Eu, Marília,
contemplo de memória
a Arcádia em que houve terra,
ar e água.
Só vejo a tela fria e os outros presos
deste cárcere na ilha confinados.
Sem Norte e estrela sigo apascentado,
mas tenho a compensar tanto trabalho
teu retrato que olha
por meu fado.
Graças, Marília bela,
graças a esta cela.
Eu, Marília,
agora estranho o gado
e as florestas e os rios
e as guirlandas
que te enfeitam sempre o rosto e o seio.
Sei que existem canários
Imagem: delmosaud.blogspot.com.br |
mas são de mim as aves reclamadas.
Graças, Marília bela,
graças a esta cela.
Eu, Marília,
vivo em plena selva
de areia e asfalto bem elaborado.
Só, de ti me sinto ausente
e os lindos campos tenho relembrado.
Graças, Marília bela,
graças a esta cela.
Tu não verás aqui os cem cativos,
mas milhares dos tais
à mídia entrelaçados,
porém ainda uma vez sem o descanso
na folha em que te vejo retratada.
Graças, Marília bela,
graças a esta cela.
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