Quem quiser ser um cronista no mínimo razoável precisa sair, conhecer
pessoas e novos lugares; caso contrário, estará falando sempre o mesmo das
mesmas coisas. Este foi o conselho que Eleutério S.J. ouviu do amigo J.D. Vital.
Uma vez ou outra até que Eleutério sai, indo fazer suas tradicionais
consultas médicas. Na sua lista, algumas especialidades são regulares,
“marcando ponto” pelo menos uma vez ao ano: cardiologia, oftalmologia,
otorrinolaringologia (está aí uma das vantagens de se dizer as coisas por
escrito em vez de oralmente) e urologia. Para essa última vale a máxima “nunca deixe para amanhã o que poderá fazer,
talvez, depois de amanhã”, isto é, Eleutério vai adiando, “empurrando com a
barriga” (expressão cuja origem preciso investigar).
Hoje, foi nosso amigo fazer uma consulta com o doutor oftalmologista,
famoso, conhecido internacionalmente - segundo suas próprias palavras, de
muitos títulos (títulos que ele espalha pelo consultório em formatos de quadros
de diplomas e honrarias).
Empenhado em encontrar subsídios para suas crônicas, Eleutério não
pensou duas vezes para puxar a língua do doutor, ele que gosta de contar casos
e arrastar/arrotar um pouco de vantagem.
Da consulta em si, Eleutério ficou sabendo que sua visão não está 100%,
que tem um princípio de catarata, tudo coisa da idade, a que ele deve se
conformar. Quanto à dificuldade em fixar a vista para o que está perto, ela
pode ser resolvida com um colírio lubrificante, com o doutor oferecendo, graciosamente,
duas amostras grátis.
Para assuntos outros, bastou a pergunta “E aí, doutor, tem viajado muito?” para que esse destravasse a
língua.
- Acabei de chegar da Austrália. Estive em Melbourne, onde participei
de um congresso.
A partir daí, a conversa girou em torno de informações turísticas.
Assim, Eleutério ficou sabendo que:
- Melbourne, já há 7 anos, está em primeiro lugar entre as melhores
cidades do mundo para se viver;
- Ali, qualquer restaurante ou bar é obrigado a oferecer água aos
clientes sem nenhum custo;
- Já consumir bebida alcóolica em lugares públicos (parques e praias) é
proibido. As bebidas alcóolicas só podem ser compradas em casas especializadas;
- Se você se molhar numa chuva ou lavar uma roupa e, por descuido,
deixar no bolso dinheiro, não se preocupe. As notas na Austrália são feitas de
uma espécie de papel plástico.
- É multado não só o motorista infrator, como também o pedestre que atravessar
a rua com sinal vermelho ou fora da faixa própria.
Finalizando essa série de informações, o doutor disse:
- Uma notícia que não seria do agrado da ministra Damares Alves é a
seguinte: no estado de Victoria, cuja capital é Melbourne, é proibido usar
calça rosa, nos domingos após o meio dia. Mania de tradição inglesa.
Ao final desse brilhante relato, Eleutério perguntou:
- O senhor foi ao zoológico conhecer os cangurus?
- Não só os cangurus, como também outros animais típicos da Austrália,
como a coala, o diabo da Tasmânia, o ornitorrinco, a equidna e o cisne negro.
Quando vi o ornitorrinco, pensei que era uma brincadeira, que haviam costurado
um bico de pato em um rato.
- Falando em canguru – falou Eleutério – sabe o senhor qual a origem da
expressão?
- Não – disse o doutor.
- Quando a expedição do famoso Capitão Cooke aportou pela primeira vez
na Austrália, isso em 1770, os marinheiros depararam com estranhos animais que
davam saltos de até 10 metros de distância, com altura que chegava a 2,7 metros
e cujas fêmeas tinham bolsas onde carregavam seus filhotes.
Curioso, o capitão perguntou a um nativo:
- Please, what’s the name of this animal?
Ao que o espantado aborígine respondeu:
- Kan Ghu Ru!
- Thanks a lot for the help – retrucou o capitão com sua fleuma
britânica.
A partir de então, aquele animal foi chamado de “canguru”. Anos depois,
os ingleses ficaram sabendo que, na verdade, “canguru” na língua nativa
significava “não compreendo você”. Num acesso de ignorância, Sir James Cook tomou
a expressão “não compreendo” como sendo o nome do animal.
P.S. Tenho recebido reclamações de Leiturinos dizendo que não conseguem
fazer comentários no blog. Júlia Mara, por exemplo, disse: “Tentei fazer comentários em algumas postagens do blog. Entro com minha
senha do Google, parece que vai sair, mas, depois, nada aparece... O Google
está boicotando a gente”.
Uma pena isso acontecer, pois os comentários são motivos de grande
alegria para mim. Aproveitando o ensejo, deixo aqui uma sugestão para que você
também teste sua paciência com Dr. Google, fazendo um comentário. Quem sabe uma
curiosidade sobre a Austrália?
Etelvaldo Vieira de Melo
2 comentários:
Bom, da Austrália conheço o canguru e o demonio da Tasmania, pois assisto muitos desenhos(risos). Amei a história do nome do canguru. Gostei de Melbourne.
MÁRCIA COSTA
Brasil está entre os países com maior fuga de milionários e Austrália está nas preferências. Por falar em milionários a Mega-Sena acumulou. Quem sabe? Porque por aqui Eleotério, as coisas não estão cor de rosa.
Postar um comentário