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Nênia, 93
perdeu ontem a filha
Eros, 42.
Foi de repente, no entanto,
a família está lá embaixo,
no andar térreo,
se alegrando e comendo
como sempre faz,
nas boas e más horas.
Os mesmos que estavam
velando a bela,
no cemitério,
se reúnem agora, no dois de novembro
para festejar a vida.
Daqui de cima
ouvem-se as histórias
que os filhos contam
à boa velhinha.
Talheres batem nos pratos,
cadeiras dançam na área.
São todos um só corpo
em torno da mãe,
avó, bisavó da carochinha.
A morte ficou longe,
nas terras do Bonfim.
Ninguém a trouxe
na roupa ou nos pés.
Eros dorme
profundamente
enquanto dona Nênia
ri do mistério
que já não há.
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