Primeira
parte.
Primeiro
sinal.
O serial
killer, escondido no escuro, espera a moça atravessar o quarteirão.
(Desdêmona
sofre súbito insight mortal. Otelo, o Mouro de Veneza, provará sua inocência?
No filme, não.).
Grita,
donzela! Grita.
Os acusados
se desligarão da tevê? É caso de dolo? Corrupção política? Explosão em Banco de
Dados?
Segunda
parte.
Segundo
sinal.
O assalto
revela vários tiros seguidos de estupro.
Projéteis
ignoram quem é vítima? Quem seria serial: Lady Gaga? Shakira?
Brad Pitt?
Nelson Rodrigues? Pixinguinha?
(Attention,
pay attention! Moradores próximos ao crime já descem de elevador.
Colega de
transmissão, por que subiram logo em seguida? Envolvimento policial? Ameaça de
processo jurídico? Abuso sexual de atriz americana?).
Terceira
parte.
Último
sinal.
Enfim,
DEENDA a peça com alguém da plateia lavando as mãos.
Será Lady
Macbeth? O Corcunda de Notre Dame? A Dama e o Vagabundo?
A minute,
please! A morta sem espelho (cadáveres nunca têm a imagem refletida em superfícies
cristalinas); a morta sai no camburão, vestida de noiva.
Pessoal do
som, seguir o roteiro. Após a derradeira cena, comparecer à delegacia para
denunciar nossa produção por crime de peculato.
FIM.
Graça Rios
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