Minha parceira de blog disse que estava
sofrendo com uma crise de alergia, por causa da reforma que estava sendo feita
em seu apartamento. Comentei que poderia ser por causas dos produtos tóxicos
que ali eram usados. Empreguei o termo “tóxico” pronunciando “tóqssico”. Ela me
corrigiu: - Pronuncia-se “tóssico”, com som de dois esses.
Fiquei injuriado (com o Português) ao
ouvir aquilo. Tenho dificuldades com a pronúncia de palavras (“restorante” ao
invés de “restaurante” é um exemplo). Sei que devo cometer muitos deslizes
fonéticos e de concordância.
O texto abaixo é uma maneira que
encontrei de mitigar toda essa minha dificuldade: está escrito em conformidade
com a fala, com as consoantes só valendo em seu sentido original. Assim, por
exemplo, o “C” só terá valor como “cê” (de cebola). Quando tiver valor de “k”
ou de “q”, estes serão usados. O “h” será descartado, só aparecendo nos
encontros com “l” e “n”. Outros detalhes poderão ser percebidos ao longo do
texto. Mais importante: espero que esta fórmula tenha facilitado seu trabalho,
estimado Leiturino, razão maior de todo esse meu esforço criativo.
Vale
quanto peza. Este era o nome de uma marka de sabonete qe fazia muito suseso nos
tempos de antigamente. Fazendo jus ao nome, era um sabonetão, durava toda vida,
até akabar. Melhor do qe ele, só mesmo um outro, EuKalol, qe tinha o atrativo
de oferecer figurinhas para serem kolecionadas. Não sei se pelo fato das pesoas
de então ezalarem seus xeiros naturais, não sei se pelo fato do sistema olfativo
da époka não estar kontaminado por tantos aromas, o certo é qe ambos os dois
(sabonetes) tinham xeiros bem agradáveis.
Komo
diria o velho Kafunga (um konhecido, você não tem obrigasão de saber qem foi),
a modernidade veio trazer uma inversão de valores, o certo se tornando errado.
Se, antigamente, um produto tinha qe pezar muito para valer muito, oje, o
produto tem que pezar pouco para valer cada ves mais. É isso qe observo eskrito
na embalagem de biskoito qe degusto no kafé matinal: - qonteúdo reduzido de 200
g para 180g.
É
difícil, como averia de dizer um amigo. Nem dá para qomparar presos, tal a
diversidade de pezo e de medida entre produtos afins. Ce a gente for kolokar os
centavos dos valores das merkadorias, aí noso cérebro vai entrar em parafuzo de
vês.
Iso
aqontese qomigo regularmente, nas vizitas que faso regularmente aos
supermerkados. Ce vou qomprar uma lata de ervilha, por ezemplo, gasto um tempão
qomparando os presos das diferentes markas. Depois, ao escolher uma de melhor
valor agregado (gastando meu ekonomês: uma ‘nem tanto ao mar, nem tanto à
terra’, de marka qonhesida i qom preso razoável), tenho ainda qe verificar ce u
pezo i o volume qorrespondem ao da maioria. Finalmente, uzo o tato para ver se
não aprezenta nenhum amasado na bundinha.
Este é
o ezemplo do qe ocorre na kompra de uma mízera latinha de ervilha. Komo,
normalmente, a qompra gira em torno de 40 ítens, xega a aqonteser de eu fikar o
dia todo dentro do supermerkado. Mas não reclamo, não: cei qe, a troqo de
alguns centavos de ekonomia, estou fazendo um bem maior pra mim mesmo,
ezersitando o cérebro, afugentando a vizita do doutor Alzaimer.
Etelvaldo Vieira de Melo
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