O LIVRO ENLUARADO


 Li o livro As fases da Lua, Editora Miguilim, comprado por papai na Livraria da Rua.  Ele é muito engraçado, porque Cíntia doida conversa com os amigos astros sobre suas fases apertadas na vida.

Algumas vezes, está largada do serviço de casa. Come, come, come, engorda, engorda. Fica Cheia, bochechuda, feia, a Diana, e abre o bué, pois o povão da Terra enche demais e a mais o saco de pesquisa global. Um sujeito chamado Eça (essa é muito boa!) danou-se ao cortejá-la:
“(...) poucas luas tinham   passado, quando...”.
Maria Lua nem ligou.
Então, o Livro do Queirós entristeceu, enrugou, perdeu as folhas, sem princípio nem meio. Só ficou o amargurado título Últimas Páginas. Uai, fai! - um engano plural. Por que eu citei uma única página 269?
Talvez o expliquem Viagem ao redor da lua/ Da terra à lua (Júlio Verne), O fogo sagrado (Michael Collins, O que o espaço me ensinou sobre talento, determinação e desafios (Chris Hadfields).
Bobagem! O filme Uma viagem à lua (George Mélies) mostra cenas reais de sexo orbital, colega. Preste atenção no que está lendo! Artêmis tem luneta eletrônica pra notas baixas. 
Ajude-me   no voo, abaixo o videogame.  Acelere o controle da nave, continue a digitar.
Certo. Enfim, a vaidosa resolve operar a barriga, os mamá, a cabeça... e o quê?
(Google, Google! Cientistas e grandes computadores em 2014 acharam-na jovem, jovem: pode ter-se formado cerca de 95 milhões de anos depois do sistema solar, cerca de 70 milhões de anos mais tarde do que previam. Hoje, calcula-se a idade da criança em cerca de 4,47 bilhões de anos.).
Cirurgia plástica, botox, preenchimento, botulimiques, olha a lelé da cuca Nova em folha. Convencida, coquete, chicrete, a top model vaga, lume, lumivaga sem topar infinitos.
Vaivém desfilando na passarela celeste maquiada que nem palhaço do Circo Ovo. Se alguém passa e a/mola - um elefante amola muita gente, dois elefantes
amolam amolam muito mais -, bufa, estufa, e sapeca poeira cósmica no aéreo caos:
- Viu, pedra de pia? Eu já sou Crescente. Nesses nanoscópios, você vê um quarto de mim, mas o que vem de baixo não me atinge. Nem mesmo formigueiro da NASA!
Piorando a situação, lá vem o povo poeta porreta chaleirando esta xodó charmosa xamã. Loucos varridos pro lixo. Xô!
Lua de São Jorge (Caetano), Para ir à lua (C. Meireles), O poeta e a lua (Vinicius), À luz da lua (A.Nobre), O luar quando bate na relva (A. Caeiro/ F. Pessoa), Lua nova (M. de Assis), Noite luarenta (Antônio Gancho). Lua Branca (Chiquinha Gonzaga) com cedilha ao som do pagode no videogame.
Just dance/ Just dance. São 29,5 dias menstruada. Quem aguenta noivar assim?
“O sol pediu a lua em casamento.” – opina o cantor/compositor Arnaldo Antunes.
Mas o astro rei, com todos os seus planetas, cometas, asteroides, Terra, Marte, Vênus, Netunos e Uranos, foi se apaixonar justo por ela, que o despreza e o deixa esperar a novela alunissou – cara, mó lua de 40 graus! – Lucina alucinada em Luanda. Miriveja, Luan. No Mês Lunar, a danada pira de vez. É o período Sideral porque a safadinha fica ´siderada´ da silva em cima da motoca. Começa a rodar em volta de si mesma loucamente até não dar pé. Ainda bem que nega maluca roda, roda, e rodando fica tonta feito gambá. Aí, não tem jeito.
Desmaia no vigésimo terceiro dia pra tristeza de quem vinha gingando e bebendo
cachaça por ela em Marte, Vênus, Saturno.
Ah, ah, ah. Que notícia no Jornal! Motoqueiro aluado devora aluá e viola.
Viola em frente à lua (Teodoro e Sampaio), Viola de lua
(Luciano Queiroz, Lua (Paulinho da viola), Minas da lua
(Pereira da viola).
Serenata x Poema em Lua de mel
Cecília Meireles: Tenho fases, como a lua. / Fases de andar escondida/ Fases de vir para a rua. / Perdição da minha vida! / Perdição da vida minha! / Tenho fases de ser tua, / tenho outras de andar sozinha.
Antônio Nobre: A Lua-a-Branca, que é tua avozinha/ (...)/ E dava-te um aspecto de velhinha.
Alberto Caeiro (F. Pessoa): O luar quando bate na relva/ Não sei que cousa me lembra. / Lembra-me a voz da criada velha/ contando-me histórias de fadas.
Antônio L. Vieira: Leve, leve, o luar de neve/ goteja em perlas leitosas/ o luar de neve e tão leve/ que ameiga o seio das rosas.
João de Deus: Oh doce luz! / Oh lua! / Que luz suave a tua, / E como se insinua/ Em alma que fluctua/ De engano em desengano!
Antônio Gancho: Noite luarenta/ noite a luarar/ Noite tão sangrenta/ Noite a dar a dar/ Na chaminé das planícies (...).
José S. Naud: Fruto de solidão/ preso à fronde do vento, / lua, tu nos dás/ a medida do eterno.
Manuel Bandeira: Não pensem que estou aguardando a lua cheia/ - esse sol da demência vaga e noctâmbula. / O que mais quero, / o de que mais preciso / é de lua nova.
The End. Sossega o Latim.
Eu queria te dar a lua, porém pintada de verde-amarelo.
O livro novo da Miguilim lançou a pelota. 7x1.  Zagueirei, chutando de pé alto. Meio de campo, mandei a ‘sôra de Geografia e o conceito Excelente pro meio da rede. Goool!
Não sou bobo, luau. Perdeu por zero, babau.
Graça Rios

PONTO DE VISTA

Muitas vezes o essencial é tão simples que se desmancha na água -- e as crianças sabem disso.
Ivani Cunha

AGROTÓXICO, AGRONEGÓCIO, AI DE NÓS

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Imagem: ocantodobemtevi.blogspot.com

O presente texto não atende plenamente aos cuidados que cobro de meus escritos: 1) que sejam bem redigidos; 2) sejam de leitura fácil e agradável; 3) tenham conteúdo; 4) que sejam leves e bem-humorados. Por causa do seu tema venenoso, estará faltando o tempero do bom humor.
Tudo começou quando, feito cachorro vira-lata em busca de osso, eu estava rolando os portais de notícias da Internet em busca de algo interessante. O que será descrito a seguir será um extrato do que li nos canais Deutsche Welle e UOL Notícias, do dia 15/04/2019.
Segundo o jornal alemão, o Ministério da Agricultura brasileiro libera mais 31 agrotóxicos, 16 considerados extremamente tóxicos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em 100 dias de governo Bolsonaro, o ministério já deferiu o registro de 152 agrotóxicos. Para a ministra da pasta, Teresa Cristina, agrotóxico é “remédio para as plantas”. Segundo ela, a intoxicação se dá em pequenos agricultores, com o uso incorreto de pesticidas. Para a “Musa do Veneno”, apelido que recebeu quando deputada federal, os processos demorados para aprovação de ‘defensivos agrícolas’ atrasam o agronegócio. Ou seja, em palavras nuas e cruas: é preciso liberar os agrotóxicos primeiro para ver o que acontece depois; daí, vamos ver: se matarem ou produzirem sequelas, poderão se revogados (aí, sim, após demorados processos de investigação, com direito a julgamentos em instâncias superiores, cabendo até mesmo recurso de foro privilegiado).
Segundo a Associação Brasileira da Saúde Coletiva, o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Nossas autoridades podem comemorar esse honroso título. Entre os produtos mais vendidos estão agrotóxicos proibidos na União Europeia, devido à alta toxidade, como o herbicida PARAQUAT e o inseticida ACEFATO. Já o GLIFOSATO, apontado como causador de câncer em julgamento na Califórnia, segue permitido no Brasil.
No portal UOL Notícias: levantamento (elaborado por Repórter Brasil, Agência Pública e organização suíça Public Eye, com base em dados do Ministério da Saúde) aponta que cada 1 a cada 4 cidades brasileiras tem água contaminada por 27 tipos de agrotóxicos. No período de 2014 a 2017, as empresas de abastecimento de 1.369 municípios detectaram TODOS os 27 pesticidas que são obrigadas por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela ANVISA como extremamente ou altamente tóxicos e 11 são associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas.
(Estou vendo que terei continuar invejando o que assisto nos filmes americanos, pessoas bebendo água diretamente das torneiras.)
Os dados apresentados no levantamento só não são mais alarmantes porque, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 (53%) não realizaram testes nas suas redes de abastecimento entre 2014 e 2017.
Tempos atrás era corrente o ditado que dizia: “O que é bom para os Estados Unidos também é bom para o Brasil”. Nessa questão de herbicida, fungicida e inseticida, devíamos ficar com esta proposição: O que é bom para a União Europeia e para os Estados Unidos também é bom para o Brasil (o Paraquat, por exemplo, é proibido em seu país de origem, a Inglaterra, e até na China, maior produtor mundial do produto).
Diante do que foi exposto, você poderá perguntar: - E daí? O que está querendo com essa lamentação toda? Quer fazer terrorismo, criando um alarme inconsequente?
Não é bem assim. Você precisa saber: quando li estas notícias, me senti como um policial que, tomado por um sentimento de intensa emoção, sai disparando tiros. Assim estou, atirando estas palavras depois de ler o que eu li. Uma parte dos tiros, no formato de e-mail, vai para os políticos em quem votei nas eleições passadas.
Exmo. Sr. (Vereador/Deputado/Senador):
Causa indignação a maneira irresponsável como a saúde pública é tratada em nosso país, com a liberação indiscriminada de pesticidas, muitos deles comprovadamente nocivos e proibidos em outros países.
Sendo assim, venho, muito respeitosamente, cobrar de vossa excelência um posicionamento firme diante de todos os desmandos que atentam contra a saúde do povo brasileiro, fazendo valer seu poder e força política, notadamente nessa questão dos agrotóxicos.
Esperando receber notificações de seu gabinete.
Atenciosamente, seu eleitor.
                      ---------------------------------------------
(Nome / Número Título Eleitor)
Que tal, Leiturino? Concorda com este tipo de providência? A petição está escrita em termos claros e precisos? Tem alguma outra sugestão?
Finalizando, só mais uma citação da Ministra da Agricultura, Teresa Veneno Cristina. Em audiência na Câmara dos Deputados, ela afirmou que os brasileiros “não passam fome porque temos manga nas nossas cidades”. Vivendo e aprendendo, está aí uma coisa que eu não sabia. Este governo está se revelando deveras frutífero: antes, tivemos a projeção da goiaba; agora, é a vez da manga. Daqui a pouco, teremos o abacaxi, se já não o temos.
Etelvaldo Vieira de Melo

ELAS ESTÃO DESCONTROLADAS!!!


Primeira parte.                                         
Primeiro sinal.
O serial killer, escondido no escuro, espera a moça atravessar o quarteirão.
(Desdêmona sofre súbito insight mortal. Otelo, o Mouro de Veneza, provará sua inocência? No filme, não.).
Grita, donzela! Grita.
Os acusados se desligarão da tevê? É caso de dolo? Corrupção política? Explosão em Banco de Dados?
Segunda parte.
Segundo sinal.
O assalto revela vários tiros seguidos de estupro.
Projéteis ignoram quem é vítima? Quem seria serial: Lady Gaga? Shakira?
Brad Pitt? Nelson Rodrigues? Pixinguinha?
(Attention, pay attention! Moradores próximos ao crime já descem de elevador.
Colega de transmissão, por que subiram logo em seguida? Envolvimento policial? Ameaça de processo jurídico? Abuso sexual de atriz americana?).
Terceira parte.
Último sinal.
Enfim, DEENDA a peça com alguém da plateia lavando as mãos.
Será Lady Macbeth? O Corcunda de Notre Dame? A Dama e o Vagabundo?
A minute, please! A morta sem espelho (cadáveres nunca têm a imagem refletida em superfícies cristalinas); a morta sai no camburão, vestida de noiva.
Pessoal do som, seguir o roteiro. Após a derradeira cena, comparecer à delegacia para denunciar nossa produção por crime de peculato.
FIM.
Graça Rios

QUE BELEZA!

Esquisitices sobre Narração de Futebol (I)
Ivani Cunha

CRONISTA CONSULTA OFTALMOLOGISTA QUE DÁ UMA DE CRONISTA

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Quem quiser ser um cronista no mínimo razoável precisa sair, conhecer pessoas e novos lugares; caso contrário, estará falando sempre o mesmo das mesmas coisas. Este foi o conselho que Eleutério S.J. ouviu do amigo J.D. Vital.
Uma vez ou outra até que Eleutério sai, indo fazer suas tradicionais consultas médicas. Na sua lista, algumas especialidades são regulares, “marcando ponto” pelo menos uma vez ao ano: cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia (está aí uma das vantagens de se dizer as coisas por escrito em vez de oralmente) e urologia. Para essa última vale a máxima “nunca deixe para amanhã o que poderá fazer, talvez, depois de amanhã”, isto é, Eleutério vai adiando, “empurrando com a barriga” (expressão cuja origem preciso investigar).
Hoje, foi nosso amigo fazer uma consulta com o doutor oftalmologista, famoso, conhecido internacionalmente - segundo suas próprias palavras, de muitos títulos (títulos que ele espalha pelo consultório em formatos de quadros de diplomas e honrarias).
Empenhado em encontrar subsídios para suas crônicas, Eleutério não pensou duas vezes para puxar a língua do doutor, ele que gosta de contar casos e arrastar/arrotar um pouco de vantagem.
Da consulta em si, Eleutério ficou sabendo que sua visão não está 100%, que tem um princípio de catarata, tudo coisa da idade, a que ele deve se conformar. Quanto à dificuldade em fixar a vista para o que está perto, ela pode ser resolvida com um colírio lubrificante, com o doutor oferecendo, graciosamente, duas amostras grátis.
Para assuntos outros, bastou a pergunta “E aí, doutor, tem viajado muito?” para que esse destravasse a língua.
- Acabei de chegar da Austrália. Estive em Melbourne, onde participei de um congresso.
A partir daí, a conversa girou em torno de informações turísticas. Assim, Eleutério ficou sabendo que:
- Melbourne, já há 7 anos, está em primeiro lugar entre as melhores cidades do mundo para se viver;
- Ali, qualquer restaurante ou bar é obrigado a oferecer água aos clientes sem nenhum custo;
- Já consumir bebida alcóolica em lugares públicos (parques e praias) é proibido. As bebidas alcóolicas só podem ser compradas em casas especializadas;
- Se você se molhar numa chuva ou lavar uma roupa e, por descuido, deixar no bolso dinheiro, não se preocupe. As notas na Austrália são feitas de uma espécie de papel plástico.
- É multado não só o motorista infrator, como também o pedestre que atravessar a rua com sinal vermelho ou fora da faixa própria.
Finalizando essa série de informações, o doutor disse:
- Uma notícia que não seria do agrado da ministra Damares Alves é a seguinte: no estado de Victoria, cuja capital é Melbourne, é proibido usar calça rosa, nos domingos após o meio dia. Mania de tradição inglesa.
Ao final desse brilhante relato, Eleutério perguntou:
- O senhor foi ao zoológico conhecer os cangurus?
- Não só os cangurus, como também outros animais típicos da Austrália, como a coala, o diabo da Tasmânia, o ornitorrinco, a equidna e o cisne negro. Quando vi o ornitorrinco, pensei que era uma brincadeira, que haviam costurado um bico de pato em um rato.
- Falando em canguru – falou Eleutério – sabe o senhor qual a origem da expressão?
- Não – disse o doutor.
- Quando a expedição do famoso Capitão Cooke aportou pela primeira vez na Austrália, isso em 1770, os marinheiros depararam com estranhos animais que davam saltos de até 10 metros de distância, com altura que chegava a 2,7 metros e cujas fêmeas tinham bolsas onde carregavam seus filhotes.
Curioso, o capitão perguntou a um nativo:
- Please, what’s the name of this animal?
Ao que o espantado aborígine respondeu:
- Kan Ghu Ru!
- Thanks a lot for the help – retrucou o capitão com sua fleuma britânica.
A partir de então, aquele animal foi chamado de “canguru”. Anos depois, os ingleses ficaram sabendo que, na verdade, “canguru” na língua nativa significava “não compreendo você”. Num acesso de ignorância, Sir James Cook tomou a expressão “não compreendo” como sendo o nome do animal.
P.S. Tenho recebido reclamações de Leiturinos dizendo que não conseguem fazer comentários no blog. Júlia Mara, por exemplo, disse: “Tentei fazer comentários em algumas postagens do blog. Entro com minha senha do Google, parece que vai sair, mas, depois, nada aparece... O Google está boicotando a gente”.
Uma pena isso acontecer, pois os comentários são motivos de grande alegria para mim. Aproveitando o ensejo, deixo aqui uma sugestão para que você também teste sua paciência com Dr. Google, fazendo um comentário. Quem sabe uma curiosidade sobre a Austrália?
Etelvaldo Vieira de Melo

PROPOSTA DE EMPREGO

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Belo Horizonte, 10/04/2019
Prezado Senhor.
Nosso Curso de Felicidade realça sobre os demais, devido à qualidade ativa. Para tanto, abarca o aviso do corpo físico e espiritual. Contempla, assim, a excelência desta solicitação.
Há dois mil anos, sucede conosco uma experiência de campo, consistindo em habilidade e competência no trato com as pessoas. Nesse aspecto, a conquista emocional dos interessados torna-se desafiante, pois abraça todas as áreas do saber saboroso. Origina-se, aí, nosso constante envolvimento afetivo com raças e etnias no tema Liberdade, a que nos destinamos.
Urge que acionemos um processo de consciência interativa até à culminância.  Sabe-se que Indivíduo, Povo, Nação, deveriam acoplar-se no mesmo objetivo de União pela Paz. Por conseguinte, a lógica de nosso sucesso aqui inclui operações junto ao Governo Federal e autoridades competentes. Em tal mister, possuímos pendor e longevidade, principalmente contatando os elementos matemáticos Justiça vezes Civilização menos Individualismo.
Cioso do futuro, adequamo-nos perfeitamente a relacionamentos de qualquer natureza, desde que não firam preceitos de cultura, raça, fé. Em nosso métier, Europa, França, Bahia, constituem seara de educação, saúde, segurança, há muito plantada e colhida, sob os auspícios da fluência em idiomas e costumes locais. Somos versado em Banto, Tupiniquim, Descontração. Agora, prosseguimos nos estudos da matéria Paz, linguagem ampla de intercurso global.
Consideramo-nos estabilizado na área Sensibilidade. Entretanto, visamos à abertura e dilatação de infinitos intercâmbios. Adquirimos conhecimento e habilidades, entre guerra e ódio abismais, durante quinze estações. Ousamos um dia ali merecer saldo positivo no perdão, tenacidade, entusiasmo. A elevada penúria humana incita-nos a procurar, doravante, recursos mentais, a fim de melhor trabalhar. É por esse motivo que escolhemos apresentar-nos a V. Sa, certo de encontrar apoio na trajetória terrestre, até o completo entendimento do vocábulo Amor.
Aproveitamos o ensejo para agradecer-Lhe a estima e consideração quando colocamos esses Planos sob Sua frondosa mão.
Atenciosamente,
Jesus Filho da Cruz
Graça Rios

FUTEBOL COM POESIA

Ivani Cunha

REINVENTANDO A TEORIA DO PUXA-SAQUISMO

Resultado de imagem para desenhos de puxa-saco


Em tempos de “vacas magras”, aceitando até mesmo falar de cultura inútil, vi numa página da Internet que determinado apresentador e dono de emissora de TV havia feito uma repaginada no visual, escurecendo o cabelo, entre outras lanternagens. Quem deu a notícia foi a filha, postando foto no Instagram, dizendo:
- Que acharam do novo visual de papai? Ameeeiii... Ficou gatão.
Vários artistas e apresentadores da emissora curtiram a foto, fazendo elogios (Lindo! Fofo! Legal! Bacana!). Feito fogo em capim, a notícia se espalhou entre internautas, merecendo vários comentários embevecidos.
Isto me fez lembrar aquela velha - mas sempre atual – piada.
O tremendo puxa-saco diz ao patrão:
- O senhor sabia que só adoro duas pessoas no mundo?
- Claro, com certeza sua esposa e seu filho...
- Errou. A primeira pessoa é o senhor!
- Obrigado! E quem é a segunda?
- Quem o senhor indicar!
A propósito dessa anedota, quero dizer que sempre evitei usar o termo “puxa-saco”, por considerá-lo chulo, vulgar. Entretanto, como nos tempos modernos proliferam expressões bem mais escabrosas, ele até que se tornou simples, banal, quase inocente.
Pensando sobre seu sentido original, pergunto a mim mesmo: - Que “saco” é esse que alguém se dá ao trabalho de puxar? Se for “aquele” ao qual é frequentemente associado (“escroto”, vamos dizer logo), devemos também dizer que não se trata de algo agradável, muito pelo contrário. Eu, por exemplo, nunca haveria de querer alguém puxando o meu. Imagina, então, o suplício que deve passar o sujeito para quem “o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”! Coitado, vai ficar sem o seu!
Pelo que percebo, há qualquer coisa errada com a expressão, mesmo porque ela é usada indistintamente para homens e mulheres, e sabemos que possuir “aquilo” não é atributo das mulheres (mas até que pode ser, se considerarmos as transexuais e eu não estiver de todo enganado).
Confuso, perdido em divagações, fui atrás da origem do termo, querendo resgatar seu sentido verdadeiro.
Depois de uma pesquisa superficial, encontrei a seguinte explicação: o termo “puxa-saco” teria surgido nos quartéis. É que os soldados rasos eram obrigados a carregar o saco dos suprimentos próprios e também o de seus superiores hierárquicos, nas rotinas diárias e nas saídas a campo de provas.
Segundo tal explicação, o termo tem um sentido impositivo, como se fosse uma provação, um castigo, bem longe da maneira como é entendido hoje em dia.
Aventurando a uma explicação mais aprofundada, encontrei essa outra:
Em janeiro de 1808, estando Portugal passando por um momento de turbulência, ameaçado de ser invadido por tropas de Napoleão Bonaparte, D. João VI (que, mais tarde, em pleno século XX, haveria de se tornar nome da avenida principal do bairro onde moro) decidiu se mandar para o Brasil, trazendo a reboque toda a corte lusitana. Os que ficaram em Portugal sobreviveram a duras penas.
Entre os desafortunados, que não puderam pegar carona nos navios que zarpavam de Lisboa, estava Manoel Simplício da Silva Sansevero Barreto de Todos os Santos.
O Manoel, Maneca, era um jovem de 16 anos, raquítico, que, não obstante mancar de uma perna, tinha que trabalhar, sendo arrimo de família, responsável por sustentar a mãe e seis irmãos menores.
Maneca trabalhava no cais do porto da cidade do Porto. Tinha que arrastar sacos cheios de mantimentos, que eram descarregados dos navios para serem transportados por carroças até os mercados da cidade. Os colegas se condoíam de Maneca e o ajudavam a arrastar os sacos. Muitas vezes formavam correntes, cordões, com os sacos sendo puxados, passando de mão em mão. Pessoas até mesmo estranhas se juntavam aos colegas, fazendo com que o cordão dos puxa-sacos cada vez aumentasse mais.
A história de Maneca, com seu termo “puxa-saco”, atravessou o oceano, chegando ao Brasil. No entanto, durante a travessia, o termo foi muito jogado pelas ondas, de lá para cá, de cá para lá, ficando totalmente desfigurado de seu sentido. A própria ideia de “saco” foi acabar no fundo do mar, e mesmo os sentidos de apreço e solidariedade, que eram associados com o termo, acabaram desaparecendo. O que aqui chegou foi só o sentido deturpado de bajulador, baba-ovo, chaleira, lambe-botas.
Quanto ao caso do cordão dos puxa-sacos, teve também seu sentido deturpado, por uma marchinha carnavalesca de 1945:  Lá vem O cordão dos puxa-sacos / Dando vivas aos seus maiorais / Quem está na frente / É passado pra trás / E o cordão dos puxa-saco / Cada vez aumenta mais / Vossa Excelência / Vossa Eminência / Quanta reverência / Nos cordões eleitorais / Mas se o “doutor” / Cai do galho e vai ao chão / A turma toda evolui de opinião / E o cordão dos puxa-saco / Cada vez aumenta mais...
Leiturino, este blog, você está vendo, é pura cultura, mesmo que seja pura cultura inútil.
Etelvaldo Vieira de Melo

A CONTRARIO SENSU

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Durante a Idade Média pensavam que a Terra era reta.
Os oceanos precipitavam-se no espaço.
*Presentemente, sabe-se que estavam redondamente enganados.
Galileu Galilei desviou de ser torrado, negando que o planeta girava em torno do sol.
*Hoje, todos sabem tudo sobre estrelas, satélites, asteroides, movimentos.
Marie Curie (1867-1934), cientista polonesa, lutou até descobrir e isolar os elementos químicos polônio e rádio. Foi a primeira mulher ganhadora do Prêmio Nobel de Física.
*Agora, Química e Física são elementos das histórias infantis.
A teoria da relatividade de Einstein afirmou que nada viajará na velocidade da luz.
*Nossa tecnologia aboliu distância e tempo entre os universos,
mas nada pôde ainda ressuscitar o bebê de Rosimary.
Graça Rios

CARTUM DA POSTURA

Nos campos de futebol ou na granja, um verbo que sempre rola, mas apenas no segundo caso ele é da gema...
Ivani Cunha

PREVIDENTE COM A PREVIDÊNCIA

Tchu Thuca
Imagem: humorpolitico.com.br
O presente texto passava por uma necessária hibernação de, no mínimo, sete dias, quando foi violentamente despertado por uma dupla denominada “Tigrão e Tchutchuca”. É tão somente por esse motivo que ele está aqui, antecipando-se a outro, “Reconstruindo o Puxa-Saquismo”, que promete estar com vocês na próxima semana. Pedimos desculpas por essa alteração de programa.

Todas as pessoas que dizem entender do assunto, inclusive as aparentemente sérias e honestas, falam que o Brasil quebra de vez se não fizer a reforma da Previdência.
Diante de tanto alarido, sou tomado pela angústia e pelo sentimento de culpa por pensar diferente, por considerar que uma simples reforma nos moldes propostos não será capaz de consertar os rumos do país, evitando a quebradeira.
Ignorante desse e de tantos outros assuntos, sei, no entanto, que a Previdência, na sua configuração atual, é um sistema solidário, dispondo de financiamentos que vão além da contribuição de patrões e empregados. Na conjuntura dos últimos tempos, tem acontecido desses outros financiamentos serem desviados para outros insondáveis, tenebrosos fins. Daí, a conta não fechar; daí, o meu desassossego vendo pessoas alardearem uma coisa que não corresponde à realidade dos fatos.
Eu, leigo em Economia, que não consigo enxergar valores acima de 50 mil, pressinto que, mesmo ocorrendo uma reforma da Previdência nos moldes propostos por esse governo ultraliberal, se não for precedida de uma reforma tributária, vamos assistir a uma contenção de um lado, enquanto que, de outro lado, continuará existindo um rombo colossal.
Todos sabemos: sonegar é a regra neste país; até o presidente da República disse ser adepto de tal prática ("Sonego tudo o que for possível", disse ele em 1999). Sendo assim, não quero acusar ninguém, muito menos aqueles “peixes” pequenos, mesmo porque os grandes sonegadores, os “tubarões”, estão aí, todos os dias, aprontando das suas, sonegando bilhões, além de serem frequentemente premiados com exoneração fiscal. Sem querer dar razão aos lambaris e aos tubarões, é preciso reconhecer que o Estado brasileiro tem uma fome voraz para arrecadar, enquanto sua prestação de serviço é medíocre. Com isso, todos fogem, enquanto podem, de seus serviços de educação e de saúde.
Se não acuso ninguém, por outro lado não posso concordar com uma reforma da Previdência que, pelo visto, irá penalizar ainda mais os menos favorecidos. Cem reais que você tira de um assalariado representa muito mais do que cem reais tirados de um empresário, de um político, de um juiz ou de um general do Exército. Se todos deverão dar sua cota de sacrifício para a reforma, não tem sentido, por exemplo, os militares ficarem isentos, mesmo que eles usem fardas e disponham de poderosas armas. São palavras do cientista político Luciano Dias: “Se patriotismo decidisse alguma coisa, militares não estariam contribuindo só com 7% da reforma da Previdência”.
O ministro da Economia conclama todos ao sacrifício. Sabemos que a aposentadoria se dará pelo sistema de capitalização, através da contribuição do empregado (com Estado e empregadores sendo desonerados). Toda pessoa de bom senso não aceita essa ideia. Até mesmo o presidente do Congresso, Rodrigo Maia, pondera: “Duvido que ele (o regime de capitalização individual da previdência) consiga assegurar o sustento do trabalhador, porque a renda do brasileiro é baixa”.  Diante disso, também pergunto: - Quem irá administrar esse fundo financeiro, essa capitalização?
Você está me dizendo que serão os Bancos privados? Coitados! Eu não sabia que eles seriam convocados para mais esse sacrifício, eles que sempre abrem mão do lucro em favor de nossa pátria amada, idolatrada, salve, salve! O amor desses banqueiros pelo Brasil é tamanho, o interesse deles em salvar a pátria é tanto que, estou sabendo, estão fazendo lobby no Congresso para que a reforma saia logo. Estão impacientes para darem sua cota de sacrifício!
No desfecho destas considerações, resta dizer o seguinte:  - Se a reforma da Previdência é a panaceia que irá nos salvar, que ela venha em termos justos e que não seja um simples remendo num tecido já de todo corrompido e podre.
E outra coisa, digo mais: - Os pobres deste país estão cansados de promessas mentirosas. Tempos atrás, diziam, por exemplo, que era preciso deixar o bolo do progresso crescer para que, depois, ele fosse dividido entre todos. O que parece é que esse bolo cresceu, cresceu, alguém comeu, comeu, e ninguém viu.
Etelvaldo Vieira de Melo