SO-CORRER


A vida assim eu vejo

Feito o cão que caça um gato

Que corre atrás de um rato

Que quer abocanhar um queijo.

 

A vida também é assim:

eu corro atrás dela

enquanto algo sombrio

corre atrás de mim.

 

É a morte?

Pode até ser

mas nessa correria

nem tenho tempo pra ver

 

se é minha sombra

se é a felicidade

a se oferecer.

 

Com tamanha desdita

a nos atormentar

melhor ser o queijo

que nada tem a procurar.

 

Ou terá?

Teria

se pudesse do rato correr.

 

Corre o queijo do rato

que corre do gato

que corre do cão.

 

Corro da morte

corro da sombra

corro da sorte

 

corre a vida em ilusão.

 

Etelvaldo Vieira de Melo



3 comentários:

Vicente de Melo disse...

Como seu leiturino, quero dizer que seus poemas são muito bons. Esta mescla de crônica e poema faz um belo casamento. Libere mais o seu talento poético...

Anônimo disse...

Que nessa corrida a felicidade esteja sempre a seu lado.
Adorei esses versinhos.
Paulo Sérgio

Anônimo disse...

Linda, meu García Márquez.
Ultimamente eu corro é da mulher... Oh bicho bravo!
Abraços.
Santiago

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