Tenho
comigo, no rol de minhas lembranças periféricas, um caso ocorrido na realidade
dos fatos reais, e que não é fruto de fantasias do faz-de-conta, invenção de
quem não tem o que fazer. Como os personagens são verdadeiros de verdade,
temendo que um deles (ou os dois), estando eu passando pelas imediações do
cemitério, saia do túmulo e queira tirar satisfação, eu - que já não posso mais
levar um nisquinho de susto – vou tomar o cuidado de designá-los com nomes
fictícios para transcrever o que sucedeu entre ambos.
Estava
Liliu caminhando pelo meio de uma rua da cidade, carregando ao ombro um
embornal e empunhando com a mão esquerda uma vara, tal como se sucede com os
militares em desfile de 7 de setembro com os fuzis.
Liliu caminhava pelo meio da rua
porque, naquele tempo, rua era feita para isso mesmo: para as pessoas
transitarem, e não como acontece hoje, onde o pedestre mal consegue se deslocar
pelo passeio.
Estava, pois, Liliu caminhando
pela rua quando, da janela de uma casa, Gidinho o avistou e gritou:
- Liliu, você está indo pescar?
Ouvindo o grito e julgando ter
entendido o significado, Liliu respondeu:
- Não, Gidinho, eu estou é indo
pescar!
- Ahhh – falou Gidinho -. Eu
achei que você estivesse indo pescar.
Uma das revistas que tenho à mão,
quando abro em meu cérebro uma das caixas vazias - o que ocorre, nesse caso
muito regularmente, uma vez por dia – mostra em sua página 31, do dia 08/02/2012,
uma sessão chamada Toma Lá Dá Cá (Revista
Isto É ). Pela propriedade do tema,
vale transcrevê-la:
MIRO TEIXEIRA, DEPUTADO FEDERAL PELO PDT- RJ
ISTO É – Por que o senhor defende um plebiscito sobre a
reforma política?
MIRO – Acredito que o eleitor olhará com desconfiança
qualquer projeto que seja feito por deputados e senadores. Pensará que os
políticos estão cuidando da própria pele e tornando o caminho mais fácil
para se eleger.
ISTO É – Mas os eleitores terão capacidade de escolher o
melhor sistema eleitoral? Esse não é um tema muito técnico?
MIRO –
Haverá um período de debates no qual a imprensa vai exercer um papel
importante. E o TSE também vai atuar na elucidação das dúvidas.
ISTO É
– O Congresso aprovará sua proposta de plebiscito?
MIRO – A proposta está ganhando muita
força. O vice-presidente Michel Temer
já declarou apoio em nome do PMDB. E o PR e o PTB também.
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Ah, deputado, se o senhor tivesse o dom da premonição teria se empenhado
ainda mais para que o Congresso aprovasse sua proposta! Viu o que deu? O povo,
através da voz dos jovens e que é a voz da Esperança, mostrou nas ruas que está
cansado de tanta roubalheira, de tanta impunidade, de tanta corrupção. Esse
Congresso acha que ainda estamos na época do “jeitinho”, de que dá “pra empurrar
com a barriga”, que nos esquecemos facilmente das coisas. Foi isso que pensei
ao ler declarações do próprio Michel Temer, aquele que prometeu apoio à sua
proposta, dia 04/06/2013, logo após uma reunião de lideranças políticas: “Não há mais condições
de fazer qualquer consulta antes de outubro e, não havendo condições temporais,
qualquer reforma que venha, só se aplicará para as próximas eleições”,
disse Temer, após a reunião. “O que é
inexorável tem que ser aceito”, ressaltou ele, ao informar que a base
aliada do governo no Senado será ouvida ao longo do dia.
De tudo isso, eu depreendo que os sistemas
Político e Eleitoral que aí estão existem para favorecer quem está lá dentro e
aos seus sucessores, como acontecia nas Capitanias Hereditárias, com tudo de
ruim e errado que podemos imaginar: corrupção, impunidade, corporativismo,
desperdício do dinheiro público e por aí afora; que a Grande Imprensa também se
locupleta, tira vantagem da situação, quando o povo é convocado, a cada dois
anos, para encenar a farsa de uma eleição de cartas marcadas, e ela vende
espaços nos jornais, revistas e tevês. Todo mundo leva sua cota de vantagem: os
políticos, a imprensa, os empresários, as agências de publicidade e de pesquisa
de opinião. Todo mundo, menos o povo que, agora, em junho, resolveu mostrar a
cara para dar um basta nessa desordem e dizer que, daqui para a frente, o
Brasil nunca mais será do jeito que era. Em junho, o Brasil virou uma página,
com o povo mostrando ser ele o personagem principal da História, e não mais a
classe política, os juízes e as lideranças religiosas.
Quando das manifestações, eu ficava
imaginando um possível diálogo entre povo e políticos, nos moldes de um Diálogo
de Surdos:
- Queremos hospital!
- Sim, o Brasil precisa de estádio
de futebol.
- Estou cansado de tanta corrupção!
- É isso, vamos todos torcer pela
seleção.
- Padrão FIFA para a segurança da
população!
- É verdade: político só chega perto
de povo em véspera de eleição.
- Cadeia para os ladrões!
- Salve, salve a Copa das Confederações.
- Queremos transporte, saúde e
educação!
- Numa corrente pra frente pro
Brasil ser campeão!
Etelvaldo
Vieira de Melo
1 comentários:
Uma ironia bem humorada contra estes políticos burros e corruptos. Mas se é corrupto não é burro...Chamemo-los de burrúptos.
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