Sem dúvida, a honestidade é uma virtude que
anda fazendo muita falta nos dias de hoje. Nos tempos de antigamente, as
pessoas também reclamavam de sua falta, tanto é que o próprio Jesus chamava a
atenção para os lobos que se escondem sob a pele de cordeiros e criticava os
fariseus, apelidados de sepulcros caiados.
Se meu propósito de vida é ser feliz, preciso
aprender a agir com honestidade, com sinceridade para com os outros e,
principalmente, para comigo mesmo, não querer as coisas só com palavras, só da
boca para fora.
Certo dia, um
discípulo foi ter com o mestre e lhe disse:
- Mestre, quero
encontrar a Deus!
O mestre olhou o
jovem discípulo e limitou-se a sorrir.
O discípulo vinha
diariamente procurar o mestre e repetia-lhe sempre as mesmas palavras. Dizia
que estava em busca de Deus e que queria ser religioso. O mestre, porém, nada
respondia.
Num dia em que o
calor era muito intenso, o mestre pediu ao discípulo que o acompanhasse até o
rio, próximo dali, para, juntos, atravessá-lo a nado.
Lá chegados, o
discípulo lançou-se à água. O mestre o acompanhou. Quando estavam em meio à
corrente, o mestre, agarrando seu discípulo pelos cabelos, segurou-o embaixo da
água alguns instantes. O discípulo estava a ponto de morrer sufocado. O mestre,
então, largou-o e perguntou-lhe:
- De que é que
mais desejo você tinha quando estava submerso?
- De ar –
respondeu o discípulo, respirando fundo.
O mestre
continuou:
- Será que neste
instante você tem tanto desejo de Deus quanto tinha de ar há pouco? E, se o
desejar tanto assim, irá encontrá-lo no mesmo instante. Se, porém, você não tem
tal desejo e tal sede de encontrar a Deus, é melhor que lute com toda a sua
mente, com todo o seu coração, com seus lábios, porque não o encontrará. Sem
essa sede de Deus, melhor faria continuando ateu. Porque um ateu pode, muitas
vezes, ser sincero, ao passo que você não é.
Tempos atrás, quantas e quantas vezes eu me
surpreendi fazendo promessas de mudanças que nunca cumpri. Tudo porque agia
como aquele estudante que, no início do ano letivo, dizia para si mesmo: “-
Este ano será diferente. Serei um ótimo aluno e terei o melhor rendimento
escolar possível!”. E ele compra um caderno especial para as anotações de aula,
chega a colar uma ilustração bonita na primeira página, junto com uma mensagem
bacana. O tempo passa, ele começa a cuidar mal do caderno, a rabiscar e a
arrancar as páginas. Quando chega o final do ano, o caderno está todo
arrebentado e o dono está muito mais, pois foi desonesto, mentiroso, falou uma
coisa que não sentia verdadeiramente.
Ampliando o tema, com a Internet e suas Redes Sociais, falar de honestidade quase virou sinônimo de bobeira, com a
mentira se tornando a grande vedete do mundo moderno. Se todos fossem honestos,
não haveria mentira. Você já imaginou como seria viver num mundo sem mentiras?
Já pensou, por exemplo, se os políticos só dissessem a verdade? Não estaríamos
vivendo num paraíso?
O título desta crônica foi emprestado de uma
música de Noel Rosa em parceria com Francisco Alves, lançada em 1933. Nela,
Noel faz uma premonição, quase apontando o dedo para determinado político, aquele
que, além de deixar um rombo de bilhões na Caixa Econômica tentando comprar sua
reeleição, foi pego querendo passar debaixo dos panos (da alfândega) um
lotezinho de joias: “O seu dinheiro nasce de repente / E embora não se saiba se
é verdade / Você acha nas ruas diariamente / Anéis, dinheiro e até felicidade /
E o povo já pergunta com maldade / Onde está a honestidade? / Onde está a
honestidade?”.
Etelvaldo Vieira de
Melo
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