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Até
onde for possível
quando
acordar toda manhã
ao
ver o Sol ou a chuva a cair
quero
dar graças pela possibilidade
de
viver mais um dia feliz
até
onde for possível.
Até
onde for possível
ao
me ver no espelho
quero
rir, rir de mim mesmo
que
a vida não é de se levar tão a sério
que
há de se ter leveza
até
onde for possível.
Até
onde for possível
que
eu continue com minhas esquisitices
como
ter medo de bicho assombração
olhar
debaixo da cama temendo um ladrão
testar
a fechadura da porta um tanto de vez
até
onde for possível.
Até
onde for possível
quero
me desocupar de coisas demasiado sérias
quero
ter animadas conversas com o cão lá de casa
chorar
sem vergonha com uma cena emocionante
e
tomar sorvete sem sentimento de culpa
até
onde for possível.
Até
onde for possível
quero
ser simples
correr
das coisas complicadas
das
pessoas arrogantes e que se acham
quero
cultivar as alegrias do dia a dia
até
onde for possível.
Até
onde for possível
quero
crer na honestidade
quero
ser autêntico, ser eu mesmo
quero
ser livre
quero
ter respeito pelo outro
até
onde for possível.
Até
onde for possível
quero
acreditar no meu país
na
esperança de que os políticos tomem jeito
que
a prosperidade e a paz venham para todos
e
que o povo todo possa ser feliz
até
onde for possível.
Até
onde for possível
ainda
haverei de acreditar no amor
na
possibilidade de amar e de ser amado
sabendo
que ele é uma força poderosa
e
que reafirma a esperança do mundo novo
até
onde for possível.
Até
onde for possível
tudo
isso faz parte de meu viver.
Sei
que um dia tudo vai desaparecer
e
quando esse dia chegar
quando
cada um desses bens me deixar
aí,
sim, irei morrer, deixarei eu de ser possível.
Etelvaldo Vieira de Melo
1 comentários:
É sempre bom acreditar na possibilidade. O projeto divino não se esgota com a morte física. A mente trabalha fora do corpo físico, assim, as possibilidades vão além do que fazemos e pensamos. Mas enquanto vivemos aqui, crer que tudo é possível, acalma, aquieta, relaxa, transforma e orienta. Poema interessante, reflete a inquietação normal do ser humano que normalmente vê a finitude como algo natural. Mas não é. O amor não morre, a esperança não morre nem desaparece porque somos seres transcendentes, carregamos dentro de nós o divino, o paraíso, o sem-fim. Quando concordamos com o que não pode ser mudado ou corrigido, praticamos o que se chama de meta-amor e estamos em sintonia com algo muito profundo, que vai além da compreensão humana.
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