É A HISTÓRIA UMA SUCESSÃO DE FATOS SUCEDIDOS OU DE MENTIRAS ACERTADAS?

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Imagem: Wikipedia
Nesse vira, mexe e remexe de produção de textos, a gente acaba igual àquelas refeições que preparo em casa. Minha esposa e filha, assim que as chamo para almoçar, se aproximam do fogão, destampam as panelas e, invariavelmente, vêm com o diagnóstico fatídico: “Já te vi”.
Engulo em seco minha vergonha, enquanto penso – em francês, para “dourar a pílula”, amenizar o desconforto -: “C’est La vie!”.
Quando, ao longo de minha produção literária, recorro a muitas citações e casos “já te vi”, bem que poderia buscar uma justificativa naquele humorista de TV que dizia: “Foi sem querer, querendo!”. Seus programas são tão repetidos que até a expressão “já te vi” aparece esmaecida, apagada na mente do telespectador.
Os donos das emissoras, diante de um sucesso, suga-o até o último caldo, como se fosse uma laranja que é deixada no bagaço. Para não contrariar a Lei de Lavoisier de que “nada se perde”, o bagaço é transformado em vídeo, vídeo que irá lhes proporcionar mais alguns dividendos (muitos, se não fosse a sanha assassina dos “piratas”).
Outro “já te vi”, e que vem a propósito, é aquela frase estampada na camiseta de um ex-presidente em suas corridas em torno de sua casa, com os repórteres, esbaforidos, tentando acompanhá-lo: “O tempo é o senhor da razão”. Caso continuasse na presidência por mais tempo, um repórter que, mais tarde, adquiriu certa fama, teria tido um infarto. Estou exagerando, Alexandre?
Esta frase é lembrada a propósito de algo que andei lendo em uma revista antiga. Lá estava escrito que a História é particularmente movimentada, citando uma frase atribuída a Napoleão de que “nada muda mais do que o passado”.
Ao ler esta citação, senti-me reconfortado, eu que nunca fui muito chegado ao estudo de História. O tempo veio me dar razão, quando percebo como fatos e datas passadas são manipulados de acordo com as tendências da moda e do modo de olhar do historiador.
Nunca levei a sério o estudo da História, justamente porque ela me pareceu uma obra de ficção, e não relato de fatos reais. Somado a isso, havia o ojeriza em ter que decorar nomes e datas.
Se Napoleão também considera que a História seja um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um consenso, quero manifestar de público minha reprovação.
Quando entro no terreno lodoso da política (a do Brasil em 2017 está detestável, vergonhosa, de provocar náuseas), faço-o para que futuras gerações (os leitores das “nuvens”) não tenham que lidar com uma mentira a mais, mas se vejam frente a um testemunho singelo, sincero, honesto de quem quer contribuir para uma redefinição da História, não como um somatório de mentiras, mas de verdades – somente verdades, não mais que verdades.
Etelvaldo Vieira de Melo

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