SI LE GRAIN NE MEURT

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Imagem: exame.abril.br
A penumbra da chuva seria esquecimento,
isso eu tenho em mim.
Que esterco metafísico todos os propósitos,
raiva de ter vindo à memória oblíqua chuva!
Como um barco absorto,
desfaço-me no tempo aonde andei perpétua,
plagiário oásis na prolixa estagnação do sol. Entanto,
perscruto uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim
e depois durmo -  água ansiosa   estrela   rendição.
Graça Rios


APENAS FUTEBOL

O futebolês, via rádio e TV, permite e até incentiva o óbvio, além da troca dos pés pelas mãos e vice-versa.
Ivani Cunha

UMA INJEÇÃO DE OTIMISMO

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Imagem: todos desenhos80.blogspot.com
“A Vida É Bela” é um belo filme, até cansar a beleza do telespectador, por causa do linguajar sem freio do personagem principal da trama. Ele fala feito locutor de corrida de cavalo, chegando a dar calo nos ouvidos da gente.
    Estou me lembrando disso, do filme antigo e do calo nos ouvidos, logo após consultar um antigo otorrinolaringologista.
    Confesso que havia colocado essa categoria profissional no meu Index Librorum Prohibitorum, e seus representantes no rol das “personae non gratae” (acabo de rapar o tacho de minha pseudoerudição). Esse velho médico me fez rever a velha tendência que tenho de fazer generalizações apressadas. Tenho que colocar de vez na minha cachola esse princípio de que “se todo pardal é passarinho, nem todo passarinho é pardal”. Em resumo, preciso me convencer de que ainda existem pessoas honestas e bons profissionais neste mundo, vasto mundo, eu que não me chamo Raimundo, que não corro atrás de uma rima e nem de uma solução.
    Se Ló não achou sequer um justo nas cidades de Sodoma e Gomorra foi porque não pesquisou bem, fez igual esses institutos de pesquisa aqui no Brasil (você já foi entrevistado por algum deles?). Bem feito pra ele, pro Ló, pois, como castigo por sua desatenção (ou foi prêmio?), viu sua mulher convertida em estátua de sal.
    
Imagem relacionadaO médico otorrino que consultei tem nome de origem espanhola e sobrenome árabe. Quem estudou História, o que não é meu caso – por causa do trauma que tive com meu professor cego – sabe que, durante a era medieval, a Península Ibérica foi frequentemente invadida por levas árabes, de otomanos, tártaros, mongóis. Daí, o nome mesclado do doutor. Fisicamente, ele se parece um pouco com Mr. Magoo, aquele personagem de desenho animado; outro pouco faz lembrar Yoda, de Star Wars.
    Esse antigo otorrino é muito brincalhão. Foi ele que andou gozando a minha cara, fazendo elogio pra calça que eu vestia (disse que ela era chique, deveras); foi ele também que apresentou a teoria inusitada de que um casal, para viver em harmonia, deve ficar bem distante um do outro, quanto mais distante, melhor.
    Na consulta de hoje, ele me passou outras preciosidades. Sua grande lição foi a de que devemos nos adequar às contingências da vida e do tempo. Isso significa viver com sabedoria, não nos submetendo às opiniões alheias, mas prezando nosso valor e nossas conquistas. Pode parecer uma assertiva banal, mas as pessoas fazem tudo ao contrário disso: elas não se aceitam e preferem ser submissas às opiniões alheias. Ele me disse: “Você não tem que fazer nada do que os outros pensam, a não ser que seja, primeiro, um pensamento ou desejo seu”.
    Em resumo, encontrei na figura desse médico muito de sentimento de humanidade. Eu disse isso pra ele, que ele é uma figura cada vez mais rara em um mundo pontilhado de individualismo, cada vez mais cheio de ódio, de rancor.
    Depois da consulta, fui para casa com o sentimento de paz com meus semelhantes. Para coroar esse renovado sentimento de crença no ser humano, quando fui pegar o ônibus-lotação, vi que ele se achava cheio. Atravessei a roleta, para não transparecer a ideia de que sou um “pé na cova”, indo me acomodar num vão em frente ao trocador (ou “comissário de bordo” – jargão também empregado pelos trocadores de aviões). Nem bem me ajeitei com minhas sacolas (quase nunca deixo de estar com uma à mão, sendo, por isso, conhecido no bairro como o “Zé da Sacola”), uma moça quase sai no tapa com um rapaz sentado à minha frente. Ela falou, raivosa:
    - Você não vê que tem que ceder o assento para este senhor?
    O pobre coitado ficou todo sem graça e quis se levantar. Educadamente, recusei a oferta, sob a velha alegação de que estou em fase de crescimento.
    O que lamento é ter perdido a moça de vista. Queria ter me aproximado dela para agradecer seu gesto de humanidade, ela que, juntamente com o otorrino, vem mostrar que o mundo ainda não é uma Sodoma e Gomorra, que o brasileiro ainda carrega um pouco de sentimento de solidariedade dentro do coração, que essa onda de ódio e ofensa que tomou conta do país é só uma nuvem passageira.
Etelvaldo Vieira de Melo

INSIDE THE MIND OF DONALD TRUMP


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Imagem: totodenadie.blogspot.com
                               Amigo leitor, como vai o seu Inglês?

          Why is President Donald Trump  behaving in ways that seem ever more irrational, impulsive, self-destructive, dangerous and cruel? Many Americans have been shocked by Trump’s behavior, most recently by his taking the side of a known enemy in Vladimir Putin and Russia over his own intelligence community.
   I think isn’t possible to realibly diagnose any individual from a distance, but is reasonable to flag clear, observable signs of impairment and to make inferences based on repetitive patterns of behavior. There’s a significant difference between diagnosing a specific disorder and analyzing the meaning of the qualities.
   Trump exhibits, such as paranoia, grandiosity, lack of empathy and pathological deceit. Trump behavior, I believe, is the predictable outgrowth of this psychological disposition, exacerbated by the stress of the intensifying criminal investigations he faces.  My assessment is based on descriptions from those who have worked with him, his own voluminous answers to real situations in real time, and above all by our unique vantage points.
You see, my dear reader, Trump’s  growing paranoia is reflected in the comments he has made about his enemy essentially the news media and the immigrants. I read every morning about the problems of that President with Democrats and Republicans. You know, it’s all a dog carrier. Of course, I don’t mean to yours well behaved small dogs.
Trump’s increasing grandiosity is evident in the superlatives he refers to himself (like the mesoclases of Temer). No person or circumstance can possibly satisfy his needs, nearly everyone in his life eventually becomes expendable, and he becomes more and more isolated. His hunger for absolute power’s evident in his bizarrely admiring words about despots . Hid frequent lies reveal his need to redefine reality when the truth doesn’t serve his need.
Trump’s psychological disposition has profound implications for our security. Through Band’s work interviewing men who was mostly deprived in childwood of the love and support  necessary to develop principles, humanities. In Trump’s case, his need to demonstrate over and  over that he’s admired around the world by everybody raises him the inability to have a focus in something else. We can expect him to become more desperate, more violent and destructive in his actions. His latest extreme threat to Iran is one exemple. Kim Jong Un is making him look weak and unsuccessful.
 And you, what do you think about this? You agree with me?
Graça Rios
                       

CONJUNTURA

Não é todo mundo que reclama do crescente agravamento dos cenários.
Ivani Cunha

O DIA EM QUE A ARARUTA TEVE SEU DIA DE MINGAU

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Imagem: brasildelonge.com


A araruta é uma erva cuja raiz tem fécula branca que é alimentícia. Essa fécula é usada no preparo de mingaus, bolos e biscoitos. “Toda araruta tem seu dia de mingau” é um dito popular que quer dizer: se um dia é da caça, o outro é do caçador, algo que nunca aconteceu a uma pessoa ainda acaba acontecendo.
Cinisvaldo é um cínico. Ou se acha assim. Porque ser cínico legítimo não é pra qualquer um. Tem muitos que se acham cínicos, mas que não passam de bocós. Vamos considerar que Cinisvaldo seja um. Cínico. Para comprovar isso, basta a observação de alguns detalhes: o olhar fuzilante, que reduz tudo a pó; o sorriso que não chega a se completar, ficando no meio do caminho; algumas palavras ou expressões, como: - Bonito, hein! – Que coisa! – Você está redondamente certo!
Além de se achar cínico, ele se julga esperto, pensa que dificilmente alguém pode lhe “dar uma rasteira”, “passando-lhe a perna”. Quando está fazendo um negócio, seja de compra ou de venda, costuma olhar de viés para o interlocutor, como se sofresse de estrabismo. O outro acaba ficando desnorteado, inseguro, sem ter pra onde olhar. Cinisvaldo aproveita aquela insegurança psicológica para ter as rédeas da situação. O outro é, então, trollado.
Com a modernidade, o comércio deixa de ser físico, passa a ser virtual; com isso, nosso amigo começou a sofrer alguns reveses, pois perdeu a vantagem do negócio olho no olho, tendo, por isso, levado muitos “gatos por lebres”, sendo ele mesmo muitas vezes trollado (como está vendo, gostei do termo, que é com dois “eles”, mas que o corretor de texto teima em deixar com um só).
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Foi o que aconteceu com a compra de um liquidificador. Assim que acabou a garantia, a lâmina do aparelho ficou empenada, fazendo com que o copo não mais retivesse o líquido.

Quando levou o liquidificador para conserto, ficou sabendo que só a troca da lâmina iria custar R$80,00, ou seja, mais da metade do custo do aparelho completo.
Cinisvaldo ficou com a cara amarrotada, não querendo dar o “braço a torcer" (preciso pesquisar a origem desta expressão). Andou pesquisando, ele, outros modelos da mesma marca. Acabou descobrindo que poderia comprar um modelo mais simples, mas que usava o mesmo tipo de lâmina do outro estragado. Sua estratégia inventada foi: “- Compro esse aparelho mais simples, uso durante certo tempo. Depois, pego a lâmina do outro, coloco nesse novo e levo pra oficina, dizendo que deu defeito. Como o aparelho está na garantia, vou receber uma lâmina nova e, assim, terei dois liquidificadores em casa”.
Cinisvaldo sorriu; não aquele sorriso cínico pela metade, mas um sorriso cheio, de pura autossatisfação. “Como sou esperto e inteligente!” – pensou.
Numa sexta-feira, ainda cheio de satisfação, pegou o liquidificador novo, com a lâmina do antigo, e foi até uma oficina autorizada que ficava num bairro próximo de sua casa. Enquanto se deslocava no ônibus de transporte coletivo, pensava: “- Esse negócio tem que dar certo, pois o danado do liquidificador pesa bastante” (ele tinha uma jarra de vidro).
Já na loja, uma decepção: ela só dava assistência para aparelhos fora de garantia. Muito aborrecido, Cinisvaldo pegou outro lotação até o centro da cidade.
O motorista do ônibus estava num dia daqueles, parece que havia levantado com a “vó atrás do toco” (outra expressão que devo pesquisar o significado). Foi dirigindo intempestivamente, com o próprio trocador (agente de bordo) tendo que ficar dependurado nos canos de apoio.
Cinisvaldo pensou, já tiltado: “- Só faltava eu sofrer um acidente sério, com risco de perder a vida, tudo a troco de recuperar do prejuízo com um mísero liquidificador”.
Quando chegou à loja, decepção definitiva: a garantia não cobre defeito de lâmina. Sacanagem. E nem deixar o aparelho na loja ele pode, mesmo se sujeitando a pagar os 80 reais. A ditas lâminas estão em falta, sem previsão de remessa (lá da China, só pode ser).
Cinisvaldo volta pra casa, com o “rabo entre as pernas”, mais ressabiado do que cachorro vira-lata que tenta roubar pedaço de carne em açougue. Pra completar a tragédia, levou um tropeção quando chegou ao portão de casa, o liquidificador caiu e a jarra quebrou. Seu ar cínico evaporou. Estava flopado. Bem feito! – digo eu. -  Não é que “toda araruta tem seu dia de mingau”?
Etelvaldo Vieira de Melo

A MÁQUINA DO MUNDO

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Imagem: amentemaravilhosa.com.br
Nós, amantes, somos meio surdas:
damos as coxas no lugar do ouvido.
Somos devassas, sim,
onde o arco enverga a porta,
porque o cara diz que vem,
mas fica transparente
por trás da cortina do sonho
ou no tom de alhures voz.
Graça Rios

TENHA FÉ

O que é uma perda superior a 90% para alguém 100% otimista?
Ivani Cunha

LENDA URBANA? TEORIA DA CONSPIRAÇÃO? (EPÍLOGO)


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Imagem: noticias.r7.com

Vendo que iria fatalmente me perder ao longo desta dissertação, pedi ao amigo Mário Cleber para que me ajudasse a dar um desfecho à narrativa.
Como é sabido, Cleber já partiu desta vida há mais de três anos. Sem poder contar com sua presença física – uma aparência pequena, onde se destacava os óculos de fundo de garrafa e seu jeito brincalhão e irônico – tive mesmo que me contentar com seu espírito.
- Puxa vida, Eleutério! – falou ele em tom de indignação, tão logo o chamei. – Nem eu, que já não tenho compromisso com nada e disponho de todo o tempo do mundo, nem eu aguento mais seu jeito de dizer as coisas. Seu escrito é mais enrolado do que bobina de motor. Diga logo o que quer.
- Quero que me ajude a esclarecer essa questão: Lula é ou não é culpado de corrupção? O juiz Moro e a turma da Lava Jato (a RCT) têm ou não as provas que fundamentam a prisão? Se têm, onde elas estão? Por que não são reveladas?
- Muito bem posta a questão. Vamos adiantar a análise.
- Se Lula tivesse cometido, ele mesmo, um ato de corrupção e esse ato não envolvesse alguém poderoso e ligado ao “sistema”, certamente ele seria condenado sem maiores problemas, não é mesmo? No entanto ele é condenado tão somente pela suposta posse de uma “merreca” de apartamento. Tal ato não é tão condenável assim.
- Como não, liberou a roubalheira?
- Não. Todo ato ilícito deve ser condenado, punido. Falo isso só para lembrar que o tal tríplex é mesmo uma fichinha perto, por exemplo, do que assistimos quando da privataria tucana e das denúncias de propina que vazaram (por descuido ou excesso de pressão) das delações de operadores, seja da Odebrecht, seja da JBS ou de outra qualquer.
- Você quer dizer que a corrupção de Lula está ligada a alguém que o “sistema” precisa preservar?
- Esta é uma hipótese. Imagine você: a turma da RCT só podendo dar nome a um boi, pois o outro (ou outros) não pode ser declarado, sob pena do “mundo vir abaixo”, como era ventilado no início das delações.
- Até eu, que estou numa outra dimensão, vejo claramente como as delações são seletivas.
- Pode ser, também, que Lula seja de todo inocente e esteja encobrindo, acobertando alguém próximo (um parente? um amigo?) que, de fato, cometeu um delito.
- Conclusões provisórias:
a) a corrupção de Lula existe e justifica sua condenação, mas não pode ser explicada em detalhes porque alguém caro ao “sistema” precisa ser preservado;
b) Lula é de todo inocente, mas assume a condição de culpado para preservar alguém próximo.
Muito bem. Mas eu pergunto: os órgãos de investigação – a Polícia Federal, por exemplo – não conseguem fazer nada?
- Infelizmente, aqui no Brasil, a polícia, em certos casos, é um caso... de polícia, não resolve nada. Está lembrado da Marielle Franco, assassinada há mais de quatro meses (14/03/2018)? Onde estão os assassinos? Quem é o responsável pelos tiros de pistola 9mm disparados contra apoiadores do ex-presidente Lula, acampados em Curitiba, no dia 28 de abril? Onde está o autor dos dois tiros, de arma calibre 32, que atingiram um dos três ônibus que levavam a caravana do ex-presidente pelo Paraná, em 27 de março de 2018?
- Vamos avançar em nossa conversa. Quero lembrar que não posso demorar muito, já que as portas do SPA fecham à meia-noite. Qual a sua terceira hipótese?
- Você sabe: muitos fatos de nossa história só são explicados devidamente depois que os Estados Unidos liberam os acervos de documentos secretos. Coitados de nossos historiadores: precisam aguardar 50 anos para fazer os registros adequados de nossa história! Só agora documentos tornados públicos pelos Estados Unidos mostram que o general Geisel, nos tempos da ditadura militar, não era aquele “santinho” que aparentava ser, aquele sujeito legal da distensão lenta e gradual, mas um sujeito que autorizou muitos assassinatos.
- Não vejo relação do alho com o bugalho no caso em questão.
- Quero dizer que os Estados Unidos não só documentam, como também vasculham, espionam o Brasil. Em 1993, é de domínio público que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos espionou a presidente Dilma Rousseff e mais 23 telefones do governo petista. Pode consultar os sites The Intercept e WikiLeaks. Pega com a “boca na botija”, a NSA argumentou que não promovia espionagem econômica, mas seu objetivo era sempre de combater o terrorismo. No entanto, segundo Edward Snowden, ex-analista da própria NSA, "a maior parte da espionagem que eles fazem (os agentes da NSA) não tem nada a ver com segurança nacional, é para obter vantagens injustas sobre outras nações em suas indústrias e comércio em acordos econômicos”. Para Julian Assang, do WikiLeaks, o Brasil é o país latino-americano mais espionado pelos Estados Unidos, e o principal motivo para isso é econômico e está ligado à exploração do Pré-Sal.
- Certamente os principais alvos da espionagem eram a Petrobras e o Ministério das Minas e Energia.
- De olho no Pré-Sal, era interesse dos Estados Unidos desestabilizar a Petrobras, o que seria fácil - devido ao farto material de corrupção ali encontrado.
- Mas como conseguiram a divulgação?
- Através da Lava Jato, uma operação criada justamente para implodir a Petrobras. Através de um propagado combate à corrupção, o que se pretendia (e o que se verificou) foi a entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro, além do desmantelamento da indústria nacional.
- Explique melhor esse papel da Lava Jato.
- A Lava Jato representa a convergência de múltiplos e poderosos interesses: do governo americano, através da NSA e da CIA, dos banqueiros e da indústria retrógada do país (leia-se FIESP) e de sua extensão que é a Grande Imprensa, todos aliados ao Judiciário, ao Congresso e ao Governo entreguistas.
- E como Lula aparece nesta história, meu caro Eleutério?
- Lula, enquanto presidente, teve a ilusão de poder conciliar a Casa Grande (a elite econômica) com a Senzala (o povo em geral). Hoje já não pensa assim, parece que abandonou aquele projeto conciliador. Como tem pretensão política, torna-se uma ameaça que precisa ser descartada. É então que a NSA, através da CIA, vai oferecer à Lava Jato provas que incriminam de alguma maneira Lula. Só que elas não podem vir a público, sob pena de revelarem sua origem, ou seja, o governo dos Estados Unidos. Daí, a Lava Jato recorrer a acusações ridículas, como a possível posse de um ridículo apartamento. Outros ex-presidentes já conseguiram bens mais vantajosos, como fazendas e apartamentos em Paris e Nova Iorque, e nem por isso vão ser molestados.
- Tudo que você fala é sério. Podemos dar crédito ás suas palavras?
- Veja bem: eu não estou aqui para ficar fazendo acusações gratuitas. Firmei compromisso com a Verdade. Como ninguém parece estar interessado nela, eu mesmo fui correr atrás. Se você for juntar o noticiário, vai encontrar tudo o que estou falando aqui. Todo mundo fala da espionagem americana, não são poucos aqueles que acusam integrantes da Lava Jato como agentes da CIA. Estou fazendo inferências a partir de uma situação que está aí. Se a verdade não vier à tona de alguma maneira, meu receio é que tenhamos que esperar cinquenta anos, até que o governo dos Estados Unidos torne público todo o material que espionou.  É aguardar para ver.
Etelvaldo Vieira de Melo

A CAMINHO DO DIVÃ

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Imagem; felipemaronesi.com.br
Vestido de bolas borlas botas bovarismo bocejo. Paixão do pormenor.
Celular em off que ninguém -  ódio! - atende. Sempre, ninguém atende!
Nacionalidade brasileira, lendo Baudelaire traduzido para o espanhol
prefaciado por alemão em ótimo inglês, ao tempo em que cruza Pequim.
Coquetterie.
Está vendo o band-aid? Ai, os saltos-agulha tão demais muitíssimo
apertados!!!
O que há-de fazer para melhorar o visual, e fechar de vez a ferida
narcísica?
Nem com antibióticos, analista psiquiatra, muito menos com o ansiolítico
X 100mg.
Então, sublimando, pensa nas igrejas de Mestre Aleijadinho. Enquanto
contornava os braços roliços, os mantos de ouro dos santos, o artista
inconfidente se esvaía em lepra e pobreza. Sapiens mulier, ensaia um
sorriso pro alto, tipo anjinho barroco. Assim, meia metade
Athaíde, meia Górgona Medusa arrepiando os cachos.
Abre o espelhinho de observar hímen, desfaz com o corretivo a marca de
expressão.
Ruga, já? Nem pensar.
Sina asinina, a de F comme femme. Ser isso, ser aquilo ou escrava da base
e do pó compacto.

PS: Excesso de delineador garante um make-up de guaxinim.
Wie? As? Hoe? Comment?
Como existir sem Lacan sem pathos nem ecstasy.
Graça Rios

VALEU ESPERAR

É reconfortante saber que alguém vai nos informar, sempre, que dia é hoje e qual será o dia de amanhã.
Ivani Cunha

LENDA URBANA? TEORIA DA CONSPIRAÇÃO? (1ª PARTE)

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Imagem: laparole.com.br
Segundo a gata de Dalai Lama, a pequena Leoa da Neve, Sua santidade acredita que o sucesso tem como causa cármica a generosidade. São suas palavras textuais: “A generosidade que você pratica agora significa que você terá mais sucesso no futuro”.
Quando li isto, pensei comigo mesmo: “- Se quero ter algum sucesso na vida, já está passando da hora de praticar a generosidade!”. Coincidência ou não (Karma?), aconteceu de cair na minha mão, então, um documento que me motivou a pôr em prática tal projeto. Antes de descrevê-lo, preciso fazer um reparo:
Estimado leitor, não pense que o que irá ler a seguir foi escrito motivado por rancor, como se eu quisesse acirrar ainda mais o confronto e a discórdia entre as pessoas. Longe de mim essa ideia, pois creio que precisamos mais do que nunca de paz e benevolência. No entanto, não posso me calar diante do lamento proferido por Luiz Inácio Lula da Silva em seu “Manifesto ao Povo Brasileiro” e que foi lido no lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República. Dizia ele, referindo-se à sua condenação pela posse de um apartamento no Guarujá, em São Paulo: “Até hoje me pergunto, onde está a prova?”.
É sabido por todos que a condenação de Lula tem como justificativa a posse desse famoso apartamento. Só que ela foi decidida com base em suposições, fortes convicções, conforme apregoavam o juiz Sérgio Moro e seus procuradores, corroborados pela turma do TRF-4.
O que me proponho fazer, em seguida, é desvendar esse mistério, recorrendo a uma salada de recursos: notícias e depoimentos vários, tudo temperado com pitadas de lendas urbanas e teorias de conspiração. Estarei, ao final, praticando um ato de GENEROSIDADE para com Lula, ele que tanto se pergunta sobre provas; para com o juiz Sérgio Moro e seu time (a partir de agora, chamados pela alcunha de RCT), que estarão livres de uma acusação sem provas, e, mais do que com todos esses, estarei sendo generoso para com o povo brasileiro que terá, afinal, o conhecimento da verdade verdadeira. Com tamanha generosidade, espero estar colhendo dividendos para meu tão sonhado sucesso.
Primeiro ponto a ser destacado é a tranquilidade que Lula demonstra ao perguntar pelas provas de sua culpa. Mais do que alegar inocência, ele insiste em perguntar: “- Onde estão as provas?”, como se soubesse que elas não podem ser apresentadas.
Estranho, não é mesmo? É como se ele dissesse: “- Posso ser culpado (desse e de outros crimes), mas du-vi-de-o-dó que consigam apresentar as provas!”.
Tudo leva a crer que a RCT possui mesmo provas e mais provas que, no entanto, não podem ser declaradas. Daí, ser sempre batida a mesma tecla, a das convicções.   Enquanto eles ficam nesse nhenhenhém, iremos nós, quais cães farejadores, fucinhar o lamaçal da história recente do país em busca de pistas e vestígios, que nos permitam decifrar esse enigma mais escabroso do que o da Esfinge de Édipo.
Está acompanhando meu raciocínio, resoluto leitor? Eu pergunto: - Se existem provas, e tudo leva a crer que elas existem realmente, onde será que elas estão?
Lula parece dizer: “- Sem provas, sou inocente” (quando o certo seria afirmar: “- Sou inocente; logo, vocês não têm como provar nada”). Daí, podemos inferir uma visão distorcida dos fatos: a culpa dependendo das provas, quando o certo seria dizer que as provas dependem da culpa. Se não há culpa, não existe prova (a não ser que seja forjada); se temos provas (verdadeiras), por consequência há culpa.
Em resumo, podemos estabelecer os seguintes pontos acertados:
- Não se discute a questão da culpa, que é irrelevante (para nossa análise);
- As provas, em si, também são irrelevantes (tendo em vista, mais uma vez, a nossa análise);
- A questão é: tem como provar as provas? Lula aposta que não tem como; a RCT teme que, com a prova das provas, “a emenda fique pior do que o soneto”, isto é, acabe inviabilizando todo o processo de julgamento e de condenação de Lula. Daí, preferir bater na tecla das convicções, da acusação sem provas.
- De minha parte, não só creio ter encontrado a prova da prova, como tenho o propósito de revelar quem é o seu verdadeiro detentor ou dono. Da prova. É então que terei que recorrer a lendas urbanas e a teorias de conspiração. Mas, antes, outro reparo:
Peço-lhe desculpas, paciente leitor, mas, no afã de ser preciso, acabei me embrenhando no terreno pantanoso da Lógica, esgotando os limites de uma crônica regular. Prometo chegar a um desfecho na próxima postagem, revelando o local onde as famosas provas estão. ESTAREI ANTENCIPANDO UMA NOTÍCIA DA QUAL VOCÊ SÓ TOMARIA CONHECIMENTO DAQUI A CINQUENTA ANOS... É só aguardar, você que aprendeu a cultivar o hábito da paciência, eu sei, assistindo à série “La Casa De Papel”.
Etelvaldo Vieira de Melo