VALE A PENA LER DE NOVO: O PATO, A RAPOSA E O LEÃO (FN19)

 



Certa vez, o leão procurou o pato e a raposa para, juntos, formarem uma associação: A Associação dos Vorazes Caçadores (AVC).

Logo na primeira caçada, conseguiram um bom número de presas, pois adotaram uma tática deveras interessante. Ei-la:

Aproximando-se sorrateiramente por trás da vítima, o pato grasnava: - Quá! – Quá! - Quá!

Esta, assustada, corria em outra direção, dando de cara com o leão.

O leão rugia: Uaaauuu!

 Ainda mais assustada, desviava à direita e, sem perceber, caía num alçapão armado pelo raposão.

- Cataplum!

Estando a gaiola cheia, pediu o leão para o pato efetuar a partilha dos bens arrecadados. Este pegou uma calculadora (Made in China) e fez as contas: A+B+C+...+Z = X > X : 3 = Y.

   - Pelos cálculos, caberá a quantia de Y para cada um – falou o pato, enquanto ajeitava os óculos, todo orgulhoso, em pose quase patética.

   - Você é um cretino, um analfabeto de pai e mãe e que não sabe fazer contas – urrou o leão, desferindo um potente tapa no meio da cara do pato, matando-o. 

Depois, pediu para que a raposa refizesse as contas. Esta deixou praticamente tudo no monte do leão, reservando para si apenas algumas sobras do quinhão.

   - Estou tomado de admiração – falou o leão. – Qual a escola onde estudou, para fazer cálculos de tamanha precisão?

Falou a raposa:

   - Foi na escola da vida que aprendi esta lição / Ao ver a desgraça de um pato, vítima da própria ambição.

Moral:

Em certas circunstâncias, levar vantagem alguma já é muito vantajoso.

Etelvaldo Vieira de Melo


DEIXARAM DE CUTUCAR COM JEITO

 


Desesperar jamais. Assim diziam Vítor Martins e Ivan Lins em música de 1979, quando a Ditadura Militar ainda corria solta, mas com os clarões da Liberdade já despontando no horizonte. Para mim, são emblemáticas duas passagens da letra.

“Aprendemos muito nesses anos”. Olhando para o atual quadro político brasileiro, em 2024, eu me pergunto se de fato aprendemos alguma coisa ou se estamos repetindo os mesmos erros. Quando vejo a Imprensa tratando a “pão de ló” (não é mesmo, dona Folha de São Paulo?) aqueles que quase nos jogaram de novo nos braços da Ditadura, percebo que ela, a Imprensa, é cínica e debochada, já que está atrelada aos interesses dos poderosos da chamada “Faria Lima”, pouco se lixando para os ideais de Liberdade e Democracia. Se julgam que estou exagerando, basta ter olhos para ver os resultados das eleições municipais deste ano, com o país caminhando perigosamente para as mãos da extrema direita, aquela que prega a lei do mais forte, com o resto que se dane.

“Cutucou por baixo, o de cima cai / Cutucou com jeito, não levanta mais”. Aqui cabe uma crítica direta ao Poder Judiciário e ao Procurador-Geral da República, eles que ficaram postergando, procrastinando, “empurrando com a barriga” (bem daquele jeitinho brasileiro) as medidas legais contra aqueles que alimentaram, provocaram, financiaram as tentativas de golpe de Estado (não foi uma só, não). As arraias miúdas, os peixinhos, até que foram um pouco penalizados. Mas onde estão os mentores e os tubarões?

Existe um provérbio japonês que diz assim: “Em vez de perseguir o gato, tire o seu prato”, ou seja: o mal tem que ser cortado pela raiz, pois não dá para ficar correndo atrás. Cutucar com jeito significa fazer justiça logo. Nesse país, quando pobre é suspeito de fazer algo errado, nem mesmo é julgado, logo é preso e condenado. Já para os ricos e poderosos, a justiça é postergada e caduca por decurso de prazo. Pelo andar da carruagem, corremos o risco dos inelegíveis retomarem o poder e os peixinhos miúdos, agora presos (coitadinhos, tão bonzinhos!) serem soltos e indenizados, vítimas que foram de danos físicos, religiosos, sociais, psicológicos e morais.

“Já tivemos muito que chorar”, ainda falam Vítor e Ivan. “Pelo andar da carruagem se conhece quem vem dentro”, este é o ditado completo. Olhando pra quem está dentro dessa carruagem da Legislação e da Justiça no Brasil, pressinto ainda muito choro para aqueles que querem um país justo, solidário, desenvolvido, democrático. Quem viver verá.

Etelvaldo Vieira de Melo


NOTAS DE AMIZADE, ALEGRIA , ESPERANÇA E BOAS-VINDAS


OLHAR DE VOVÔ


Dimas Felipe de Miranda (02/11/2024) (*)

 

Oh, pedaço adorado de mim!

Sua chegada lava e arrebata meus olhos, coração e alma!

Um sentimento aflorado de confortável eternização!

Um passar a vida a limpo.

Bem-vindo, Theo!

(*) Baseado em mensagem enviada por Etelvaldo, agora vovô de fato e de direito.



OLHAR DE ALEGRIA

 

Bem-vindo, Theo, à terra prometida aos homens!

E às mulheres, é claro.

Que você cresça em graça e sabedoria perante Deus e suas criaturas.

Para alegria dos pais, especialmente da Mamãe Júlia, orgulho do Vovô Etelvaldo e da Vovó Sandra; e a admiração dos amigos.

Seja muito bem-vindo, Pequeno Theo!

Que a simples menção de seu nome escorrace o ódio e toda insanidade, e alumie os caminhos da humanidade no encalço da paz, da justiça e dos ideais franceses ainda distantes da Liberté, Égalité, Fraternité.

Parabéns à linda família! 

Com as bençãos e as orações dos amigos

Elmás e Vital





OLHAR DE ESPERANÇA


Minha Senhora Dona:

um menino nasceu -

o mundo tornou a começar.

(Guimarães Rosa) 

Theo, presente de Deus. Assim afirmavam os gregos (nome associado à bondade e gratidão). Hoje é um convite para ajuntar solidariedade, afeto e beleza. Com uma criança, somos convidados a acariciar sonhos e desejos. E, assim, pensar outro mundo. Seja bem-vindo, Theo.

(Mauro Passos)

 

CONFESSANDO COM VOCÊ

 
Imagem: Biblioteca Pedro Seromenho (Facebook)

Sei que uma conversa entre nós é igual a diálogo de surdos: cada um fala e nenhum entende o outro. Mesmo assim, estou me atrevendo a lhe fazer uma confissão. Vamos lá. Ao final, espero não ter jogado a conversa fora, alguma coisa tenha entrado pelos seus ouvidos.

Penso que o Mundo seria melhor para todos se houvesse justiça social, quero dizer, se a desigualdade entre as classes fosse algo decente, sem tanta disparidade de posse e de oportunidades. Crianças de famílias ricas e de famílias pobres mal acabam de nascer e já têm seus destinos traçados. Qualquer coisa diferente que venha a acontecer será uma exceção confirmando a regra.

Não, eu não estou defendendo a ideia de um puro assistencialismo. Só desejo que todos tenham acesso a uma educação decente, que lhes permita desabrochar e desenvolver suas potencialidades, independentemente da classe social.

Se vivêssemos numa sociedade assim, sem tanto desnível e com uma educação universal proporcionada pelo Estado, creio que teríamos menos violência, a Natureza seria bem tratada – e não estaria à beira da hecatombe, com se encontra hoje – com as pessoas, de modo geral, vivendo em harmonia e em paz.

Mas respeito sua opinião, se você pensa que isso que estou dizendo não passa de uma utopia, que o ser humano é um lobo para o outro, que o egoísmo faz parte de sua natureza e que nunca, jamais, quem está lá em cima na escala social vai estender a mão de forma desinteressada para os menos favorecidos. Respeito sua opinião, quando acredita que a educação, em todos os níveis e instâncias, deva ser para atender aos interesses da elite, no sentido de manter e preservar o status quo.

Respeito sua opinião, quando pensa que a ganância desmedida é um celeiro de discórdias e de guerras, de ódio e de destruição sem fim. Mas, pensa você, nada podemos fazer. E, quando o projeto aqui na Terra fracassar de vez, os poderosos já se antecipam e projetam a conquista de outros mundos e planetas.

Penso que os meios de comunicação social, que vou designar de forma genérica como Imprensa, deveriam ter o compromisso com a verdade, ajudando na educação das pessoas para que possam viver num mundo cada vez melhor. Eu penso assim, mas respeito sua opinião, quando pensa que é natural a Imprensa apelar ao sensacionalismo para vender suas matérias, notadamente quando explora e ridiculariza as figuras dos pobres, dos ignorantes, dos oprimidos e marginalizados. Depois, você parece saber que ela, a Imprensa, está a serviço de quem tem o Poder, que são os ricos, os poderosos, os banqueiros, os grandes empresários, os latifundiários, essa gente toda, que é uma minoria, mas efetivamente é quem manda, desmanda e faz acontecer.

Eu penso que a religiosidade é algo extraordinário, porque mostra nossa dimensão transcendental, essa nossa ânsia de superar a finitude através de uma porta para a eternidade. Mas, se a religiosidade é algo bom, também penso que a religião não é algo tão bom assim. Porque, em vez de nos libertar, muitas vezes ela nos aprisiona entre dogmas de falsa moralidade, de normas proibitivas, de sentimentos de punição e de culpa. Eu penso assim, mas respeito sua opinião quando diz que a religião está aí para isso mesmo: para servir de conforto para os pobres, para os desconsolados, para os oprimidos, prometendo-lhes um mundo melhor, só que numa outra vida. Respeito seu ponto de vista, quando vê mérito numa religião que favorece a acomodação, que é usada para fins políticos, que ajuda a manter o poder de “César”. Respeito sua opinião, quando diz para eu deixar de ser bobo quando fico indignado ao ver pastores e padres explorando a boa-fé das pessoas simples.

Sob meu ponto de vista, as coisas poderiam melhorar se tivéssemos um Sistema Político que determinasse a existência de poucos partidos (que seriam fortes e poderosos, que obrigasse a fidelidade partidária, que estabelecesse de forma clara seu perfil ideológico), que o número de representantes nas Câmaras fosse tão somente o necessário e suficiente, que sua escolha se desse através de processo que atendesse aos interesses da maioria da população, que o regime fosse democrático e bem definido nas atribuições de suas partes, não permitindo a existência de excrecências de “anões e centrões”.

Eu penso assim. E, como para tudo na vida deveria haver uma preparação, também penso que deveria existir curso para preparação de político. Para mim, político tem que ser profissional, assim como existe o médico, o engenheiro, o advogado, o faxineiro, o lavrador. Você se submeteria a uma operação nas mãos de alguém que nem é médico? Vai acreditar na estrutura de um prédio construído sob responsabilidade de alguém que nada entende de engenharia? Eu me pergunto: nossos políticos estão preparados para exercer suas funções? Mais do que isso, estão eles vocacionados para tal mister?

Se penso dessa maneira, respeito sua opinião, quando diz que o arranjo político da sociedade se junta a tantos outros (educação, religião, Imprensa...) para que, no fundo, nada mude, tudo continue do mesmo jeito. Nesse sentido, o atual Sistema Político é perfeito, já que continua permitindo a existência de candidatos paraquedistas em períodos eleitorais, clãs de políticos que se vendem como antissistema, aumento de extremistas e fracasso das forças progressistas.

Ao fim de tudo, cá estamos nós, você e eu, cada um com suas próprias ideias. Nesse antagonismo, começo a entender melhor sua posição. Percebo que ela vem de sua história, do que é importante para você, de seus valores. Desse modo, entendo seu preconceito com aqueles menos favorecidos, com os explorados e marginalizados; compreendo sua ojeriza com as minorias, sua ganância de ostentação e poder, respeitando aquela filosofia de “quem pode, pode; quem não pode, se sacode”. E, assim, cada um de seu jeito, cá estamos nós, empenhados nessa travessia, cada qual em uma margem desse rio que é o viver.

Etelvaldo Vieira de Melo

 


A COR DA CAMISA E A COR DA POLÍTICA

 


Maior que minha vida é a vida!

(Paulo Gabriel)

Vamos imaginar uma história simples. Roberto precisa comprar uma camisa para ir ao casamento de um amigo. Sai de casa e vai a uma loja. Vê várias camisas, mas não gosta. Vai a outra loja e fica espantado com o preço. Procura uma terceira, quarta loja. Achou tudo caro. Volta à terceira loja e olha novamente duas camisas – uma cinza e outra bege. Separa a cinza de manga comprida com dois frisos na frente. Pergunta o preço, pensa e pede para experimentar. Decide comprá-la e divide o pagamento em três parcelas. Coisa simples é comprar uma camisa. No entanto, vamos dividir os passos da compra: camisa para um casamento, o preço, a cor, o tamanho, a escolha em quatro lojas e a forma de pagamento. Isso fez com que Roberto pensasse várias coisas. Tanto é verdade que a compra não aconteceu na primeira loja. Muitas coisas na vida fazem a gente pensar.  Tudo é tão comum que parece ser fácil. Imagine a compra de uma televisão! Trata-se de uma decisão pessoal que tem a ver com gosto, preço, tamanho e marca. Como a compra de uma camisa, há situações na vida que exigem muita atenção – a Política. Eleger um candidato exige cuidado, seriedade e avaliação. A escolha de uma camisa é uma decisão pessoal, a escolha de um candidato é uma escolha pessoal e coletiva: “maior que minha vida”. O prefeito e os vereadores vão dar rumos à vida social, política, cultural, educacional e econômica do município, entre outras coisas. Por isso, é necessário pensar no histórico do candidato: de onde vem? qual a sua formação? quais os seus valores e princípios? quais os seus aliados políticos? No entanto, a chave da questão está no ‘projeto político’. E não num projeto conservador ou tradicionalista. Menos ainda no excerto de Paulo Lins: “Falha a fala, fala a bala”.  A conjuntura social demanda um salto qualitativo. Trata- se de ultrapassar o limite da agressão, dando prioridade a uma política de afirmação e solidariedade com os mais pobres. Dessa forma, abre caminhos para uma política de direitos sem fazer da identidade coletiva uma homogeneidade social, pois não impõe bitola, nem faz todos acreditarem, obrigatoriamente, nas mesmas coisas. Um detalhe: não pode haver um projeto político sem um sistema de educação. Democracia é educação porque a democracia precisa ser construída todo dia. Quando essa aliança não existe a consequência é grave. E quem sofre é o povo. Por exemplo, se tem alguém que não está presente, hoje, no Congresso Nacional, na Assembleia do Estado e na Câmara dos municípios é o povo. Populismo, promessas e compra de votos não constroem a democracia. Isso tem um nome: corrupção. É preciso, ainda, cuidado para não cair na armadilha das “fake news” das redes sociais. Enfim, a cor (a alma) da política é a verdade, sua manga a democracia, sua loja (morada) a ética, sua largura a liberdade e seu tamanho a educação.

(Mauro Passos)

INTELIGÊNCIA, GENIALIDADE, MERITOCRACIA!



Um dia desses, alguém me disse que sou inteligente e especial.

Como as pessoas criam imagens da gente, nesse teatro montado, de que sou o que eu não sou e assimilar o que as pessoas não são, né?

Qual das minhas máscaras eu teria utilizado para ser elogiada assim?

Observando-me atentamente, procurei em mim a tal inteligência: eu poderia ser genial se quisesse?

Acho que tudo que está no palco da vida é forjado...

Tive a sorte de nascer com a chance que eu tive, com as redes de contato que tive, e pude usar todas essas influências para chegar onde estou, se é que estou em algum lugar permanente. Tive oportunidade em vários caminhos da vida, mas sei que existem no mundo milhares de mulheres como eu, com as mesmas habilidades, que alguns chamam de inteligência, que nunca tiveram a mínima chance de trilhá-los. Nessa sociedade corrompida, pra você ser vitorioso, tem que ter centenas morrendo de inveja de você. A gente não sabe ser vitorioso junto, a gente tem que ganhar sobre, pra ser sucesso. O sucesso necessariamente se constrói em cima do fracasso alheio, essa é a máxima da sociedade. Como essa sociedade pode se achar humana, solidária, com as travas da interpretação do que seja inteligência e genialidade? O valor da tal inteligência não abrange o outro, o cooperar, apenas abrange o competir de forma VERGONHOSA E FORJADA na classe social em que se está inserido.

Pensei em alguns que SE ACHAM INTELIGENTES, mas defendem um modelo de sociedade onde um ambientalista e um jornalista foram violentamente assassinados na Amazônia e o ex-presidente inelegível diz: "a culpa foi deles, o que eles foram fazer lá?"

Pensei na minha vizinha espírita, que me disse que alguém psicografou que o filho dela autista é a reencarnação de um grande matemático inglês. Por que então o menino precisa de aula de inglês, de música, de fonoaudióloga, de psicóloga e o escambau, se é reencarnação do gênio?

Pensei então no filho autista da nossa faxineira, que tem 14 anos e não fala, não escreve, não lê!  Fica com a avó, enquanto a mãe trabalha pra comprar comida e pagar o aluguel. Será que ele é a reencarnação de um ser burro?

Então reafirmei a minha antiga conclusão: Quer ser inteligente? Seja rico! Pague por isso. O que quero dizer é: uma capacidade inata, num ambiente que não favorece, NÃO SE DESENVOLVE. Mas será que é isso mesmo? Vejamos:

Um menino pobre pode ter todas as capacidades necessárias para ser um poliglota, mas se ele não tiver acesso a livros e cursos, ele jamais, nunca aprenderá a falar idiomas.

No entanto, um menino rico que odeia idiomas aprenderá o inglês e tantas outras línguas que puder, por meio de cursos e livros, sobretudo se começar na tenra infância.

Você sabe se a pessoa não teve uma infância pobre pelas capacidades, pelos talentos que ela tem, pois O ACESSO À INTELIGÊNCIA NO CAPITALISMO SE DÁ PELO DINHEIRO.

Mesmo o pobre que tem acesso à universidade pública se sente menos, ele não sabe falar inglês, pois o sistema foi todo feito para que ele não ascendesse, para que ele não aprendesse inglês e nunca chegasse a ser um doutor, um juiz, um desembargador ou um professor de doutorado de universidade pública.

E esses que não tiveram acesso a cursos, a livros, a professores particulares desde a tenra infância, mas que tiveram que trabalhar paralelamente para se manter enquanto faziam a universidade, nem sabem que mesmo tendo acesso a uma universidade pública, jamais serão os mais inteligentes, segundo a lei capitalista.

E a genialidade, é forjada?

Dizem que colocavam uma luz atrás de Hitler, enquanto discursava, para parecer que ele era uma inteligência sobrenatural.

Assim como o palco de um pastor é forjado, o palco de um artista é forjado, nenhuma inteligência é natural.

A princesa Diana, em uma entrevista, disse ser uma mulher poderosa com a cabeça abaixada, olhos em evidência e voz suspirada. Aquilo transpareceu mais uma mistura de submissão e fragilidade, mas esse era o papel que ela tinha que interpretar no reino da inteligência.

As pessoas forjam o que você pensa a respeito delas.  Eu trabalhei com uma pessoa que era considerada a mais inteligente da empresa. Quando perguntavam se falava inglês, ela dizia que não, mas falava russo, quem iria testar se era verdade? Perguntaram pra ela que tipo de filme ela gostava, e ela respondeu que eram os filmes iranianos, ninguém conhecia cinema iraniano, ninguém a colocou à prova. Dizia que adorava ler Foucault, e quando alguém perguntava, só sabia dizer que ele falava sobre a loucura. É fácil fazer o papel de inteligente: leia 3 livros, decore algumas frases desses livros, cite 3 autores, 2 músicas, 2 filmes. As pessoas vão achá-lo um gênio!

Então, no capitalismo temos que falar de novo sobre dinheiro.

O clube dos artistas é seleto, difícil de ser alcançado. No mundo há muita gente talentosa, mas nem todos terão sucesso, e o sucesso geralmente é dinheiro, é preciso SER INDICADO, E TER MUITO DINHEIRO POR TRÁS PRA FAZER SUCESSO.

Cito como exemplo Chico Buarque, da importante família Buarque de Holanda. Ele escreve coisas geniais, mas teve anos de exercício prévio da educação, teve seu cérebro estimulado desde a infância, cresceu num ambiente abastado, esteve com a nata intelectual do Brasil e vem de um lar de intelectuais ricos demais. Imagina Chico Buarque numa pracinha, sem dinheiro, vendendo seus poemas em folhinhas de papel, quem seria Chico Buarque? Falo aqui de tempo, de treino, capital de contatos e de dinheiro. Imagina um filho de pobre escrever um poeminha e mostrar pro pai que trabalhou 12 horas por dia, esse pai o mandaria caçar serviço. Nós temos centenas de Chicos sentados nas esquinas do mundo. Michael Jackson foi treinado desde a tenra infância, foi descoberto por milionários, seus clips custavam meio milhão de dólares cada um, com produção e coreografias impecáveis, quem não o acharia GENIAL? São milhões de dólares investidos, as mãos dos homens mais poderosos da indústria cultural, e muito trabalho de muita gente, então, quem não seria um gênio? Chacrinha já dizia: nada se cria, tudo se copia. Grande parte das obras de artistas, escritores e poetas é roubada (se achar o termo pesado, pode trocar por copiada).

E a meritocracia, essa menina dos olhos do capitalismo da politicagem?

Percebo que todo esse sistema foi feito pra produzir pessoas fracassadas e como jogá-las no fracasso, para depois culpá-las, dizendo: você não se esforçou o bastante.

Nós temos no Brasil 100 milhões de brasileiros sem saneamento básico, que estão preocupados somente em ter algo pra comer. Meninas que faltam às aulas, por não ter absorventes quando estão menstruadas. Mais de 67 milhões de pessoas ganham abaixo de meio salário mínimo e mais de 12 milhões são miseráveis (IBGE 2022 a 2023).  Alguém aí que lê isso está preocupado com essa população? Quem votou no Inelegível, não, pois ele disse na época da pandemia que no Brasil ninguém passa fome, e tivemos 144 milhões de brasileiros em insegurança alimentar na pandemia. O único projeto de governo da extrema direita é a desumanização dos pretos e pobres, utilizando-se da PRIVATIZAÇÃO dos presídios, para retornar jovens negros à escravidão, para que trabalhem nas cadeias de graça para os empresários donos da carceragem.

A extrema direita e centrão venceram as eleições municipais assustadoramente, a gente tá voltando pra escravidão, um país de extração, de saque e violência. A falência da educação pública é um projeto desses governos neoliberais, para que os donos da privatização possam fazer dinheiro.

Quando vou ao supermercado e vejo o jovem adolescente ensacando as compras, eu poderia pensar: ele não se esforçou.... só que não, vem de família pobre, marginalizada, servil. Que valor de mérito esse garoto poderia alcançar algum dia? As mulheres pretas são, dos trabalhadores, as mais mal remuneradas, e que valor de mérito elas poderiam alcançar algum dia?

Meritocracia real deveria ser aquela que parte da IGUALDADE DE CONDIÇÕES e pode produzir desigualdade de RESULTADOS, para se viver com dignidade. Mas na meritocracia irreal ela é aquela que não produz o básico para as pessoas, mas somente a riqueza para alguns poucos, que não querem e não deixam um farelo pros pobres (por isso odeiam esquerda e justiça social).

Concluindo:

Podemos dizer que existe um formato de como uma pessoa se constrói, e é o mesmo que dizer como uma inteligência se constrói. Normalmente, elas estão forjando algo, elas estão pousando pela construção que haviam feito.

Perceber que todos nós estamos num palco é perceber que não existe inteligência, mas a escolha de quem você quer ser, o que representar com a chamada inteligência.

Até onde isso é real? Até que ponto as pessoas seguem uma carreira pela inteligência nata, por amor a ela ou pelo dinheiro?

Inteligência não pode ser um cérebro barulhento, cheio de pensamentos que projetam fantasias do que seja inteligência e que tenta alcançar essa fantasia. Inteligência não pode ser um cérebro que coloca a harmonia de lado e continua cheio de fragmentos e conflitos. Inteligência não pode ser um cérebro inseguro, que busca incessantemente por segurança e sucesso. A inteligência só pode nascer da quietude e não da atividade do pensamento.

Portanto, a inteligência não divide minha inteligência da sua inteligência, pois é indivisível, e o pensamento não consegue alcançá-la, pois a inteligência é a fonte imaculada que não pode ser tocada pela corrupção do pensamento.

Meus caros, inteligência é afeição, é amor, é um cérebro totalmente desocupado, livre, quieto, onde há o entendimento que, a inteligência não é sua nem minha. Enfim, Inteligência é reconhecer O PENSAMENTO NÃO INTELIGENTE em si mesmo.

Elis Queralt

VERSOS OFENDIDOS


 

Em tempo passado, cada poste era assaltado

por uma dúvida que o fazia cismar

sem saber quem lhe tinha maior afeição:

se cachorro na hora de mijar

se político em véspera de eleição.

 

Hoje é nos templos, igrejas e redes sociais

tornando tudo feio demais

que a propaganda está posta

religião agarrada com política

fazendo da mistura uma titica

do jeitinho que o diabo gosta.

 

Dizem que o povo tem o governo que merece

Dizem que brasileiro não sabe votar

Mas eu me pergunto se é isso mesmo que acontece

se nosso sistema político é todo errado

sem ter como bem funcionar.

 

Pois governando de verdade

aproveitando-se do bônus, ali está o Centrão

impondo sua vontade

com sua chantagem e sua ambição

pouco se lixando com a necessidade do povão.

 

Parece que ninguém percebe esse dilema

pois entra ano, sai ano, continua a falcatrua

e ninguém fala de reforma do sistema

Continuamos com político sorridente e folgado

e o povaréu se estrepa na conta de culpado

Já que a bem da verdade nua e crua

a política está aí pra atender tubarão

com o zé povinho ficando no papel de otário e vilão.


Nosso sistema político é jogo de cartas marcadas

Que filho recebe de pai

De tal modo que, quem está fora dificilmente entra,

E, quem está dentro, dificilmente sai.

 

E, nesse jogo, vale o poder do dinheiro

Os conchavos a troco de perdão

A voz do povo é toda manipulada

Através de pesquisa marcada

Que quase dispensa eleição.


Mas dizem que exceção toda regra tem

E é assim que vamos para mais uma eleição

No escuro, tentando votar bem

Cumprindo a sina de ser brasileiro

De ter que ficar procurando agulha em palheiro

Com a esperança, que é nossa profissão.

Que assim seja para o bem de todos. Amém.

 

Etelvaldo Vieira de Melo

 

 

 

MÍDIA: UM DESAFIO REAL À DEMOCRACIA


 

Sophia Flora (*)

Pra Início de Conversa

Sei que é inútil falar a verdade para um povo que teve a mente programada pela mídia desde os tempos remotos, quando incutiu na memória do povão que a China é o diabo comunista (ela que tinha, em 1978, 800 milhões de pessoas na miséria e erradicou a pobreza em 2020), e os Estados Unidos como os heróis salvadores (que invadiram e bombardearam dezenas de países, depois da segunda guerra mundial até hoje). A história pífia da mídia televisiva começou quando descobriram que o controle da informação é a maior arma para a vitória sobre os imbecis. Posteriormente, veio a Internet que é um meio de comunicação e informação, e não fonte de conhecimento. Aí a vaca foi pro brejo de vez. O método de se produzir conhecimento foi abandonado: pesquisas, documentos, dados, embasamento, tudo que se podia provar e mensurar ficou desinteressante. Ficou mais interessante espalhar mentiras sem qualquer embasamento científico ou de provas, é o que se qualifica como fake news, e é bom lembrar que era exatamente isso que os militares fizeram na ditadura, impedindo o conhecimento. Por isso, até hoje recebem os brados dos zumbis que se acham vivos.

Liberdade X Estupidez

Parece que a liberdade começa quando questionamos aquilo que nos é apresentado como verdade. Tomemos uma situação atual:

- Qual a explicação do tal Marçal, um marginal bolsonarista e milionário pelas redes sociais, um estelionatário golpista já condenado pela justiça, um indivíduo totalmente boçal e mentiroso como o Inelegível, de um partido político desconhecido e com vínculos com o crime organizado, já contar 20% das intenções de votos na maior cidade da América do Sul?

Uma das respostas poderia ser: o fascismo sempre se nutre da estupidez, da burrice e do ódio, do amor a Deus e à Pátria. Outra resposta poderia ser: o mundo gosmento da Internet transformou a mentira em ponto de vista, a versão torpe na corrosão de tudo que é correto. Mas qual é o filtro que esses eleitores utilizam diante da enxurrada de informações falsas que consome diariamente? Talvez o filtro seja a loucura, o ódio e a estupidez que têm um enorme poder de sedução sobre a BURRICE.

Segundo Edward Bond, como podemos definir nossa época sem definir a loucura? Como as pessoas podem acreditar nas ideias loucas que a mídia lhes impõe? O que é que os deixou loucos? Eles criam uma sociedade que é uma realidade para eles, a sua loucura é a razão para a loucura que eles encontram no mundo!

E, nessa loucura total, o que é a mídia convencional? As TVS que são concessões públicas, nada mais são que uma engenharia social maligna que se utiliza do iletramento político e social para criar o tal “cidadão de bem!”

O A,B,C da ação da Mídia

Distraem o público com banalidades para evitar o conhecimento do que as elites decidem sobre depredação dos bens comuns a todos, e que a poucos pertencem. 

Intensificam a violência urbana, criam crises econômicas pra justificar o desmantelamento dos direitos sociais, causado pela elite, mas escondem as notícias boas.

Para as decisões neoliberais da direita, apresentam como dolorosas, mas necessárias à decisão impopular, e prometem um futuro melhor depois do sacrifício.

Fazem uso intenso do aspecto emocional, para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, ou até induzir comportamentos.

Conseguiram até mesmo fazer com que o público acreditasse que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto, e isso fez os eleitores do Inelegível. 

Concluíram o projeto de destruição e desidratação da política, para ter controle sobre a esquerda e dos eleitores, desde que houve o processo de redemocratização.

Decodificando os Debates Eleitorais

Cito como forma de controle da população votante, a evolução dos debates na televisão, sempre com o mesmo engessamento pelo horário impossível para a classe trabalhadora que levanta cedo, ou seja, é impossível uma DEMOCRACIA com esses canais de TV hereditários, que fazem os debates pra minoria ver (um minuto para a pergunta, um minuto para a resposta, vai falar o quê?).

A mídia criou uma figura mítica, um cidadão que vê debate público, que está ali pra ver propostas .... coisa nenhuma, ele está ali pra ver cadeirada, brigas, baixarias e bandidagem de toda sorte!

Mídia pífia, digna da pablomarcelização dos ouvintes levianos. Analfabetos sempre existiram, mas não tinham orgulho disso; hoje, o analfabeto funcional com formação - mas sem informação, tem orgulho de nada saber (a não ser a decoreba pro pão de cada dia, amassado pelo diabo, claro).

Soberania nacional é balela

Pra completar o atoleiro tecnológico golpista, o deputado cel Meira (PL) publicou um documento mostrando que o Exército e a Marinha dependem das antenas da Starlink, como que não pudéssemos mexer com a empresa do Elon Musk, ou seja, a comunicação das operações militares brasileiras passa pelos satélites de Musk. Disse que o exército pretende novos contratos para atender pelotões especiais de fronteira (PEF), situados em locais de difícil acesso. Fica a pergunta então aos sabichões bolsominions: a soberania nacional tá na mão de quem? Do cara mais poderoso do planeta, e isso dá poder político a Musk, que apoia a extrema direita, TRUMP e BOZO, com o objetivo de ganhar o compromisso para barrar qualquer tipo de regulação das big techs.

USA & CIA: quase tudo sobre controle

Li uma matéria no UOL-Operamundi - que diz o seguinte, resumidamente:

 "O New York Times investigou e chegou à conclusão que a CIA engloba mais de 800 organizações e indivíduos de ‘notícias e informações públicas’. A CIA se tornou proprietária de serviços de imprensa, revistas e jornais, colocou agentes nos serviços de imprensa. Transformava e transforma crimes de grandes potências em virtudes democráticas. William Schaap, um especialista em desinformação, testemunhou que a CIA possuía ou controla cerca de 2.500 meios de comunicação em todo o mundo, e tinha jornalistas e editores de destaque em sua folha de pagamento. Em cada capital estrangeira, tinham um jornalista de fachada ou infiltrado que podia publicar histórias úteis à CIA. Alguns estudiosos como Yasha Levine detalham o amplo envolvimento da segurança nacional dos EUA no âmbito das big techs e das mídias sociais, e que ocupam posições chaves no Facebook, X (Twitter), Tiktok, Reddit e Google.

O mesmo se aplica à sua virulenta propaganda anti-China 24 horas por dia. Em tempos passados, realizaram campanha de difamação contra figuras como Sartre e Beauvoir. Já figuras como Foucault, Lacan, Deleuze e outros foram associados ao movimento estruturalista e opositores de Sartre, tiveram sua promoção nos Estados Unidos, que os catapultou para os holofotes internacionais e os tornou leitura obrigatória para a intelectualidade global.

A guerra híbrida é levada a sério pelos Estados Unidos quando não pode bater de frente. A calúnia, difamação e fake news são modus operandi dos USA conseguirem que os seus adversários sejam malvistos e desvalorizados. Um constante combate ao pensamento progressista, pra fazer valer uma plutocracia, onde a sociedade é constituída por ativos de produção e os servidores públicos são produtos explorados pelo capital e o Estado, com todos os seus poderes dominados por uma única ideologia de privatização ao capitalismo, em detrimento de um desenvolvimento baseado na cooperação, proteção do cidadão e melhorias das condições socioeconômicas, sem as incertezas das crises sistêmicas do próprio capitalismo. Mas, contra tudo isso, move-se uma propaganda que subverte a lógica vivida na distorção de um sonho americano, financiado por guerras, golpes, protecionismo e embargos para impor os seus interesses. Coisa que se todos praticassem, não haveria justiça.” (Menos marxismo, mais ideologia burguesa: como CIA manipula esquerda ocidental há 70 anos - Diálogos do Sul Global)

Eles são avassaladores, não têm clemência: se preciso matar, eles matam; se precisar destruir a família, o país, eles destroem.

Mídia: controle da consciência de um povo tratado como imbecil

É uma ingenuidade pensarmos que podemos desenvolver uma análise correta e compartilhar nossos pontos de vista, convencendo as pessoas por meio de argumentação racional. Os filósofos se propuseram a criar revoluções imaginárias que em nada mudam a realidade, mas que a mídia apoia para dar um ar de (falsa) rebeldia.

Um exemplo de como a mídia trata o povo como imbecil, é ignorar o movimento Woke (esquerda abduzida), queimadas e responsáveis, bets (que é um crime organizado). Só falam em Venezuela, para dar continuidade à enfermidade da sociedade, que é uma sociedade cansada, infartada neurologicamente, sustentada a medicamentos para esquizofrenia, psicoses e bipolaridades!  Enquanto isso, espertos se vendem como antissistema (Bozo, Marçal) para que a mídia tenha escândalos programados.

A mídia nada informa, sua programação inibe a população de desenvolver um senso crítico, de cuidado com a natureza, do cuidado com o outro, de cuidar do outro.  A imagem é de comportamento animal, como se fôssemos bichos. Enquanto milhões de brasileiros são permanentemente ameaçados por insegurança física e alimentar, encontramos a mídia exercendo um domínio sobre a consciência do povo, ao controlar os discursos e as notícias a serem dadas, verdadeira simulação do fascismo. O Brasil teve nos últimos 6 anos um regime muito agressivo à democracia, e a mídia sustentou isso, de forma absoluta e corriqueira, quando apoiou unanimemente ao impeachment mentiroso e farsante da Dilma Roussef, ajudando a colocar na presidência da república um traidor bandido e, posteriormente, um torturador assumido e ladrão de toda sorte (imagina comprar 51 imóveis com dinheiro vivo, e de onde saiu tantas malas e malas de dinheiro?) , e até hoje tem milhões de brasileiros que defendem um ladrão de joias e defensor da tortura. Alguém questiona que o Inelegível é um torturador? Ele homenageou o torturador Ustra, na presença da vítima torturada Dilma, no dia do seu impeachment, homenageou Ustra, esse que foi o torturador dela, e, portanto, reincidiu o ato da tortura, e a mídia mostrou em rede nacional essa tortura e normalizou. A grande mídia criou Sérgio Moro e apoiou a gangue da Lava Jato, inclusive levando inocentes ao suicídio, como foi o caso do professor Concellier. Fez de Moro o paladino da justiça, e esse paladino foi Ministro da Justiça do governo fascista, mostrando que o Brasil é um país fascista ao colocar na liderança esses monstros. Nós só não sofremos um Golpe de Estado efetivo, no dia 08 de janeiro, porque Trump não foi reeleito, pois se o tivesse sido, ele apoiaria o comparsa ladrão de joias no golpe ditatorial. A mídia, através dessa gentalha, conseguiu numa pesquisa, que 44% dos entrevistados concluíssem que o Brasil é um país comunista, e o que fez esse povo ficar com uma mente imobilizada foi a falta de uma dialética no jornalismo. Nenhum capitalista que investe na venda de informação PAGA PARA OUVIR O QUE NÃO QUER!

Sabe por que os nazistas chegaram ao momento mais medonho da História? Porque a interpretação não foi feita! 

Lembremos que, numa pandemia, um presidente da república foi pra porta do palácio imitar uma pessoa morrendo de falta de ar. E a interpretação não foi feita! 

O FANTÁSTICO fez, no último final de semana, uma matéria sobre crime ambiental na Amazônia sem um nome sequer de fazendeiro ou de governador culpado. Parecendo que a natureza armou pra se queimar por ela mesma. A abordagem me lembrou a frase do Mark Ficher (“é mais fácil imaginar o fim do mundo, do que o fim do capitalismo”).

Toda essa massa jornalística estará ou já está psiquicamente escangalhada, pois esse grau de negação, aceitação desse capitalismo de catástrofe, um modelo neocolonial digital, destruindo os biomas, junto com queimadas controladas e mineração, destruindo nascentes e florestas, garimpo ilegal poluindo e matando tudo que corre pelos rios, agronegócio e fenômenos extremos criando um vodu climático e com uma tornozeleira geopolítica no Lula. 

Tem gente tacando fogo, e eles não mostram onde e quem foi, e nem quem são os mandantes porque a maioria são seus patrões, o agronegócio. Após a notícia construída, mostram logo a jornalista com informações do tempo, para produzir uma estranha NORMALIDADE. Quem ganha? O AGRO, com a notícia contra o governo, em seguida:  HOUVE ATRASO NA GESTAO DO GOVERNO. É isso, é disso que se trata, manipulação e articulação organizada, e olha que o Silas Malafaia avisou uma semana antes das sequências das queimadas: “O Brasil vai pegar fogo”. Qual a explicação cientifica para a bola de cristal do Malafaia?

Uma jornalista da Globo, na cidade de SP, disse ao ver voluntários salvando animais: "é bonito ver biólogos e bombeiros agindo juntos, não é bonito?" Esse é o jornalismo fofo que o povo desmiolado gosta. Os animais morrendo queimados em situação de dor extrema e a jornalista: "olha que lindo, não é fofo?".

Jornalismo de negação psíquica, então virá o universo mais tarde pra cobrar a disfunção cognitiva em forma de psicose, esquizofrenia, doenças mentais de toda ordem, pois não passaram de seres humanos com PONTOS no ouvido, para dizer o que o mercado queria que dissessem. 

Concluindo

Informação não é igual a formação. 

Nós somos a única espécie viva no planeta Terra que conspira para sua própria extinção. Você não vê nenhum outro organismo no mundo explorando seu habitat, a ponto de não conseguir viver nele, matando a si mesmo, se autodestruindo na magnitude como a gente faz. A estratégia de extermínio começa na mente, a mídia faz o servicinho sujo com tipos de abstrações mentais deletérias pra nossa espécie, nós esquecemos que o mundo natural não está sobre o nosso controle, num cosmo cheio de riscos que nós não controlamos e que a qualquer momento pode demonstrar estar incorreta a nossa tese.

(*) Colaboração Especial

LEITURA DINÂMICA

Imagem: IStock

Nas escolas de antigamente, os estudantes estudavam, sendo que a leitura de livros fazia parte do processo de aprendizagem. Daí, os estudantes tinham que ler muitos livros. Com o passar do tempo, pedagogos foram se apiedando dos pobres adolescentes, dispensando-os de atividades tão maçantes, substituídas por jogos e outras de lazer, que ninguém é de ferro. Estou falando isso porque, há pouco tempo, caí na besteira de publicar um livro. Achei que seria no ambiente escolar que iria encontrar a maior parte dos possíveis leitores. Desisti na primeira investida quando, ao abordar uma professora, ela, tapando a boca com a mão esquerda e fazendo um gesto de empurrar com a direita, falou:

- Que você me desculpe, mas tenho alergia só de ouvir a palavra “livro”.

Deixei pra lá, e os livros continuam empilhados lá no quartinho da dispensa de casa. Se, por um lado, minha experiência foi ruim, por outro foi boa. É que consegui realizar aquela tríade de objetivos da vida de um ser humano: plantar uma árvore (olha o dia da árvore aí, gente!), ter um filho, escrever um livro. Maktub!

Mas, voltando aos tempos de antigamente. Vendo que os estudantes viviam sobrecarregados com a tarefa de ler muito, alguém teve a ideia de inventar um curso de “leitura dinâmica”. Através dele, um livro, que iria gastar umas cinco horas de leitura, poderia ser degustado em pouco mais de cinco minutos, ao tempo das páginas serem passadas lentamente uma a uma.

Não cheguei a fazer um curso de leitura dinâmica, mas ela, a leitura dinâmica, chegou hoje ao meu encalço, e ao de todo mundo, com a Internet, os telefones celulares, as Redes Sociais. Porque hoje as notícias são digeridas pelas manchetes, que ninguém se dá ao trabalho de perder tempo, buscando saber e compreender os detalhes. Sendo assim, as manchetes são cuidadosamente elaboradas para que suas mensagens sejam prazerosamente engolidas pelos incautos internautas. Elas são apresentadas de forma axiomática, como se fossem verdades absolutas, a não permitir o mínimo de contestação. Daí, qual rastilho de pólvora, irão se espalhar pelas bolhas das redes sociais, fazendo seus estragos.

Vamos a um exemplo, que estou naquela fase de matar a cobra, passando atestado, e acredite quem quiser, que estou me lixando.

Vivemos o período pré-eleitoral, para a escolha de prefeitos, vereadores e parte de senadores. É uma época onde rola muito dinheiro, deixando muita gente de barriga cheia. Se, antes, a campanha ficava por conta dos “santinhos”, dos postes de luz (e dos “joões do poste”), dos cabos eleitorais e dos votos de cabresto, a coisa hoje sofisticou um pouco, caindo nas Redes Sociais. E o negócio passou a ser produzir notas curtas, os chamados “cortes”, para serem espalhadas pelos robôs. As redes de notícias irão dar o suporte logístico necessário.

Tivemos no domingo, dia 15 de setembro, um debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, produzido e transmitido pela TV Cultura. A certa altura, após sofrer várias agressões morais do oponente Pablo... (como é mesmo o sobrenome dele? Marçal, achei aqui anotado), José Luiz Datena foi em sua direção, agredindo-o com uma cadeirada. Na segunda-feira, fomos bombardeados com as repercussões do acontecido.

- “Marçal teve fratura na costela e está com braço imobilizado”, esbravejou a CNN, indo além do que disse, no momento, a assessoria do candidato Marçal (que levantou apenas a sus-pei-ta de fratura) e do que não disse o hospital;

- “Marçal fala sobre estado de saúde e dispara contra adversários após agressão em debate”, corrobora a Rádio Itatiaia, farinha do mesmo saco da CNN, tanto física quanto ideologicamente falando;

- “Datena dá seu show de horror. É grave! Pablo Marçal hospitalizado!”, repercute vídeo do YouTube, usando logotipo G1;

- “Pablo Marçal ganha seguidores nas redes sociais após agressão em debate”, arremata o Correio Braziliense.

Estando as mensagens subliminares das reportagens de jornais e revistas contidas nos seus títulos, já que quase ninguém vai se dar ao trabalho de ler seus conteúdos, é com base em leituras superficiais que as pessoas tiram suas conclusões e fazem seus juízos de valor. Daí, podemos dizer que estamos perdidos num mato sem cachorro, diante da avalanche de notícias falsamente produzidas e embaladas por uma mídia subserviente ao poder dos tubarões da Faria Lima, todos temerosos de que o controle político caia nas mãos de quem não atende diretamente aos seus interesses.

O saudoso Jô Soares dizia: “Se a propaganda é a alma do negócio, que nenhum negócio seja a alma da propaganda”. No Brasil, os poderosos pensam assim: “Por dinheiro, vendemos a alma ao capeta. E o povo que se dane”. E, felizes, vão abraçar os capetas em figura de gente, enquanto pastores e padres dão a bênção.

Etelvaldo Vieira de Melo