“Antes do início e depois do final, tudo é sempre o agora.” - T.S.Eliot
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Na vida, o Tempo é tudo. Há tempo em
que o Tempo sobra, tem muito tempo; há outros em que ele é pouco, e há aquele
em que ele não existe mais. Então, a vida também deixa de existir porque o
Tempo passou.
Por causa de sua importância diante da
fragilidade da vida, ele é o pano de fundo dos dramas e das tramas do existir.
Assim, a Literatura fala de “Em Busca do Tempo Perdido”, do “Tempo e o Vento”;
a Música lembra “o Tempo que se rói com inveja de mim”, “o Tempo que passou na
janela, mas a menina não viu”; o Cinema, já nos Tempos de antigamente, falava
dos “Tempos Modernos”, enquanto a ficção científica desvenda medos e anseios do
ser humano diante do mistério do Tempo que virá.
A Religião fala que existe o “Tempo
para plantar e o Tempo para colher”; é ela a armadura com que muitos se
revestem diante da ameaça do Tempo.
Pensando o Tempo, invariavelmente somos
assaltados por terríveis questões:
⌛∞ O Tempo é imutável ou ele passa?
⌛∞ Não somo nós que passamos diante do
Tempo?
⏳∞ Ficamos velhos diante do Tempo ou
será o Tempo que envelhece aos nossos olhos?
⏳∞ Os Tempos são muitos ou são uma coisa
só?
⏳∞ Se todo o Tempo é eternamente
presente, todo o Tempo é irremovível. Removíveis seremos nós, diante da
irreversibilidade do Tempo?
⏳∞ Sendo o Tempo eternamente presente,
podemos falar de fim, início e meio? Em fim dos tempos? Em princípio, onde tudo
era caos?
⏳∞ Pode uma coisa existir sem o Tempo
que a está medindo? Ou será o Tempo a medida de tudo?
⏳∞ Quando da passagem de ano, damos
adeus ao Ano Velho e fazemos votos de um Feliz Ano Novo. Está certo isto? O ano
que ficou para trás não é ele mais novo do que o ano que nasce já mais velho?
⏳∞ Quem diz que o Tempo é o Senhor da
Razão? Não é o Tempo prova da irracionalidade e do provisório da vida?
⏳∞ A representação de Deus, como um Ser Onisciente,
Onipresente e Onipotente, não é ela uma descrição do Tempo? Quem, além do
Tempo, se faz presente junto aos fatos que aconteceram, que acontecem e que
haverão de vir?
Apresenta o Tempo diferentes
aparências: ora, faz ares de inocência; ora, faz de conta que é indiferente;
tem momentos em que enseja alegria e risos, em outros, ocasiona lágrimas e
dores. No fundo, seu verdadeiro rosto é assustador e angustiante, quando é
Tempo derradeiro.
Presente para quem fica, o Tempo é despedida
para quem vai embora. Ir embora é ir em boa hora? Alguém poderá dizer que o
Tempo lhe é favorável? Alguém poderá garantir que haverá um novo Tempo para
quem vai embora?
Como bem disse alguém, a vida é feita
dessas contradições: quando criança, temos pressa para crescer, e, depois,
choramos pela infância perdida; durante muito tempo, perdemos saúde e tempo
para ter dinheiro, e, depois, perdemos dinheiro para ter saúde e tempo;
pensamos com ansiedade no futuro e esquecemos o presente, mesmo assim não
vivemos nem o presente e nem o futuro; vivemos como se nunca fôssemos morrer e
morremos... sem nunca termos vivido!
O relógio e o calendário são invenções
para marcar o Tempo. Sem eles, há o risco das pessoas se perderem no Tempo, o
que seria muito desagradável, um verdadeiro contratempo, com a História –
registro da ação humana ao longo do Tempo – sendo um novelo onde se perde o fio
da meada.
O espelho também é uma maneira de
marcar o Tempo. Alguém disse que ele também não deixa de ser uma punhalada no
coração.
Voltando a falar em relógio, quero
adquirir um, daqueles de bolso, analógico, movido à corda. Todo dia, pela
manhã, eu irei dar corda a esse relógio. Será uma maneira de renovar meu
compromisso com a vida e de ter o controle do Tempo (ilusório, bem sei), do
Tempo do meu viver.
Etelvaldo Vieira de
Melo
1 comentários:
Ótima reflexão sobre o tempo!
Tempo q não espera...
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