Cidade-Jardim                             
Vou lhe contar uma história
que começa no feliz:
certa paisagem de Minas
(depois de expulsar os pobres
em 1701)
recebe povoamento
de João Leite da Silva Ortiz.

A Fazenda do Cercado
(primeiro nome de lei)
transformou-se em pouco tempo
no arraial do Curral Del Rey.

Em 1890
pelas várzeas, pelos montes
a princesa das Gerais
chamou-se Belo Horizonte.

O presidente da província,
Bias Fortes,
inaugurou a cidade. 

E a sorte 

Trouxe à luz uma menina
com nome tão engraçado
de Minas Horizontina.

Nas ruas de Belo Horizonte
se proibia vadiar
andar descalço
ou levar
embrulhos de qualquer tamanho.
Quem se julgasse mendigo
tinha número de inscrição
somente assim conseguia
esmolar sem amolação.

Havia o Manuel das Moças
Jaburu e Muquirana:
tipos muito populares
de verdade.
Hoje são estatuetas
Foto: APCBH/Coleção José Góesno Museu da Cidade.

         (Estoura a primeira greve
         em 1812 – uma loucura!
         O motivo do movimento
         eram atrasos – de quem?
         - da senhora Prefeitura!)

Anos 50, 60,
e a cidade vai crescendo                                      
sem parar.
Mas pela falta de praças
o povo só tem esquinas
onde se encontrar.

Belo Horizonte gigante
manifesta-se nas ruas
pela voz dos estudantes.
É aqui que se concentram
as lutas pelos direitos
constantes.

         - Nós vamos andar de bonde?
         O menino interrogava
         ao vovô.
         Mas, por causa do tumulto
         e dos engarrafamentos,
         o que era bonde acabou.

A vida é essa:
Subir Bahia, descer Floresta –
dizia Rômulo Paes.
E as gerações desde sempre
em frente do Café Pérola
entre amigos casuais.

Cine Theatro Commercio                                              
Cine Theatro Soucasseux:
onde está o que é passado?
Nosso primeiro prefeito
Doutor Adalberto Dias
Ferraz da Luz
é lembrança que o futuro
não traduz.

Mas o que é luz permanece:
o Barão do Rio Branco
primeiro Grupo Escolar
no presente continua
a ensinar.

E a rua da Bahia
onde as águas já rolaram
mais que em Três Marias
está lá e faz comércio
todo dia.

S.O.S. Ecologia!
As indústrias de mineração
depredam Belo Horizonte:
cortam árvores, cursos d’água
sem conta.
Nossa história continua                                     
para outros que virão.
Gostaríamos de contá-la,                                   
mas para isso é preciso
livrar o Curral Del Rey
da atual depredação.

Esta entrou no pé do pinto                                   
saiu no pé do pato
quem conhece mais da história                               Imagens: www.skyscrapercity.com
conta quatro.  

1 comentários:

´Mário Cleber disse...

Adorei - como adoro sempre as coisas que você escreve, Graça - a pequena e poética história de nossa querida Belo Horizonte.Precisamos espalhar esta história.
Cleber

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