Estou me lembrando de uma notícia de 2021 falando da prisão
de uma mulher, após furtar alimentos avaliados em R$21,69 em supermercado de
São Paulo. A juíza responsável pelo caso negou por duas vezes sua liberdade,
até que um ministro do STF revogou a prisão, com base no “princípio da
insignificância”.
Enquanto a mulher em questão “comia o
pão que o diabo amassou” com o rabo, assistíamos a políticos terem processos
por roubo e afins arquivados, por graça de recursos e da chamada “vista ao
processo” (todos os crimes possuem prazo prescricional de 12 anos; o infrator
tendo mais de 70 anos, seu prazo passa a ser de 6 anos).
Em maio de 2023, Fernando Collor de
Melo, o “Caçador de Marajás” da Globo, foi condenado a 8 anos e 10 meses de
prisão pelo STF por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele
entrou com recurso e só será preso quando não houver mais possibilidades... de
recursos, ou seja, no Dia de São Nunca. Ao fim de tudo, como acompanhamento
para a pizza, é bem capaz dele receber uma gorda indenização por “danos morais”
(uma coisa que pobre não pode alegar, uma vez que nunca vi pobre fazer uma
coisa assim - requerer indenização por danos morais - e, mesmo se o fizer, o
valor pago não deve ultrapassar a quantia de R$10,00, que pobre não tem moral
para mais do que isso).
Tais exemplos servem como
ilustração para a fábula apresentada abaixo.
A GRALHA E A OVELHA (*)
Pousando sobre uma ovelha, certa gralha
começou a dar-lhe bicadas e a arrancar-lhe a lã.
Muito magoada, falou a ovelha:
- Você faz assim comigo, que sou fraca e
indefesa. Mas haverá de encontrar um cão, que lhe dará o pago, disso tenho
certeza.
- Não há perigo, pode anotar – respondeu
a gralha, gralhando risada. – Sei muito bem a quem devo respeitar e de quem
posso zombar.
Moral:
Assim parecem certos magistrados na
aplicação da lei: para alguns infratores, a reverência e o respeito; para
outros, o deboche e os rigores das penas.
(*) Releitura de uma fábula de Esopo
Etelvaldo Vieira de
Melo
1 comentários:
É isso mesmo! Confirma o ditado popular que diz que "a corda arrebenta do lado mais fraco". Que venha o Reino de Deus e a sua JUSTIÇA!
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