma alusão a um ex-político que produziu uma frase lapidar, "fi-lo porque qui-lo", e jogou o país no caos).
espaço um local leve e bem-humorado. Ao longo do tempo, acabei levando alguns escorregões e pisando na bola, especialmente quando o assunto tratado era a política. Nesse caso, não posso me sentir culpado, pois a política no Brasil carece de bom humor, tendendo mais para drama, suspense, ação policial e terror. Até cena aparentemente engraçada, sob o viés político, deixa de sê-lo (uma alusão a um ex-político que produziu uma frase lapidar, "fi-lo porque qui-lo", e jogou o país no caos).
Exemplos engraçados tornam-se dramáticos e horripilantes quando produzidos por políticos.
Vejamos: que tal você constatar que em sua conta bancária foi feito um depósito de R$50 mil? Quer saber quem foi o mecenas, aquele que lhe estendeu a mão, não é mesmo?
Pois um político negou qualquer tipo de conhecimento e de relação com um doleiro, preso pela Polícia Federal, que mantinha, entre seus pertences, comprovantes de depósitos bancários, tendo o referido político como beneficiário.Suas palavras: "Quanto ao Youssef (o doleiro), posso afirmar de modo categórico que não o conheço e jamais mantive com ele qualquer relacionamento de ordem pessoal e política". É pra rir ou pra chorar?
Em abril (24/04/2014), esse mesmo político foi absolvido pelo STF das acusações de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica, supostos crimes ocorridos quando presidente da República (entre 1990 e 1992), sendo que as duas últimas já haviam prescrito. As declarações do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, falando a jornalistas, dizem tudo: "Isso é um retrato de como funciona a Justiça criminal brasileira. (...) Com tropeços, com mil dificuldades. É isso. Esse caso chegou aqui em 2007, ou seja, passados [quase] 15 anos... vocês é que tirem as suas conclusões". Segundo noticias.uol.com.br, de onde tirei a declaração do presidente, "os crimes teriam acontecido em 1991, segundo a acusação, e levaram 23 anos (!) até serem julgados".
Fechando as referências sobre esse político, gostaria de lembrar que foi ele o responsável por um plano econômico desastrado e que confiscou as poupanças de muitos brasileiros, levando muitos ao suicídio, enquanto outros adquiriram doenças irreversíveis.
Não quero ser inconsequente em afirmar coisas que não possam ser comprovadas, mas o que disse é do domínio público ou me foi repassado por pessoas próximas, vitimadas que foram pelo confisco de suas poupanças.
E quem diz que não se ensina "Pai Nosso a vigário"? Pois foi isso que aconteceu outro dia mesmo, quando um afoito juiz do Supremo mandou soltar doze presos de uma operação chamada Lava jato. Foi outro juiz de mais baixa patente que o alertou do risco dos doze se exportarem, quais carros de luxo, com os bagageiros recheados de propina. Assim é o Sistema Judiciário, que sabe ser lerdo ou ágil, conforme as conveniências.
Terminando esta série de exemplos: Num noticiário de TV, um ex-deputado, fundador de um famoso partido, dizia, orgulhoso, que, no início, os militantes tinham que vender buttons para que o partido se sustentasse. Naquele tempo, eles eram os paladinos da moralidade e donos da verdade; depois, apareceram o Poder e um ventilador. E o ventilador foi ligado a uma tomada, estando próximo a toneladas de farofa e outras coisas mais.
Já que o propósito de bom humor foi "pro vinagre", isto é, acabou azedando e tornando o texto um drama, vamos enterrar de vez o assunto, tentando relacionar o que foi dito com as manifestações que espocaram no país a partir de junho de 2013.
A história de nosso país, pelo que se vê, é sempre mal contada, deixando os cidadãos perplexos e desorientados. Para que uma pessoa faça um juízo de valor, é necessário que as informações cheguem a seu conhecimento de maneira ordenada, não na forma desse "samba do crioulo doido" que aparece na imprensa todo dia.
O país vira uma bagunça quando a coisa pública não é tratada com seriedade e os dirigentes, notadamente os da classe política, não dão exemplo e o devido respeito.
Essa desordem social, com as pessoas gritando pra tudo quanto é lado, é reflexo e consequência dos maus exemplos repassados.
Observo que não existe comprometimento com a verdade; cada um quer se safar de supostos delitos atirando pedras, difamando, agredindo aqueles detratores.
E assim caminha o Brasil. Fica no ar aquela pergunta de Carlos Drummond de Andrade: "E agora, José, pra onde?".
Minha dor não é perceber que ainda somos os mesmos; o que dói é ter de reconhecer aquilo que sempre me diziam, mas que eu me recusava a aceitar: o poder corrompe, o poder do dinheiro compra consciências, a moralidade vai até onde o dinheiro está.
Etelvaldo Vieira de Melo
Imagem: mural.pt |
2 comentários:
que triste realidade é esta....paíseco...
É, realmente, um "samba do crioulo doido" a forma como chegam até nós as notícias, mormente políticas, de nosso país. E agora, José?, pergunto como o cronista e Carlos D Andrade.
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