FÁBULA NEBULOSA: O PREÇO DA AMBIÇÃO

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FÁBULA NEBULOSA 27: O PREÇO DA AMBIÇÃO (*)

            Era sabido por todos os moradores da Vila Paraíso que o senhor Waldomiro tinha o apelido de Espingarda, por causa de sua mania de soltar “pum”. Nos seus tempos de juventude, não havia torneio de “pum” em que ele não fosse o vencedor. Prova documental do que estou falando são os inúmeros troféus, carinhosamente distribuídos sobre a estante da sala de visitas de sua casa.
            O tempo foi passando e os “puns” do Espingarda foram se arrefecendo. Hoje, já passada a fase dos se senta, está ele se tentando, se tenta uma melhor sobrevida possível. Para tal, atira pra tudo quanto é lado (a expressão é usada aqui em sentido figurado), buscando auxílio onde pode e onde imagina que pode.
            Para começar bem o dia, ingere em jejum um copo de suco de limão puro. Assim, acredita que estará imune para as desavenças que poderão vir pela frente, por mais azedas que sejam.
            Foi isso que confabulou a galinha Francisca para a sua sobrinha Deucileia. Disse mais:
            - Prepare-se, minha querida, agora que você entrou na fase de botação. Esse homem, seguindo orientações de seu guru nutricionista, quer comer uma dúzia de ovos por dia. Como somos seis galinhas aqui em seu galinheiro, e como cada galinha só dá conta de botar um ovo diário, não sei como ele vai se arranjar para atingir a dúzia.
            O que Waldomiro fez foi alimentar as galinhas com uma ração em dobro, com a esperança de que cada uma retribuísse com a postura de dois ovos. Mas o “tiro saiu pela culatra” (em sentido figurado, novamente): ao invés de botarem os dois ovos diários, as galinhas, Francisca e Deucileia inclusas, tornaram-se gordas e preguiçosas, pararam de botar.
Moral:
Vale para os ambiciosos: cedo ou tarde, acabam vítimas da própria ambição.
(*) Invento e/ou leitura/releitura de Fábulas Universais
Etelvaldo Vieira de Melo


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