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Estou aqui, florindo, apesar de tudo.
Ele nem me vê, cortando com pressa
o sinal vermelho.
Seu rosto é uma nuvem
sem chuva.
A cabeça inquieta
é difícil de parar.
Ele se denomina racional,
mas não sente que é domesticado
pelo Sistema.
Lá vão os seus passos
nunca fixos nos lençóis d’ água.
Faltam-lhe o ar puro e o ouvido,
sempre olvidados.
Ao corpo, não surgem galhos,
pois as mãos e as pernas
caem, desfolhados.
Não lhe nascem raízes,
nem é frondosa a árvore genealógica.
Os seus perfumes
cheiram a óleo e a gasolina.
Os cabelos, desmatados,
não brilham o meu verde,
e as estrelas dos olhos se apagam,
sem firmamento.
No entanto, é jovem,
tal um vento de outono,
no bosque dos ancestrais.
O tronco é rugoso
e tomba para a frente,
sem querer dar frutos.
O que é do silêncio,
que em mim mantenho?
A voz lhe buzina,
mesmo sendo sozinho.
E sua mente desova
ninhos vazios.
É o homo sapiens,
rei das plantas e dos animais.
No mais, leva o floema
do computador.
Segue procurando
a minha fotossíntese,
que nele não há.
Vai-lhe a sombra correndo,
descolorida,
atrás dos sinais.
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