Em tempos pretéritos mais
que imperfeitos, quando autoridades de outros países visitavam o Brasil,
notadamente dos Estados Unidos da América, acontecia da comitiva presidencial
se trancar com as autoridades tupiniquins em Brasília, enquanto a primeira-dama
partia em missão de marketing, visitando favelas e aglomerados, fazendo um
agrado aqui e outro ali, a imprensa se deliciando e documentando tudo, enquanto
fumaças escuras saíam dos prédios dos ministérios e gabinetes da capital federal.
Isto me faz lembrar um fato
ocorrido há tempos em minha residência. Nosso quintal foi visitado por um bando
de saguis, uma das espécies de mico. O sagui é um animalzinho simpático, capaz
de despertar sentimentos paternais ou maternais até mesmo em corações empedernidos
(Está aí uma das ‘100 Palavras Exóticas Que Você Deverá Pronunciar Um
Dia’). Sendo que meu coração não chega a ser tão empedernido, tratei de
desligar a cerca elétrica e até pensei em oferecer aos amáveis macaquinhos uma
banana como presente de boas-vindas.
Os saguis saltaram do
telhado de um quartinho para um pé de jabuticaba; enquanto uns ali permaneciam,
olhando para a gente com seus olhinhos assustados, outros pularam dali para um
pé de lichia e, dali, para o telhado da cozinha. Em seguida, todos rumaram para
o telhado da varanda, sumindo na rua, logo depois.
Conversando com minha
esposa sobre a simpatia daqueles animaizinhos, olhei distraído para a gaiola
onde ficava um canário belga. Falei:
- O belga está sumido!
Aproximei-me e só vi penas
espalhadas pelo piso... Ali estava o resultado de tantos gracejos e olhares
encantadores. Meu belguinha de estimação já era.
Os fatos da vida se prestam
a diferentes análises, dependendo das circunstâncias. A história dos saguis,
agora, me faz lembrar o presidente da república que temos aí.
Desde quando despontou no
cenário político como candidato, não sei se de forma espontânea ou planejada,
Bolsonaro passou a ser chamado de MITO. De minha parte, sempre achei que as
pessoas que acreditavam nele estavam era pagando MICO.
Os bolsominions pagam mico
e Bolsonaro se comporta como mico. Nos seus três anos de (des)governo, não tem
dia em que ele não faz uma provocação, não agride alguém, não solta um
palavrão, não fala uma mentira, ou seja, não faça uma macaquice. Com isso, ele
consegue desviar a atenção de sua absoluta incompetência e irresponsabilidade
enquanto governante de uma nação. Economistas afirmam que o próximo presidente,
a ser eleito em 2022, receberá um país destroçado.
Enquanto Bolsonaro faz suas
macaquices, que só faz rir os de sua espécie,
desviando a atenção das pessoas dos problemas do país, temos muita gente
se dando bem e enchendo as burras de dinheiro: o agronegócio ganhando como
nunca com o dólar lá nas alturas (e alimento faltando na mesa do brasileiro),
militares faturando um extra em cabides públicos [Petrobrás: R$260.387, EBSERH:
R$59.808, Correios: R$77.348, FINEP: R$69.477, Casa da Moeda do Brasil:
R$71.836, INFRAERO: 71.987... e por aí afora (Obs.: juntando as remunerações da
Estatal e de Militar)], líderes religiosos - atolados em dívidas de multas –
contando com anistia para suas falcatruas. (As igrejas não pagam imposto no
Brasil. No entanto, elas acumulam R$1,9 bilhão em débitos inscritos na Dívida
Ativa da União (DAU), por conta de atuarem como empresas, pagando, por exemplo,
bônus de arrecadação para pastores, atrasos e sonegação de impostos e
obrigações ligados à folha de pagamento de seus funcionários, como
contribuições previdenciárias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
imposto de renda retido na fonte e multas trabalhistas. Em 2020, elas já foram
beneficiadas com um perdão de dívidas concedido sob a bênção do presidente Jair
Bolsonaro (R$450 milhões atualizados). Agora, querem mais, só R$1,9 bi.)
É por essas e outras que
militares proclamam, orgulhosos: - Brasil, Pátria Amada!; empresários do
agronegócio ressoam: - Brasil acima de todos!, enquanto líderes religiosos
completam: - Deus, acima de tudo!
E Bolsonaro em tudo isso? -
pode você perguntar. Não sei o que acontece, mas a família já demonstrou no
passado extrema competência em amealhar fortunas com o esquema das
‘rachadinhas’...
Uma última parte daqueles
que devem estar satisfeitos com o atual desgoverno é ocupada por psicopatas, de
gente que adora ver sangue, que se sente bem com arma na mão, vendo ‘comunista’
levar tiro no meio do peito.
Falando em burras, existe
uma fábula de Esopo contando de um burro que se cobriu com uma pele de leão.
Com isso colocava em fuga homens e rebanhos. Até que soprou uma rajada de
vento, a pele se despegou e o burro ficou nu. Então, todos acorreram e o
surraram com varas e cacetes.
Fica a esperança de que as
próximas eleições sejam uma rajada de vento, colocando a nu Bolsonaro. A não
ser que o Brasil seja de fato uma república de bananas, um circo, onde
Bolsonaro desponta como macaco, um mico, e os brasileiros não passem de
verdadeiros palhaços.
Etelvaldo
Vieira de Melo
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