Pequenos fatos, aparentemente
banais, toda hora, chamam nossa atenção para os perigos do sectarismo
dogmático.
Eu
explico: Dias atrás, andei fazendo algumas considerações desabonadoras sobre o fato
de terem umas meninas espalhado pelos postes avisos de procura de uma cadela
chamada Nani.
Ontem,
entrando numa loja de pet-shop, vi, fixado na parede, um novo aviso, dizendo
mais ou menos assim:
PROCURA-SE NANI DESESPERADAMENTE
E o novo panfleto prometia uma generosa
gratificação para quem desse notícia da cadela.
Engana-se quem pensa que achei graça ou
ironizei aquilo. Desta vez, foi meu coração que doeu e algumas lágrimas
teimaram em cair pelo meu rosto.
No intervalo de tempo entre os dois avisos, acerca
de doze dias, aconteceu que minha filha ganhou de presente um cão da raça
Yorkshire Terrier. Tratava-se de uma fêmea. Veio com o nome de Violeta, mas
logo a apelidamos de Vivi. Estava com três meses de vida, pesava 890 gramas,
cabia na palma de minha mão e todos de casa nos apaixonamos por ela.
Ela é muito brincalhona, medrosa, mas
atrevida, gosta de focinhar tudo que encontra pela frente e, quando recebe uma
reprimenda por fazer algo errado, fica olhando para a gente com olhos inocentes
e tristes.
Minha filha equipou a casa com todos os
apetrechos produzidos pela indústria canina, procurando atender às exigências
de proporcionar ao nosso melhor amigo todo o conforto e toda comodidade.
Deixando de lado a questão financeira, onde
poderia ser considerado que criar certa espécie de animal de estimação pode ser
mais caro que criar um filho, quero considerar que a presença de um animal
assim em casa pode nos tornar pessoas melhores. Vocês mesmo poderão observar
como meu coração se tornou mais sensível e afetuoso depois que passei a
conviver com Vivi.
Divagando sobre o tema, dois assuntos chamam
minha atenção.
Primeiro, quando aquele político falou que
aquele outro político despertava nele os mais baixos instintos, isso aconteceu
porque o outro não estava com um Yorkshire nas mãos. Se estivesse, os
sentimentos daquele seriam de ternura, carinho, amor.
Segundo, de uns tempos pra cá, o povo
brasileiro anda muito nervoso, qualquer coisinha é motivo de manifestação e
quebradeira. Está na hora do governo criar mais um programa social, que poderá
receber o nome de “Meu cão, minha paixão”. Um cãozinho Yorkshire pode ser doado
para cada família, juntamente com o bônus “ração popular”. As famílias seriam
orientadas para educar os animaizinhos a fazer suas necessidades fisiológicas,
sem maiores traumas para uma das partes. Não sei, mas talvez aquele experimento
de Pavlov sobre reflexos condicionados possa ser utilizado.
Estou fazendo essa divagação toda, não
querendo falar algo necessário. Ontem, Vivi começou a passar mal, com vômitos.
Ela foi encaminhada a um hospital veterinário, chegando a fazer exame de
tomografia, com suspeita de perfuração intestinal. Hoje, pela manhã, um vazio
imenso veio tomar conta de mim, uma saudade danada já aperta meu peito: o
coração de Vivi, do tamanho de uma bolinha de gude, não resistiu e ela morreu.
Etelvaldo Vieira de Melo
3 comentários:
Eu acredito na sua transformação, a partir do momento em que Vivi passou a conviver com vocês. Eu experimento, aos meus 68 anos, uma experiência nova diante da qual, em tempos idos, torcia o nariz: caminho todas as manhãs com Dior,
o meu cãozinho Shitzu. Aliás, ele está me oportunizando fazer uma leve caminhada matinal ,que com certeza está me ajudando na qualidade de vida além de dar a ele a oportunidade de fazer seu cocozinho e mijadinha básicos mais confortavelmente, deixando sempre limpo o seu ambiente onde permanece o maior tempo de seu dia. Ah, não me esqueço de levar um saquinho, colaborando com o maio ambiente e com a mobilidade das pessoas. Com certeza, sua casa tem novo ou nova moradora... Vicente
"Meu cão, minha paixão", excelente projeto a ser levado ao plenário do Congresso. Não poderia deixar de fazer também este comentário. Concordo com o cronista quando diz que a presença de um animal em casa pode nos tornar pessoas melhores, deixando de despertar em nós os mais baixos instintos. Somos testemunhos vivos disso, não? Eu, de novo, Vicente de Melo
Boas sugestões. Os cães nos tornam mais sensíveis quando nos apegamos a eles.
Prof. Marcos
Postar um comentário