Para o Cleber, pelo
aniversário, e para Adélia – sua Catherine Deneuve.
Já passava de meio-dia, mas – como todo bom mineiro que se preza – fomos, minha esposa e eu, fazer um tour pela praia da Boa Viagem, na cidade de Recife.
Já passava de meio-dia, mas – como todo bom mineiro que se preza – fomos, minha esposa e eu, fazer um tour pela praia da Boa Viagem, na cidade de Recife.
Requisitamos umas
cadeiras e um guarda-sol, ficando acertado com os proprietários, Anderson e
Lula, que o pagamento seria através do consumo de comes & bebes.
Estranhei ser
atendido por aqueles dois, pois julgava que o primeiro estava se recuperando de
uma surra de luta livre e o segundo estivesse, naquela altura, pelo Brasil afora, empenhado na campanha política. Quando me falaram seus nomes, considerei
estar sofrendo os efeitos da insolação, mas depois vi que o acontecido era uma
mera semelhança de nomes, não tendo nada a ver uma coisa com a outra, querendo
dizer com isso que o Lula de cá não tinha nada a ver com o Lula de lá, embora a
coincidência de nomes e de estado natal.
Acomodado na cadeira
e protegido pelo guarda-sol, fiquei ali olhando para o mar e para as pessoas à
minha frente, enquanto bebericava uma cerveja, pensando ser aquela a vida que
eu havia sonhado.
De repente, não mais
que de repente, vi três mulheres caminhando em direção ao mar. Enquanto elas se
afastavam, julguei, tendo por base a perspectiva traseira, que uma delas era La
Belle de Jour, não a Catherine Deneuve, do filme de Luis Buñuel, mas aquela da
Boa Viagem, cantada nos versos de Alceu Valença.
Acontece que eu
estava limpando os óculos quando se afastaram as três. Assim que retornaram,
fiquei decepcionado com a visão dianteira, sendo essa Belle um tribufu, mais
feia do que capeta chupando limão. De qualquer modo, não descartei de todo a
hipótese de ser ela a musa de Alceu, pois a música já vai pra mais de vinte anos
de existência e o tempo é implacável com todo ser humano.
Juntando uma coisa
com outra, isto é, procurando dar um desfecho para este relatório, acabando de
vez com este arreidei, quero dizer que me senti feliz em resgatar um pouco da
história daquele compositor pernambucano. Só fiquei amofinado por não saber o
local exato em que La Belle apareceu frente aos olhos de Alceu, nem mesmo se
era uma figura real, como a Garota de Ipanema de Vinícius, ou se era fruto da
imaginação desse outro compositor. Quando pesquisei sobre o tema, as opiniões
foram tão desencontradas e esdrúxulas (indo de dona Zazá a Zuzu, passando por Catherine,
Brigitte Bardot, uma quenga e uns baseados) que julguei por bem deixar os créditos
na conta de tanto sol na moleira, dos analistas e do compositor.
Etelvaldo Vieira de
Melo
2 comentários:
adorei ... kkk. Seu humor é contagiante.
Abraço. Cleber,
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