DON'T INTERCEPT!

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Imagem: elofoz.com.br
Preciso tomar cuidado com o que ando falando, pois o Intercept pode estar me interceptando para futuros vazamentos seletivos, e eu não quero provar de meu próprio veneno como ocorreu com Sérgio Moro, Dallagnol e companhia limitada (eles que, a bem da verdade, deveriam, agora,  estar “vendo a vó pela greta”, caso o Brasil fosse um país sério).
Como bem diz o ditado, “seguro morreu de velho” (mas morreu, como me garantiu o senhor Leal – um vizinho que, até onde sei, não bastasse o nome, é digno de crédito). Daí, preciso estar me acautelando a fim de evitar dissabores. É por isso que ando evitando fazer compras pela Internet, hábito que estava cultivando regularmente. Quando vi o que estava acontecendo com a República de Curitiba, um sinal amarelo acendeu na minha testa dizendo para mudar aquele costume.
Até que está sendo bom fazer minhas compras ao vivo e a cores. Pela Internet corria o risco de “comprar gato por lebre”. Ao vivo isso não acontece, pois posso ver, cheirar, pegar e apalpar o objeto de meu desejo. No caso de dúvida, posso até puxar o rabo do bicho pra ver de se ele berra ou se mia. Hoje mesmo, impaciente por esperar a Blake Fraude, fui até uma loja comprar um par de sapatos. Olhando as opções na vitrine, quis saber da vendedora se tinha um BBB (bom, bonito e barato) em promoção. Havia. Na hora de pagar, o dono da loja brincou comigo, quando eu quis parcelar a compra em dez vezes sem juros.
- Não é possível. Três vezes no máximo, para você que está com “o burro amarrado na sombra”.
- E com seu rabo dentro d’água?
- Pode ser – riu o estribado do dono.
- Burro amarrado na sombra, essa é boa! – falei. – Pois fique sabendo que nem burro eu tenho.
Na hora de embrulhar a compra, fiz questão de que o sapato fosse colocado numa caixa (colecionar caixas é um de meus hobbies). Depois, tirei uma sacola de minha bolsa (também tenho mania de andar com sacola) para que o embrulho fosse colocado lá. Ajeitando daqui e dali, a vendedora conseguiu com muito custo colocar a caixa na sacola.
- Esta sacola é igual coração de mãe – falou.
- Não – eu disse. – Coração de mãe é elástico, e esta sacola não é.
Ao me despedir, falei para o dono da loja:
- Agora vou ali fora pegar um burro emprestado para ir pra casa.
Dirigi-me ao ponto de ônibus, embarcando pouco tempo depois. Estou, agora, sentado num banco amarelo, aquele que é “Reservado preferencialmente para idosos”. Sim, eu sou um idoso, no alvorecer da “melhor idade”, ainda sem chegar ao ponto da imagem que está na placa junto aos dizeres, a figura de um velho com as mãos nas escadeiras e empunhando uma bengala. Por enquanto, tenho dispensado a bengala.
Voltei para casa com o sentimento de dever cumprido, tendo feito um bom negócio e sem ter corrido o risco de ser interceptado pelo tal do Intercept, cruz credo.
Etelvaldo Vieira de Melo

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