Imagem: rodolfotrc.tumblr.com |
Houve um tempo em que certo
sujeito tocava a campainha lá de casa regularmente, sempre pedindo alguma coisa.
Ele andava com um saco às costas e um pano enrolado na cabeça. Quando, pelo
interfone, eu perguntava quem era, ele dizia: - É eu! – e lá eu tinha de adivinhar
quem era esse “é eu!”, embora seu tom de voz fosse inconfundível.
Bom, como você não tem como saber
quem “é eu”, assim de supetão, já adianto: “É eu!” – Quem? – Ora, o Rivaldo,
aquele mesmo que fez a postagem da semana passada!
Confesso: a experiência foi tão
boa que estou repetindo a dose. Parece que recebi um tratamento de choque para
acalmar os nervos. No entanto, nem bem passou uma semana e já estou tendo uma
recaída, tudo por conta dessa decisão do STF de decidir (!) pela não
destituição do Presidente do Senado. Ao ler a notícia, cheguei a me perguntar
por que esses assuntos escapam de meu entendimento, se ele, o entendimento, só
é possível para uma pequena elite intelectual e da qual eu, membro da classe
das pessoas comuns, não participo.
Assistindo a esse e outros
eventos pela TV, chego a me perguntar: sou estúpido demais? As massas
populares, por si, são ignorantes?
Deixe pra lá. Como diz o ditado: “Os
cães passam, enquanto as caravanas latem”. Vamos falar de coisas acessíveis aos
comuns dos mortais, o capítulo II de uma trilogia sobre o Natal; enquanto isso,
espero que suas excelências estejam se explicando para seus pares, para a elite
intelectual e para quem mais de direito.
O
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Natal se aproxima, carregado de presentes
(porque, afinal, estamos numa sociedade de consumo) e de sentimentos de boas
intenções (porque, também, é forte entre nós a cultura religiosa).
É nesta ocasião, especialmente, que
as pessoas se desarmam um pouco, abrindo mão de suas animosidades, seus
rancores – do individualismo, enfim – e se aproximam das outras em gestos de
solidariedade e acolhida. Ocasião perfeita para se plantar uma semente de
bondade, para que brote e frutifique ao longo do ano novo, que está para
nascer.
Eu, que não me somo a tantos que se
contentam com sentimentos vazios e inúteis, que mal e mal sobrevivem aos
festejos de Ano Novo, estou aqui pensando qual semente quero plantar nas páginas
deste blog.
É certo que o ano de 2016 foi muito
difícil, capaz de aprofundar ainda mais a desigualdade e o antagonismo entre as
pessoas, seja aqui no Brasil, seja no mundo em geral.
Olhando para a situação brasileira,
vivíamos na ilusão de uma convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes
classes e cores ideológicas. Tudo por conta de uma herança cultural que nos
tornava avessos aos desentendimentos e conflitos. Nossa índole hospitaleira e
nossa mania de sempre dar um jeitinho, de colocar “panos quentes” em tudo,
afinal não passavam de um verniz, escamoteando uma realidade de tensão e de conflito.
Assistimos, ao longo do ano, ao
rompimento desse acordo tácito, algo parecido com o rompimento da barragem de
dejetos em Mariana. Assim como lá, onde a Bacia do Rio Doce foi toda
contaminada, assim também, no país, um sistema político podre e corrompido se
rompeu, fazendo com que um mar de lama se espalhasse, sujando os cidadãos.
O país está doente, seu povo está
sofrendo. Como renovar as alegrias e asa esperanças do Natal diante do que
passamos?
Na postagem anterior, falei que tudo
começa com a busca e a conquista da Verdade, dessa Verdade que está um pouco
comigo, mas que também me ultrapassa, estando um pouco com meus desafetos,
aqueles com os quais minhas relações foram marcadas pela rivalidade, pelo desentendimento,
pela intolerância.
Firmar compromisso com essa Verdade
maior, essa que ultrapassa meus interesses, é que vai me permitir a construção
da Liberdade. Acredito também que é somente com a aceitação da Verdade que
diferentes pessoas poderão dialogar, construir um país justo, sem tanta desigualdade.
Torço para que a celebração do Natal
ajude a plantar nos corações e nas mentes de todos o amor da Verdade. Quero a
Verdade, quero amar a Verdade, quero que as pessoas amem a Verdade. E que
sejamos livres. E que lutemos pela Justiça verdadeira em nosso país.
Sei que tudo começa com nossas ações
do dia a dia. Eu não posso cobrar do outro aquilo que não estou vivendo. Assim,
gostaria que todos firmassem esse compromisso comigo, e que essas boas
intenções não venham a morrer logo depois das celebrações do Ano Novo.
Etelvaldo Vieira de Melo
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