EDUCAÇÃO: LUGAR EM QUE OS POLÍTICOS SE TORNAM "CÉSARES"

 

“É preciso escrever o pouso do mesmo modo que se escreve o voo.”

(Michelin Verunschk) 

Um fato chama particularmente a atenção: a Secretaria de Educação de Minas exige, a partir de 2023, que os professores estaduais cumpram seu cargo em apenas um turno. De início, importa reconhecer que o salário de um(a) professor(a) é insuficiente para as despesas mensais. É necessário dar aulas em outra escola ou assumir outro trabalho. Isso sem considerar as condições mínimas para um bom desenvolvimento das atividades pedagógicas. “E agora, Zema”? Você vai cumprir a lei que exige o piso salarial para os professores estaduais? Essa é uma lei. Cumprir a carga horária em um só turno é lei? Consta em qual regimento? Onde foi publicada e em que ano? Mas, olhando a situação atual, por que um(a) professora(a) que concluiu o mestrado, doutorado, especialização ou pós-graduação lato sensu começa a ter aumento salarial (insignificante) somente depois de cinco anos? Trata-se da “soberania da vontade”, como se os governantes pudessem fazer não o que “deve ser feito”, mas o que querem? E a contrarreforma do Ensino Médio, com a Lei 13.415. de 15 de fevereiro de 2017, tendo como eixo a obrigatoriedade de somente duas disciplinas, Língua Portuguesa e Matemática? É um modelo “Uber da educação”?

O esvaziamento do respeito para com a educação move-se por muitos impulsos voluntários. O termo “ideologia”, por exemplo, passou a ser usado ad nauseam para acusar e deslegitimar autores clássicos no campo educacional, como Paulo Freire. Assim, o problema da educação brasileira teve um “bode expiatório” – o marxismo cultural e a ideologia que trata de gênero, diversidade, direitos humanos, inclusão. Esta era/é a explicação satisfatória e tornou-se uma cadeia ditada para a moral e os bons costumes. Pergunto: A resposta está em “homens devem vestir azul e mulheres rosa”?

Onde está o pouso da educação? Como alçar outros voos para a formação das novas gerações? A reflexão não pode ficar à margem da vida nem à margem da escola. Um aspecto importante neste sentido é reconstituir com relevância o trabalho docente. O ofício docente comporta várias atividades, práticas e sentidos. O(A) professor(a) do século XXI não pode ser ancorado em reducionismos.

(Prof. Mauro Passos)

RECO


 

Meu pai,

staccato no Partenon

(do grego, ‘quarto de mulher virgem solteira’)

tomava a cítara indiana,

tateando pele-pele as cordas de acompanhamento.

Deitava-a, nua deusa, em almofada acetinada:

preparo de festival Delia amplificado.

Gesta mão virtuose corria a cravelha de afinação,

abria a boca de ressonância. Provava-lhes a carne.

Beijava sua fabril febril face.

Elevava, após, o magro mago corpo da caixa

de ressonância, ajustando nela tal volúvel corpo

de Vênus.

Ávaro abraço enlaçava aço fácil a cabeça

glamourosa d’amour.

Oh, meu mel fel.

 

2

 

Sobre o braço decorativo da mesa de jantar,

inclina-se hora agora

O Pai.

Asma fantasma!

Dedo médio unha munha cinco cerdas melódicas

zangadas.

Após quatro pausas, rasa asa pousa revel

num dó Maior.

Só o olho - corvo - pranteia

arqueia-me em fátuo lá:

- Ai, Ceres louçã

ilha filha da lira,

se eu pudesse...

Poderia?

Graça Rios


TEMPO DE VIVER

 
Imagem: Pinterest

“Antes do início e depois do final, tudo é sempre o agora.” - T.S.Eliot -

Na vida, o Tempo é tudo. Há tempo em que o Tempo sobra, tem muito tempo; há outros em que ele é pouco, e há aquele em que ele não existe mais. Então, a vida também deixa de existir porque o Tempo passou.

Por causa de sua importância diante da fragilidade da vida, ele é o pano de fundo dos dramas e das tramas do existir. Assim, a Literatura fala de “Em Busca do Tempo Perdido”, do “Tempo e o Vento”; a Música lembra “o Tempo que se rói com inveja de mim”, “o Tempo que passou na janela, mas a menina não viu”; o Cinema, já nos Tempos de antigamente, falava dos “Tempos Modernos”, enquanto a ficção científica desvenda medos e anseios do ser humano diante do mistério do Tempo que virá. 

A Religião fala que existe o “Tempo para plantar e o Tempo para colher”; é ela a armadura com que muitos se revestem diante da ameaça do Tempo.

Pensando o Tempo, invariavelmente somos assaltados por terríveis questões:

⌛∞ O Tempo é imutável ou ele passa?

⌛∞ Não somo nós que passamos diante do Tempo?

⏳∞ Ficamos velhos diante do Tempo ou será o Tempo que envelhece aos nossos olhos?

⏳∞ Os Tempos são muitos ou são uma coisa só?

⏳∞ Se todo o Tempo é eternamente presente, todo o Tempo é irremovível. Removíveis seremos nós, diante da irreversibilidade do Tempo?

⏳∞ Sendo o Tempo eternamente presente, podemos falar de fim, início e meio? Em fim dos tempos? Em princípio, onde tudo era caos?

⏳∞ Pode uma coisa existir sem o Tempo que a está medindo? Ou será o Tempo a medida de tudo?

⏳∞ Quando da passagem de ano, damos adeus ao Ano Velho e fazemos votos de um Feliz Ano Novo. Está certo isto? O ano que ficou para trás não é ele mais novo do que o ano que nasce já mais velho?

⏳∞ Quem diz que o Tempo é o Senhor da Razão? Não é o Tempo prova da irracionalidade e do provisório da vida?

⏳∞ A representação de Deus, como um Ser Onisciente, Onipresente e Onipotente, não é ela uma descrição do Tempo? Quem, além do Tempo, se faz presente junto aos fatos que aconteceram, que acontecem e que haverão de vir?

Apresenta o Tempo diferentes aparências: ora, faz ares de inocência; ora, faz de conta que é indiferente; tem momentos em que enseja alegria e risos, em outros, ocasiona lágrimas e dores. No fundo, seu verdadeiro rosto é assustador e angustiante, quando é Tempo derradeiro.

Presente para quem fica, o Tempo é despedida para quem vai embora. Ir embora é ir em boa hora? Alguém poderá dizer que o Tempo lhe é favorável? Alguém poderá garantir que haverá um novo Tempo para quem vai embora?

Como bem disse alguém, a vida é feita dessas contradições: quando criança, temos pressa para crescer, e, depois, choramos pela infância perdida; durante muito tempo, perdemos saúde e tempo para ter dinheiro, e, depois, perdemos dinheiro para ter saúde e tempo; pensamos com ansiedade no futuro e esquecemos o presente, mesmo assim não vivemos nem o presente e nem o futuro; vivemos como se nunca fôssemos morrer e morremos... sem nunca termos vivido!

O relógio e o calendário são invenções para marcar o Tempo. Sem eles, há o risco das pessoas se perderem no Tempo, o que seria muito desagradável, um verdadeiro contratempo, com a História – registro da ação humana ao longo do Tempo – sendo um novelo onde se perde o fio da meada.

O espelho também é uma maneira de marcar o Tempo. Alguém disse que ele também não deixa de ser uma punhalada no coração.

Voltando a falar em relógio, quero adquirir um, daqueles de bolso, analógico, movido à corda. Todo dia, pela manhã, eu irei dar corda a esse relógio. Será uma maneira de renovar meu compromisso com a vida e de ter o controle do Tempo (ilusório, bem sei), do Tempo do meu viver.

Etelvaldo Vieira de Melo


GHOST 10 GOSTO

 
Imagem: br.freepik.com

Ouço o piano
soando na noite
piano piano nos

refúgios da mente
onde dormem águas
crisálidas de pétalas/hora.

Ó formas alvas
traindo
mori memento.

Ouço piano piano
latente túrgida
lembrança.

Ano após ano,
espinho-me
ai, ardume.
Graça Rios

QUE EXAGERO!

 

Avercílio da Granja já chegou ao ponto de concordar com o compositor, quando diz: “Ando devagar e levo este sorriso, porque já sofri demais”. Em outras palavras, ele se sente mais pra lá do que pra cá. Uma vez ou outra, esbarra num contratempo, que lhe acarreta dor ou aborrecimento. No geral, entretanto, ele se sente bem disposto e toca a vida com bom humor.

   Daí é que brotou uma amizade com o vizinho Olestário da Niquinha, outro que sempre encontrava motivos pra rir de tudo, principalmente de si mesmo. É de Olestário aquela máxima que resumia sua opinião diante de qualquer situação:

   “É complicado...”

   Ultimamente, a situação tem andado complicada pro seu lado mesmo, com essa sua tirada servindo como luva para todos os dissabores que anda experimentando, sejam de natureza física ou decorrentes de aborrecimentos familiares. Embora já tenha colocado quatro safenas, o que anda lhe incomodando ultimamente é uma dor nas escadeiras que não tem ‘otopedista’ (ele fala desse jeito mesmo) que acerte num diagnóstico e num tratamento. Foi ele quem falou, em relatos passados, que havia a suspeita de que seu nervo ‘asiático’ estava afetado.

   Meses atrás, sentindo-se incomodado com uma dor de garganta, foi até a farmácia do bairro e, assim, perguntou pro balconista:

   “Por acaso você tem um comprimido bom para dor na goela?”

   O moço olhou pra ele, assustado, só se dando conta do pedido, quando Olestário passou a mão pelo pescoço.

   Voltando aos tempos presentes, por não estar se sentindo bem, ele tem evitado encontrar o amigo Avercílio. Este, assim que foi possível, não deixou passar uma reclamação:

   “Você precisa melhorar porque, falando de maneira egoísta, eu preciso de você, de sua amizade e de seu bom humor. Sem eles, fica difícil tocar em frente a vida.”

   De uns dias pra cá, aconteceu de Olestário dar uma aprumada, retomando seu humor ferino. Encontrando-se com Avercílio, ele falou esta:

   “Ouvir as pessoas falando que pescador é mentiroso me deixa muito aborrecido. O fato deles exagerarem um pouco, não significa que estejam faltando com a verdade. Veja você, caro amigo, o que aconteceu entre dois deles. Estavam conversando sobre a última pescaria que haviam feito.

   - E aí, compadre, pescou bastante? – perguntou um deles.

   - Não, compadre, não sei se foi porque a lua estava minguante, o certo é que só consegui pescar um peixinho.

   - E qual foi?

   - Foi um pacu, pesando uns 55 quilos.

   - O quêêê...? Você não tá exagerando não, compadre? Um pacu pesa, quando muito uns cinco quilos.

   - Pois esse estava pra mais de 55. Eu é que não tive a ideia de tirar uma foto como comprovatório de quem mata a cobra e mostra o pau. Minha máquina estava estragada. Mas e você, como foi de pescaria?

   - Pescaria de pegar peixe eu não fui bem, não. Mas eu consegui a façanha de pescar um lampião que meu tataravô havia perdido e meu avô e meu pai não se cansaram de procurar. Era uma relíquia de estimação e estava em perfeita condição, inclusive com o pavio aceso.”

   Antes que Olestário desse desfecho ao caso, Avercílio atalhou, dizendo:

   “Amigo, peço desculpas por estar cortando o seu caso, mas é que estou com um problema sério pra resolver. Tenho que ir até um hospital, fazer uma transfusão de sangue. Eu estava em casa ainda há pouco, feitorando uma reforma que os pedreiros estão fazendo lá na área, quando me dei conta de um baita de pernilongo mordendo o meu pé. Falei pra minha esposa: - Vai, Esleide, mata este danado, antes que chupe todo meu sangue! Esleide deu um tapa no meu pé e, imediatamente, uma poça de um litro de sangue se espalhou pelo chão. Daí, a minha urgência de resolver o caso, já que sinto minha vista turvada.”

“Um litro de sangue?” – perguntou Olestário, quase sufocando de tanto rir. 

“Está bem” – retrucou Avercílio. – “Eu tiro 999 ml de sangue, deixando só uma gotinha, a troco de você apagar a luz do lampião e tirar 50 quilos do pacu. Fica bom assim?” 

Etelvaldo Vieira de Melo


EINE KLEINE NACHT MUSIK


(PEQUENA MÚSICA PARA A NOITE)

Quando compôs essa música, Wolfgang Amadeus Mozart a encenou para os anjos. (Quando os anjos queriam homenagear a Deus, tocavam Bach; quando queriam se autoagradar convidavam Mozart). As notas afinadas criavam happenings musicais de uma doçura e um gosto de açúcares e cristais. A melodia levava o ouvido de uma onda a outra e caía num sus!tenido. O acorde convidava a beladormecer. Wolfgang trinava passarinhos e linhas pela mente e pelo corpo do anjo escutador. A harmonia exercia abelhinhas voando zibelinhas na pauta. Eram banjos são arranjos finíssimos grânulos de sal atrapalhando, com alegria, o tropel disparatado da morte.

Graça Rios


UM PASSEIO NADA BONITO

 

Vai Terebentina visitar sua irmã Abrilina na cidade de Bonito. Uma série de inconveniências se apresenta bem antes dela colocar o pé na estrada. Pé na estrada é força de expressão, já que eles, os pés, estarão sobre as rodas de um automóvel. 

Bonito é um lugar que faz honra ao nome, sendo reconhecido internacionalmente pelas águas cristalinas de seus rios. Lá se pratica o que chamam de ecoturismo. Como tudo ali é preservado, as muriçocas voam de braçadas, atacando impiedosamente aqueles incautos turistas que não se armam com repelentes. 

Foi isso que ocorreu e que vi com meus próprios olhos, quando atacaram o casal Flores das Laranjeiras, precisamente o marido, Florival Floriano. Sua esposa dava-lhe tapas e mais tapas. Ele reclamou:

- Florisbela, você está me batendo demais. Está doendo pra chuchu! - (uma expressão da qual não sei o propósito).         

A mulher alegou que era por causa das muriçocas. Entretanto, ficou no ar a suspeita de que os tabefes vinham por causa de outras razões. Os mosquitos funcionaram como pretexto.

(Se você quer uma desculpa para dar uns bons cascudos no seu companheiro ou companheira, fica aqui a sugestão para uma visita a Bonito. Lá, você poderá juntar o útil ao agradável.) 

As muriçocas e o risco que representam se constituem a primeira inconveniência para o passeio de Terebentina. Ela anda tão mirradinha, tão debilitada, que qualquer gotinha de sangue a menos pode lhe custar caro. Levando em conta essa razão, eu daria um veto à viagem. Entretanto, tem mais.       

Terebentina sofre de intestino solto, parece uma torneira que perdeu a bucha. Por isso, ela precisa tomar uns comprimidos de Imosec para segurar as pontas até chegar ao destino. O problema é que, às vezes, a dosagem passa da conta e Terebentina acaba ficando vários dias entupida, o que não deixa de ser outro inconveniente a marcar pontos contra a viagem.

Coroando essa série de riscos, fiquei sabendo que o motorista será o seu sobrinho Madurino Cruz. Não tenho nenhum reparo quanto as suas habilidades no volante, mas sei bem dos traumas de infância e adolescência que ele carrega e que podem, a qualquer hora, sem mais nem menos, explodir com consequências imprevisíveis.     

Até seus quinze anos de vida, Madurino sofria com enjoos quando viajava. Sei disso muito bem, pois estava ao seu lado, quando de um passeio a Resplendor.  Sabendo da facilidade com que ele “chamava o mico” (outra expressão da qual também não sei o propósito), sua mãe cuidava de lhe fornecer muitos limões para serem cheirados e muitos palitos de fósforo para serem mastigados (os donos da fábrica de fósforos “Fiat Lux” deveriam ficar rindo à toa nesses momentos, em decorrência do aumento das vendas). 

Nessa viagem a Resplendor, o transcurso foi feito à noite. Tínhamos que atravessar uma região montanhosa e o frio era intenso. Logo, Madurino fez o favor de escancarar a janela ao lado de sua poltrona, colocando o rosto para fora e recebendo aquela lufada de ar frio. Estava pálido, com um limão rente ao nariz, enquanto um palito de fósforo rolava na sua boca tal como uma bengala em mão de cego.

Tentando ser agradável, tentando amenizar-lhe a angústia ante a iminência de um vômito, puxei conversa, falando de coisas banais.

Pra quê! Madurino olhou-me com olhos enraivecidos, ao mesmo tempo em que dizia estas palavras duras, das quais não me esqueço até hoje:

- O senhor sabe muito bem que não gosto de conversa, quando estou viajando.

Junta tudo isso num liquidificador, as muriçocas, a debilidade de Terebentina, seu intestino solto, os imosecs, o trauma de infância de Madurino, ainda não terapeuticamente tratado, e veja se não tenho minhas razões para estar preocupado, se não estou certo em achar nada bonito essa viagem a Bonito.      

Caso considere isso pouco, fique sabendo que Madurino está levando também sua namorada, Dosolina Bubina. Como a relação deles anda instável, qual placa tectônica, é bem provável que ela utilize do pretexto das muriçocas para aplicar-lhe uns bons tabefes. Vai daí que, ao retornar da viagem, o trauma de infância de Madurino venha a eclodir, e ele, desorientado por causa de ter o rosto e o corpo cobertos de hematomas, ao invés de tomar o rumo das Minas Gerais, entranhe pelas terras paraguaias, sem hablar um tiquito de castelhano e com o estoque de Imosec da Terebentina zerado. Há o sério risco de termos vômitos pra tudo quanto é lado, pra cima, pra baixo, pros lados, na vertical, horizontal e na paralela. Eu é que não gostaria de estar pelas proximidades, embora uma visita a Ciudad del Este esteja entre meus sonhos de consumo.

Etelvaldo Vieira de Melo 

OBJETO PERDIDO

Imagem: Pinterest

Assenta-se ao piano. Enxuga as mãos sob o lenço.

“Apresentará uma peça de Ludwig Van Beethoven: Sinfonia número 3, ‘Heroica’, Fidelio, Obertura. Sua extensa duração possui forte apelo emocional próprio do Romantismo.” - anuncia o locutor.

- Por que a demora? Nossa virtuose virou penumbra?

Enfim, abre a partitura, corpo pulsátil: impasse básico de artístico drama nessa quase duradoura alucinação.

- O que houve?

- Silêncio!

Rápido, farta, deslisa os dedos sobre as teclas. Inicia-se.

No 1o movimento, Allegro com Brio, advém-lhe um gozo primordial. E o 2o movimento, Marcha Fúnebre: Adagio Assai, alcança a orgástica plateia em primeiro plus de preenchimento além. Nota-se certo gosto de cereja, flan, sonho. O Outro, assistente, não completo, barrado, ouve em si a vã tentativa de obturar o vago vão interior.

Algo indecifrável - um brilho, um Lá, o Finale Alla Fuga, - compõe as aparências. Há no ar certa busca do Infinito, contido na fantasia elucidativa da ausente concertista.

Graça Rios