UM MUNDO DE CORES INVENTADAS

 


Vem, Irmã Júlia, vem me proteger...

Vem correndo com o cordão do acolhimento.

Vem me mostrar de novo aquele caminho

onde a vida era feita de esperanças,

onde o tempo não contava.

Você que acreditava em coisas

que ninguém mais levava a sério.

Preciso muito dessa crença, Irmã Júlia.

Preciso de benevolência sem fim acabado.

Todos na porta gritando

enquanto a procissão do enterro passa

trazendo os mortos do cemitério com a caveira na mão.

É o dia das caveiras

que soltam fogo na bandeira das Folias de Reis.

O bastião dançando com a Irmã Júlia

enquanto Maria do Cerrado, aquela que se fazia de louca,

canta de Verônica na porta do cemitério sem defunto.

Viva a Folia de Reis!

Imagem: ouroverdemais
(Mauro Passos)

1 comentários:

Anônimo disse...

Saudosa " Irmã" Júlia, minha conterrânea, virou estrelinha há uns 15 anos, vítima da desassistência à Saúde Mental , assim como morrem agora! Católica fervorosa, muito pobre, com provável esquizofrenia que a transformou em freira sem nunca ter sido, a não ser nas suas próprias imaginações. Vestia-se à caráter com hábitos monocromáticos branco, azul, preto ou roxo, um de cada cor , de acordo com o ritual da igreja. Voz calma e doce, quase inaudível, andar sereno, quase flutuante! Sabia costurar
suas próprias vestes numa "máquina de mão"! Amiga de minha também finada mãe, que descansem em paz 🙏🏽.
Maria José

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