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FÁBULA NEBULOSA 30: O LAVRADOR E A COBRA (*)
Já não pode andar sorridente
Aquele pobre lavrador
Que por causa de uma serpente
Vive a chorar de dor.
Seu único filho querido
Andando por trilho descuidado
Foi por uma cobra ferido
Sendo pela morte levado.
Tomado de ódio e de dor
Jura vingança o pai a chorar
E armado de facão
Esconde-se num desvão
Querendo a víbora matar.
Quando esta sai da toca, desfere-lhe a facada
Mas a cobra fica viva, embora mutilada:
Por causa da ansiedade, o gesto não é fatal
Decepando tão somente a cauda do animal.
Depois de tudo, restam medo e insegurança:
- O outro vive, não esqueceu o que lhe fez!
Sendo possível uma cilada, como viver em segurança?
Como estar em paz se o outro pode lhe matar de vez?
Quis o lavrador saber:
- Não é possível uma trégua como solução?
Não dá mesmo pra esquecer?
Falou a serpente: - É difícil o perdão.
Tu lembrarás sempre do filho ao morrer
E eu do meu rabo, que puseste a perder.
Moral:
É sempre muito difícil a convivência de pessoas
que fizeram um ao outro sofrer.
(*) Invento
e/ou releitura das Fábulas Universais
Etelvaldo Vieira de Melo
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