CORDELZINHO DO TOTÓ

Estava eu muito aborrecido
por ter alguém me magoado.
E nem bem havia engolido o acontecido
quando meu cão de estimação
acabou fazendo algo errado.
Chamei-lhe a atenção
e dei-lhe um tapa descuidado -
Com tal força que me doeu a mão!
O cachorro se afastou apavorado
enquanto fui cuidar de outra obrigação.
Depois, tomado de vergonha
fui até ele para pedir desculpa.
Sabia que não tinha cabimento
o tamanho daquela conduta.
Quando me viu, ele abanou o rabo, sorrindo.
Constrangido, passei na sua cabeça a mão
como a demonstrar arrependimento.
Ao que ele respondeu, latindo:
Amar é jamais ter que pedir perdão.
Etelvaldo Vieira de Melo



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