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Com
os nervos à flor da pele, Ingenaldo pede para que registre mais um de seus
desabafos. Pois não, Ingenaldo, pode falar:
Com o agravamento das
tensões ideológicas que experimentamos nos últimos tempos (*), a troca de
mensagens agressivas nas redes sociais se intensificou.
Eu mesmo fui vítima de
uma enxurrada de posts os mais ridículos e absurdos. Acontece que, por ser um
sujeito tímido e não assertivo, ficava calado, recebendo muito desaforo e não
dando o troco. Também pensava que não fazia sentido aderir à máxima do “olho
por olho, dente por dente”; preferia encontrar subsídios para respostas
consistentes, argumentativas e não simplesmente ofensivas.
Uma coisa que saltava
aos olhos e mostra como as pessoas hoje só enxergam através de viseiras, como
se fossem burros de carga, foi o fato de muitas de meu círculo de relações não
se darem conta de que não estava gostando daquilo que me repassavam, como se eu
fosse uma latrina de esgoto. Tais pessoas conhecem (ou deveriam conhecer) minha
postura, já que não foram poucas as vezes em que manifestei meu posicionamento
frente ao quadro político do país.
Em suma, eu me sentia
desrespeitado, mas não “dava o troco” por causa da falta de assertividade, mas
sabendo que haveria de chegar a hora de “soltar meus cachorros”.
Costumo brincar com uma
verdade que aprendi com o tempo. Aproveitando ter passado por um pequeno susto
com a saúde (um pequeno infarto), andei espalhando que, por recomendação
médica, não mais iria levar desaforo para casa.
E, assim, estou fazendo
isso agora, um pouco atrasado, é verdade, também por causa de um retardo
mental, o famoso Prolapso de Fim de Curso, PFL.
No entanto, não irei
responder na mesma moeda. Minha resposta será propositiva e argumentativa,
querendo ser útil àquelas pessoas que me desrespeitaram, motivadas por
ignorância, má fé, ingenuidade, egoísmo, falta de sensibilidade – sei lá.
O que tenho a dizer é
simples e pode ser resumido assim:
Não sou petista e nem
eleitor de Dilma, mas sempre me posicionei contra o golpe que a destituiu da
presidência. A razão encontra respaldo em declaração de Carlos Heitor Cony,
quando do golpe militar de 1º de abril de 1964, chamado por ele de
“Quartelada”:
“O movimento que depôs o sr. João Goulart contou com a
simpatia de alguma parte da população. Sufocar a liberdade de um povo porque alguns
líderes não souberam ser dignos do mandato do povo é trair o povo. Mais: é
trair a dignidade da condição humana” – O Ato e o Fato, p. 35.
A filósofa Marcia
Tiburi reforça essa tese. Segundo ela, “para
que uma democracia seja sustentada é preciso legalidade, lastro jurídico, ética
e respeito às diferenças. O golpe que destituiu a presidente Dilma Rousseff
ignorou esses preceitos básicos, não há mais democracia no Brasil”.
Este é o princípio
básico de minha defesa: o respeito para com as regras democráticas. Para mim,
atentar contra tais regras é G-O-L-P-E.
Outra coisa (que não
vem tanto ao caso, mas é apresentada mais como desabafo): Está passando da hora
de dar um basta a tanta postagem CÍNICA. O cinismo é a arma de quem é
ignorante, não sabe ou não tem argumentos. Ele é corrosivo, procura agredir e
ridicularizar o outro (tem um famoso magistrado que chama Lula de “nine”, numa
alusão à falta de um dedo da mão).
Sem ter uma procuração
para defesa: para mim, só o fato de ridicularizar, agredir estupidamente,
ofender moralmente, menosprezar, só por agir assim alguém já deixa de ter
razão.
Espero que aprendam a lição, antes
tarde do que nunca: pimenta nos olhos dos outros não é colírio, chumbo trocado
dói.
(*) Em decorrência do golpe
jurídico-midiático-parlamentar ocorrido em 2016, destituindo uma presidente
eleita pela maioria da população.
Etelvaldo
Vieira de Melo