Acompanhando
o noticiário sobre os jogos, um detalhe me chama logo a atenção: o enorme gasto
que a prefeitura da cidadezinha onde o Brasil está hospedado tem com a
segurança, quando comparado com o dispendido com educação e saúde.
Penso
comigo: - Isso está certo, essa inversão de prioridades? Depois, considero que
o capitalismo nos Estados Unidos pode permitir esse tipo de coisas, os cuidados
com saúde e educação ficando por conta da iniciativa privada.
Mais depois,
penso: - Será que o Brasil não vai caminhar para isso, os gastos com segurança
“engolindo” quase toda a verba do orçamento?
1988. Com
Oscar Schmidt, Marcel e companhia ainda saboreando o título de campeões dos
jogos de Indianápolis, temos Jair Bolsonaro indo para a reserva do Exército,
depois de ali “ter prestado serviço” por 12 anos. Neste ano, também dá início à
sua brilhante carreira política, primeiro como vereador no Rio de janeiro e,
logo depois, como deputado federal. Gostou tanto que logo tratou de iniciar os
filhos, o 01, o 02 e o 03, na carreira, dentro da máxima “o que é bom para mim,
também é para os meus filhos”.
2019.
Eleito presidente da República, Bolsonaro – a exemplo do que acontece na
Venezuela, que militarizou o governo – procura se cercar de militares da
reserva e da ativa, empregando-os em postos variados. Com isso, tais militares
veem seus saldos bancários engordarem, com seus soldos mais que dobrando. E eu
pergunto pra mim mesmo: - Isso está certo?
2022. Leio
no jornal Folha de São Paulo, 26/12/2021, reportagem cuja manchete é:
“DEFESA GASTA VERBA DA COVID PARA COMPRAR FILÉ MIGNON E PICANHA, DIZ TCU."
O subtítulo diz: “Pasta gasta R$535 mil com itens de luxo”.
A
reportagem detalha, segundo dados do TCU (Tribunal de Contas da União): Em
2020, parte do dinheiro usado para compra de itens não essenciais foi obtida da
ação orçamentária “21CO – Enfrentamento da Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional decorrente do coronavírus”. Ou seja, trocando em
miúdos: recursos destinados ao combate à pandemia covid-19 foram usados
indevidamente para aquisição de itens não essenciais, sendo o Ministério da
Defesa responsável por 96% dos recursos dispendidos (R$535 mil), utilizados
para compra de filé mignon, picanha, bacalhau, salmão, camarão e bebidas
alcóolicas. Enquanto isso, milhares de pessoas morriam infectadas pelo vírus...
Sem entrar
em detalhes, a reportagem termina, mostrando um quadro com os gastos
governamentais com alimentação no período de 2017 a 2021:
Ministério da Defesa: 4 bilhões
Ministério da Educação: 2 bilhões
Ministério as Saúde: 567 milhões.
Tirando por
base o que esses três ministérios gastam só com o item “alimentação”, acredito
que aquela pergunta que eu fazia em 1987 já foi suficientemente respondida:
assistimos hoje a uma total inversão de prioridades e valores, com investimentos
em aparelhos (digestivos) de segurança lá nas alturas, enquanto educação e
saúde ficam jogadas às traças.
Coitados do
Brasil e seu povo!
Colocando
uma cereja neste bolo noticioso: Segundo leitor, em “Comentários” (não será fake news?), um militar
próximo a Bolsonaro disse: “No fundo, estamos pensando no povo, quanto mais
picanha e filé mignon comermos, mais bois são mortos e desossados. Logo, mais
ossos estarão sobrando para a população se fartar.”
Definitivamente,
isso não está certo.
Nota: Para
quem acha ruim o que estou falando, é só fazer o que é certo. Aí, não vou dizer
que não está certo.
Etelvaldo
Vieira de Melo
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