JOGRAL: A ESPERANÇA NOSSA DE TODO DIA

INGENALDO (IN) CINISVALDO (CI) REALISVALDO (RE) RISVALDO (RI) TODOS (TD)

IN: Nos tempos de antigamente, havia os deuses e havia os titãs.

CI: Titãs não é aquele conjunto de rock nacional, mas seres gigantes que habitavam a Terra; depois de uma discórdia com os deuses, foram derrotados em guerra terrível e expulsos dos céus.

RE: Como todos sabem, os céus são uma região situada acima do Monte Olimpo; é por isso que, de quatro em quatro anos, sua memória é reverenciada com a disputa dos Jogos Olímpicos, onde são eleitos os novos deuses dos esportes.

RI: Prometeu era um titã inconformado com a derrota para os deuses. Certo dia, ele teve uma ideia de vingança.

IN: Ele pegou um pouco de barro e deu forma ao primeiro homem. Para que a sua obra tivesse vida, foi necessário roubar um pouco da centelha do fogo divino.

CI: Para isso, contou com a ajuda de Minerva, deusa da sabedoria, que era muito generosa e ingênua, como você, Ingenaldo, e que não deve ser confundida com antiga marca de sabão em pó.

RE: (Vamos omitir detalhes da Guerra dos Titãs, os castigos que sofreram, a aventura de Prometeu nos céus, a história de Apolo e a explicação para o fato de que na África, até hoje, nascerem indivíduos queimados.)

RI: (Fazemos isso em atenção ao nosso leitor, cuja paciência não ultrapassa 20 minutos de tolerância.)

IN: Admirando sua obra, Prometeu disse: “Está aqui aquele que vai derrotar os deuses.”

CI: Júpiter, vendo aquilo, disse a Vulcão, arquiteto dos céus: “Faça algo que cause tanto trabalho ao homem e ele não encontre tempo para incomodar-me.”

RE: Vulcão pegou um tanto de barro e muitas centelhas do fogo divino e criou, com a perfeição de um deus, ... a primeira mulher . 

RI: Deuses e deusas se encantaram com a obra e lhe deram muitos presentes: beleza, afetação, bom humor, belas roupas, muitos pares de sapato, estojo de maquiagem, charme... inteligência... fluência verbal...

IN: Júpiter disse para a mulher: “Vá até Prometeu e diga-lhe que você será a sua esposa. Estou lhe dando um presente especial, que está embalado nesta caixinha, mas que só poderá ser visto no dia de seu casamento “  - E Júpiter mostrou-lhe um estojo em rica e decorada embalagem.

CI: Certo dia, estava Prometeu admirando a sua obra, quando viu, descendo do Monte Olimpo, a mais bela das criaturas.

RE: “Quem é você?” – perguntou Prometeu. Ela respondeu que se chamava Pandora, o que significa “todos os presentes”, e que vinha lhe trazer tudo de bom: beleza, saúde, alegria.

RI: Prometeu quis saber da caixinha.

IN: “Oh! - falou Pandora. – Trata-se de um presente de Júpiter e que só poderá ser aberta na noite de nosso casamento.”

CI: Prometeu não gostou de ouvir aquilo. Disse: “Pensando bem, não me casarei com você. Como seu trabalho foi muito em vir até aqui, eu a levarei até meu irmão, Epimeteu, e ele irá se casar com você.”

RE: Em grego, Prometeu significa “pensar antes” e Epimeteu, “pensar depois”. Daí, o ditado que diz: Quem pensa, não casa; quem casa, não pensa”.

RI: Pandora se casa com Epimeteu, com a promessa de jamais abrir a caixinha com o misterioso presente de Júpiter.

IN: Tudo correu bem durante certo tempo, mas houve o dia em que ela não resiste, depois de se perguntar: “Não está dentro desta caixa o melhor dos presentes?” Ela bem que não queria contrariar as ordens do marido, mas...

CI: Pandora abriu a caixinha e, imediatamente, saíram voando milhares e milhares de vespas que, ao se sentirem livres, se espalharam pelo mundo. Aquelas vespas eram todos os males que afligem a humanidade; a guerra, a fome, a pobreza, a inveja, a dor...

RE: Pandora, ao ver o que estava acontecendo, subiu sobre uma mesa e começou a gritar histericamente, enquanto agitava nervosa os braços. Ouvindo seus gritos, Epimeteu acorreu apressado e fez o que era sensato fazer: tapou a caixinha.

RI: Felizmente, a tempo a reter a última vespa a escapulir-se, a única digna de ser conservada na caixinha, um pequenino ser chamado...

TD: ESPERANÇA!

IN: Estamos terminando 2012, com milhares de vespas a espalharem dor e sofrimento sobre a humanidade.

CI: Existe a vespa da fome assolando milhões de pessoas, enquanto sobra comida na mesa dos abastados.

RE: Existe a vespa da falta de moradia para muitos, que tentam se esconder do frio e da chuva sob viadutos e marquises de prédios, enquanto outros moram em palacetes.

RI: Existe a vespa da violência e da guerra, linguagem universal para uma humanidade que ainda não aprendeu a usar da palavra “diálogo”.

IN: Existe a vespa da corrupção, que corrói consciências, destruindo valores e instituindo a lei da esperteza, com a honestidade sendo vista como sinônimo de ingenuidade.

CI: Existe a vespa das leis frouxas, que permitem conchavos a troco de poder, dinheiro e artimanhas judiciais.

RE: Todas essas vespas tentam enfraquecer e matar esse pequenino ser que carregamos e que se chama “esperança”.

RI: Mas ela irá resistir contra tudo e contra todos. Não porque sejamos...

IN: Ingênuos.

CI: Cínicos.

RE: Alienados.

RI: Ela resiste porque é o oxigênio da vida e nos permite acreditar no amanhã, apesar de tudo aquilo de ruim que conspira contra as possibilidades de ser feliz.

IN: Que, nesta passagem de ano, possa você reanimar a esperança que carrega consigo, uma esperança abalada, machucada diante de tantas decepções e maus exemplos. Não a deixe morrer, pois, quando morre a esperança, também morre todo sentimento de humanidade.

CI: Compartilhe a esperança, espalhe a ideia de que vale a pena ser honesto.

RE: Vamos, juntos, cuidar desse dom maior que é a vida.

RI: Juntos, vamos semear as sementes da alegria, da amizade, do amor.

TD: JUNTOS, VAMOS TRANSFORMAR ESSE CANTEIRO QUE É O MUNDO EM UM JARDIM DE FELICIDADE! FELIZ 2013!
FIM
Etelvaldo Vieira de Melo

2 comentários:

Unknown disse...

Caro Digisvaldo, seu blog é como um belo quadro onde se pintam palavras e idéias... que ora desviam nosso olhar para um canto, dada uma certa cor... ora arrastam nossos pensamentos em direções opostas ao comum. Taí, gostei de sua obra de arte. Eter-Valdo!

Fátima Fonseca disse...

Parabéns cronista!

Postar um comentário