Imagem: tiodown.blogspot.com.br |
Tomado de orgulho e de vaidade, Didi
era um gato que não cabia em si. Ele se achava. Quando olhava pro espelho –
pelo menos três vezes ao dia – ficava todo arrepiado e dizia:
-
Como sou lindo! Eu me amo! Não há pela redondeza gato de pelo mais macio, de
voz mais maravilhosa, de tamanha beleza.
Para se certificar do alcance de seu
sucesso, foi visitar o Gato Vitalino, artesão que fazia em barro esculturas de
famosos. Didi colocou óculos escuros, uma capa e um par de botas, para passar
por anônimo. O mestre mostrou-lhe várias estátuas. Lá estavam Garfield, Tom e
Frajola, todos reconhecidamente famosos. Mas Didi não viu a sua estatueta.
-
Por acaso tem a escultura de um gato angorá? – perguntou como a despistar.
-
Depois que “aquele” angorá lá de Brasília andou aprontando, ninguém quer saber
dessa raça.
-
Não tem a do Gato Didi?
-
Ah, essa aí, nem bem é produzida, logo fica esgotada! A procura é tanta, que
mal dou conta das encomendas.
Estufando o peito de orgulho, Didi se
afastou.
E o tempo passou: 1, 2, 3, 4, 5
anos...
Didi ainda se olhava no espelho, às
vezes incomodado por uma ou outra ruga, um ou outro pelo branco.
Certo dia, resolveu voltar à oficina
de Mestre Vitalino. Desta vez, havia várias estátuas suas. Perguntou o preço do
Gato Felix:
-
Cinco latas de sardinha!
-
E a Anabelle?
-
Sete latas!
-
E quanto é desta ali? – perguntou, apontando para a sua.
Ao
que o Mestre respondeu:
-
Levando as outras, desta eu lhe darei duas de brinde!
Moral: Se você
é de levantar voo com o sucesso, não se esqueça de levar consigo um paraquedas!
(*) Invento e/ou leitura/releitura de
Fábulas, Esopo.
Etelvaldo Vieira de Melo
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